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A BALANÇA CÓSMICA – O número 2

10.00

Informação adicional

Peso370 g
ISBN

978-989-8994-00-4

Ano

2019

Edição

1

Idioma

Formato

110 x 180

Encadernação

Cartonada

N. Pág.

226

Colecção

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A Balança é o sétimo signo no círculo do Zodíaco. Por que razão há uma balança no céu e o que nos ensina ela? No meio da sucessão de criaturas vivas, seres humanos e animais, representadas no Zodíaco, só a balança é um objeto, mais exatamente um instrumento de pesagem, como se, com os seus dois pratos, ela mantivesse em equilíbrio os poderes da luz e das trevas, os poderes da vida e da morte. A Balança é precedida pela Virgem, uma jovem que tem na mão espigas de trigo, e seguida pelo Escorpião, um animal com um aguilhão venenoso, que pode matar. Esta oposição é ainda acentuada pelo facto de, na Balança, ser Vénus que domina, enquanto Saturno está em exaltação. Vénus e Saturno, que associação! Vénus, uma mulher jovem que encarna a graça, as trocas harmoniosas, os prazeres, e Saturno, um ancião austero que se compraz na solidão e, equipado com uma foice, ceifa a vida das criaturas.
A Balança do Zodíaco é um reflexo da Balança cósmica, o equilíbrio dos dois princípios opostos, mas complementares, graças aos quais o Universo apareceu e continua a existir.

V – DEUS ALÉM DO BEM E DO MAL

Como já vimos, para a Ciência Iniciática, o 2 é o resultado da polarização do 1, o que significa que esses dois polos, que são considerados opostos, na verdade estão contidos no 1. Denominamo-los masculino e feminino, positivo e negativo, mas também podemos chamar-lhes bem e mal, desde que tenhamos bem presente que são a expressão do 1, que é Deus, porque têm a mesma origem.
Certa tradição refere que Lúcifer, o arcanjo que se rebelou contra Deus, é irmão do Cristo. Nela se relata que, quando Lúcifer foi precipitado do alto do Céu, na queda perdeu a esmeralda que adornava a sua fronte, e que nessa esmeralda caída na terra foi talhado o cálice em que José de Arimateia recolheu o sangue de Jesus no momento da crucificação. Foi este cálice que se tornou o Santo Graal, símbolo que desempenhou um papel muito importante na história da cristandade. Os Iniciados que estabeleceram esta relação entre Lúcifer e o Cristo quiseram ensinar-nos que o bem e o mal são os dois polos da mesma realidade.
A nossa existência na Terra é inteiramente condicionada pela alternância entre dias e noites. Direis que isso advém do facto de a Terra ser redonda e girar sobre si mesma. Sim, mas, seja qual for a razão, esta alternância entre o dia e a noite, que regula a vida de toda a Natureza, também regula a nossa vida física e a nossa vida psíquica. Não saberíamos o que é a luz se as trevas não existissem, nem o que são a sabedoria, a justiça, a beleza, a alegria, se não fôssemos obrigados a confrontar-nos com a tolice, a injustiça, a fealdade e a tristeza. É nas comparações e nas confrontações que se encontra a compreensão. Se os contrários não existissem, viveríamos na indiferenciação.
O facto de haver beleza e fealdade, virtudes e vícios, fraqueza e força, não deve ser fator de grande preocupação. O importante é aprender a comportar-se relativamente aos dois polos da unidade. Em vez disso, os humanos estão constantemente a dizer que não entendem porque é que Deus permite que o mal exista. Devemos parar de colocar este tipo de questão. O bem e o mal estão intimamente misturados; enquanto polos complementares, têm questões a tratar entre si, e é melhor não querer meter-se entre ambos nem tentar separá-los. É como imiscuir-se nos assuntos de um casal. Quando um homem e uma mulher estão ligados um ao outro, qualquer que seja a vossa opinião sobre a sua ligação, não procureis separá-los. E quando eles estão em luta, não interfirais, ficai à distância.
Na estrada, há carros a circular num sentido e outros no sentido oposto. Tudo corre bem se a estrada for larga e os carros circularem na sua faixa respetiva. Estes carros vão em sentidos opostos, mas pode dizer-se que uma fila representa o bem e a outra o mal? Não, o mal surge se não houver distância suficiente entre as duas filas, pois dá-se uma colisão.
Nada é bom ou mau em termos absolutos, tudo depende do ponto de vista em que nos colocamos. Consideremos a água e fogo: se não se souber usá-los, pode-se causar inundações e incêndios; se se souber usá-los, são uma bênção! O que é mau é a ignorância que nos impede de nos servirmos utilmente de uma ou do outro, ou mesmo de usarmos os dois em conjunto; neste caso, é preciso sabermos qual é a distância correta, caso contrário o fogo será extinto e a água evaporar-se-á. Às vezes, essa distância toma a forma de uma caçarola… e assim é possível ferver água para o café!
Ainda outro exemplo. Na medida em que o nosso organismo produz resíduos, podemos ver aí uma manifestação do mal; mas, na medida em que ele dispõe dos meios para eliminar esses resíduos, onde está o mal? O mal começa quando o sistema eliminatório deixa de funcionar. A saúde não consiste em o nosso organismo não produzir resíduos, mas em ter os meios que lhe permitem eliminá-los. O bem, o verdadeiro bem, é uma coexistência harmoniosa de dois processos contrários. O bem, o verdadeiro bem, é essa Inteligência que soube conceber como os dois processos devem participar na conservação da vida. Como vedes, é no Livro da Natureza que podemos encontrar as respostas para as questões mais difíceis.
É graças ao mal que o bem é mantido, e muitas vezes, sem o saber, o bem também ajuda o mal. Ambos estão atrelados à roda da vida e a fazem girar. O mal não existe em si mesmo. O mal é um bem que não foi compreendido. Mesmo o que é o melhor se torna mau quando não se soube compreender. Pelo contrário, aquele que compreende o inferno e o diabo consegue fazê-los servir os desígnios do bem. É preciso saber servir-se dos maus, porque eles são resistentes, incansáveis. Nada funcionaria na Terra se houvesse apenas pessoas de bem. Tudo é útil, mas tem de se encontrar as combinações adequadas. Aqueles que não compreenderam isso passam o tempo a lutar contra aquilo a que chamam “mal”, sem saberem que, quando o mal se manifesta, do outro lado o bem também se reforça, e que, se conseguissem suprimir o mal, suprimiriam igualmente o bem.
O mal só existe quando não se tem luz, inteligência e força, o que nos leva a tornarmo-nos uma presa sua. Mas o mal é um servidor de Deus, tem o seu papel a desempenhar na Terra e devemos compreendê-lo. Já lestes, na Bíblia, o Livro de Jó? Nele está escrito: «Ora, os filhos de Deus vieram um dia apresentar-se perante o Senhor, e Satanás veio também no meio deles.» Reparai, Satanás está no meio deles! Poderia estar atrás ou ao lado, mas não, está no meio, como sendo do mesmo escalão que os espíritos da luz. Ele aparece aqui, pois, como um filho de Deus, é mesmo só a ele que Deus se dirige, e que conversa os dois têm!
«O Eterno disse a Satanás: “De onde vens?” E Satanás respondeu ao Eterno: “De percorrer a terra e passear nela.” O Eterno disse a Satanás: “Reparaste no meu servidor Jó? Não há ninguém como ele na terra; é um homem íntegro e reto, temente a Deus e que se afasta do mal.” E Satanás respondeu ao Eterno: “Será de maneira desinteressada que Jó teme a Deus? Não o protegeste a ele, à sua casa e a tudo o que lhe pertence? Tu abençoaste a obra de suas mãos e os seus rebanhos cobrem o país. Mas estende a tua mão, toca em tudo o que lhe pertence e estou certo de que te amaldiçoará na tua cara.” O Eterno disse a Satanás: “Eis que te entrego tudo o que é seu; somente não levantes a tua mão sobre ele.” E Satanás retirou-se da presença do Eterno.» O resto da história mostra como Deus utiliza Satanás para a evolução, a elevação, de Jó. Quanto a Satanás, obedece a Deus, só faz o que Deus lhe permite. Aquele que escreveu este texto tinha compreendido que o bem e o mal estão submetidos a uma autoridade superior, que são duas correntes ligadas ao Trono de Deus.
O Trono de Deus é simbolizado na Árvore Sefirótica pela séfira Kéther. O poder que reina na séfira Kéther dirige o Universo com a ajuda dessas duas correntes opostas a que chamamos “bem” e “mal”. O bem e o mal são, pois, como as suas duas mãos, e por vezes uma bate na outra… O problema do bem e do mal nunca poderá ser resolvido no plano físico, porque a origem do que une essas forças contrárias está no Alto. Quando se olha para essas forças a partir do nosso plano, apenas se vê que elas se opõem, e não se compreende. O nosso trabalho é, pois, elevarmo-nos até essa terceira instância que sabe usar as outras duas, com uma finalidade que essas outras duas não conhecem. Sim, o bem não sabe tudo, e o mal também não, evidentemente. Aquele que sabe tudo está acima do bem e do mal. É o Senhor. Então, dirigi-vos a Ele e dizei-Lhe: «Senhor, Tu que criaste tantas coisas tão vastas e profundas, vês como eu estou perdido no meio delas. A minha inteligência limitada não consegue ver com clareza. Envia-me os teus anjos, para que me digam como compreender e agir.»
Aquele que recorre ao Senhor liga-se à terceira instância. Porque é que a religião nunca menciona esta terceira instância? Ela apresenta sempre o bem como o equivalente de Deus. Não, tanto o bem como o mal são apenas servidores de Deus. Lá porque conhecemos um pouco do bem, cremos que conhecemos Deus. Mas Deus é mais do que o bem. Eu vos digo: Deus está além do bem e do mal. Tal como a força mental e a força sexual são a polarização de uma mesma força, como também o são o bem e o mal. Direis: «Como? A força mental e a força sexual são uma e a mesma força? A força que empurra um bruto a atirar-se para cima de uma mulher e a abusar dela é a mesma que inspira as mais altas obras do pensamento?»1 Sim. E se disserdes que vos perturba que seja assim, responder-vos-ei que o Senhor não fez as coisas para nos ser conveniente, fê-las para que nós trabalhemos.
Sinto como é difícil fazer-me compreender neste assunto, porque isto confunde todas as conceções que os seres humanos geralmente têm do bem e do mal. Dir-se-ia que estas conceções estão inscritas na sua própria carne, que é impossível desenraizá-las. Mas, enquanto não mudarem de ponto de vista, eles não poderão penetrar no Templo do Eterno. Ora, como é que se representa a entrada de um templo? Precisamente com dois pilares encimados por um frontão, e este frontão é o que une o pilar da direita com o pilar da esquerda. Simbolicamente, o frontão é a terceira força, que trabalha com as outras duas. Da mesma forma, a nossa existência está colocada sobre dois pilares, e estes dois pilares, embora distintos, não devem ser separados, mas dominados por um terceiro princípio que faz a ligação entre eles. O frontão é, de certo modo, o equivalente a Kéther e ao pilar central na Árvore Sefirótica. Encontra-se o mesmo significado no bastão do caduceu de Hermes; embora a aparência material seja diferente, o bastão, no centro, desempenha o mesmo papel.
O mal é tentar separar as polaridades, mas também se pode dizer que o mal é querer juntá-las. É tão mau aproximá-las demasiado como separá-las; deve-se manter uma certa distância entre elas. O templo desmorona-se quando se quer aproximar os dois pilares e uni-los. E também se desmorona se eles forem afastados demasiado ou se se quiser manter apenas um dos dois. Um espiritualista que quiser expulsar de si tudo o que é inferior, a fim de ser absolutamente luminoso e puro para se aproximar de Deus, atrai todas as catástrofes interiores e exteriores.
As maiores tragédias da humanidade não têm por origem um mal em si mesmo, vindo não se sabe de onde, mas sim a má compreensão dos humanos que decidiram chamar a certas coisas “bem”, porque lhes convêm, e a outras “mal”, porque os incomodam. E como, frequentemente, o que convém a uns incomoda os outros, e vice-versa, o problema nunca tem solução. Nunca se conseguirá que todos concordem a respeito do que são, realmente, o bem e o mal.
Da mesma maneira que o bem não é o próprio Deus, as qualidades e as virtudes não têm um valor absoluto. Há tantas pessoas que têm grandes virtudes! Sim, mas o que fazem com elas? Nada. Enquanto outras têm todos os tipos de defeitos, mas querem melhorar-se e, trabalhando todos os dias sobre si mesmas, tornam-se capazes de realizar grandes coisas. Se não tivessem esses defeitos, talvez não fizessem nada. Sim, tem-se visto pessoas realizarem grandes proezas trabalhando sobre os seus defeitos, enquanto outras, satisfeitas com as suas qualidades, não faziam nada. Bom, sabei que o Céu não dá dois cêntimos pelo que sois, só considera o que realizais com aquilo que sois. É necessária, pois, mais acima, uma terceira instância que saiba usar tanto os defeitos como as qualidades. E esta terceira instância existe em nós, é o nosso Eu superior.
Só importa o trabalho que fazemos sobre nós mesmos para colocarmos os nossos defeitos e as nossas qualidades ao serviço de um alto ideal. Há tantas pessoas que se lamentam da natureza humana, pecadora e portadora das sementes do mal! Mas não há que lamentar-se, só há que trabalhar. Todos os defeitos – a vaidade, o orgulho, a cólera, a inveja, a sensualidade – devem ser postos a trabalhar.2 Este é o único ponto de vista bom, a única boa solução.
É o trabalho que conta, não vos ocupeis com o resto; as vossas qualidades, os vossos defeitos, são coisa secundária. Quando tiverdes descoberto qual é o melhor trabalho e decidido consagrar-vos a ele sinceramente, tanto as qualidades como os defeitos se tornarão os vossos melhores servidores. Consideremos um exemplo muito simples. Imaginai que quereis levantar um peso. Todas as energias que existem em potência no vosso corpo físico vêm dar-vos uma ajuda: os músculos, o coração, os pulmões e até o cérebro participam nesse ato. Mas, se não tiverdes vontade de fazer nada, todos os vossos órgãos estarão desmobilizados. É o trabalho que mobiliza todas as vossas potencialidades. Pelo trabalho, um criminoso pode acabar por ultrapassar em generosidade, em paciência e em bondade, os homens mais virtuosos. Ao invés, aqueles que são considerados os melhores capitulam, porque não pensam em trabalhar.
Então, repito: deveis parar de perguntar por que razão o Céu permite que o mal exista. Tomai consciência de que o Céu permite tudo; e permite tudo porque utiliza tudo. Ora, também vós deveis compreender como utilizar esses dois aspetos, o “bem” e o “mal”, nos vossos trabalhos, exatamente como o químico que não rejeita nada, porque sabe utilizar todos os produtos que existem no seu laboratório, mesmo os venenos, porque é preciso de tudo num laboratório. O químico deve ser para nós um modelo: uma vez que, no nosso laboratório interior, possuímos o puro e o impuro, o luminoso e o obscuro, o que nos puxa para cima e o que nos puxa para baixo, temos de aprender a utilizar tudo para realizar os propósitos de Deus. Então, não destruais nada em vós, agradecei ao Céu por vos ter criado tal como sois, e trabalhai!

ÍNDICE

I A Balança cósmica – O número 2 ……………………………………………………………………………………………………………………. 7
II A oscilação da Balança………………………………………………………………………………………………………………………………… 25
III O 1 e o 0 …………………………………………………………………………………………………………………………………………….. 33
IV Os lugares respetivos do masculino e do feminino ………………………………………………………………. 47
I. Adão e Eva: o espírito e a matéria …………………………………………………………………………………………………………….. 48
II. Adão e Eva: a sabedoria e o amor…………………………………………………………………………………………………………………… 54
III. O plano mental e o plano astral ……………………………………………………………………………………………………………………… 58
IV. O homem e a mulher ………………………………………………………………………………………………………………………………… 63
V Deus além do bem e do mal……….…………………………………………………………………………………………………………. 71
VI A Cabeça branca e a cabeça negra…………………………………………………………………………………………………………. 83
VII Alternâncias e oposições a lei dos contrários………………………………………………………………………………. 95
VIII «Para fazer os milagres de uma só coisa» O simbolismo do 8 e da cruz …………………………. 107
IX O caduceu de Hermes – A serpente astral …………………………………………………………………………………………………… 119
X Princípio de vida e princípio de morte: Iona e Horev ………………………………………………………………. 129
XI A tríade Kéther-Héssed-Guéburah ………………………………………………………………………………………………………… 141
I. O cetro e o globo ………………………………………………………………………………………………………………………………………. 142
II. O intelecto e o coração ……………………………………………………………………………………………………………………………….. 147
III. A linha reta e a linha curva…………………………………………………………………………………..………………………………….. 151
XII A lei das trocas…………………………………………………………………………………………………………………………… 155
XIII A chave e a fechadura……………………………………………………………………………………………………………………… 165
XIV O trabalho do espírito sobre a matéria – A taça do Graal …………………………………………………… 169
XV A união do ego com o corpo físico ……………………………………………………………………………………………………………. 179
XVI O sacramento da Eucaristia …………………………………………………………………………………………………………… 183
XVII O mito do andrógino……………………………………………………………………………………………………………………. 189
XVIII A fusão com a Alma Universal e o Espírito Cósmico……………………………………………………………… 203