PREFÁCIO DA EDIÇÃO PORTUGUESA

«Não há nenhum órfão de Pai ou de Mãe no Universo.»

(O Caibalion)

«A prática da radiónica pressupõe a procura de um ideal», diz Michel Grenier. A leitura desta obra, mesmo para os que não pratiquem ou queiram praticar a radiónica é, por si só, uma intensa exortação à Beleza, à Verdade e ao Bem, para além dos imensos conhecimentos que abrange em várias áreas. Nestes tempos que correm é, mais do que nunca, uma obra urgente e indispensável a todos os que queiram compreender, de uma forma profunda, a Natureza e as suas leis e contribuir para o seu equilíbrio de uma forma positiva e sustentável.
A ideia de levar a cabo a tradução deste livro nasceu da necessidade de proporcionar aos associados da Associação Cultural Radiestesia Lusitaniae (ACRL) o acesso, em língua portuguesa, a uma obra única e fundamental sobre a arte da radiónica. Daí que a Direcção da ACRL, com a concordância do autor, promovesse não só a sua concretização, como também a divulgação dos seus grandiosos ensinamentos mais amplamente, além do âmbito da ACRL.
Não será demais realçar o empenhamento dos que fizeram esse trabalho, pois sabemos que não esperam outro reconhecimento que não seja a felicidade de colaborar na divulgação dos ensinamentos deste ser humano especial que é o nosso amigo Michel Grenier. O seu esforço terá sido bem empregue, se esta obra contribuir para um verdadeiro conhecimento da arte da radiónica e dos preceitos morais e éticos que devem acompanhar todos os homens de boa vontade, que desejem percorrer esta via de abertura da consciência e da cura. Que a Luz Divina ilumine todos os que, de coração aberto, se interessarem por esta arte e pela sua divulgação, a bem da humanidade.
O trabalho está feito. Compete, agora, a todos o que tiverem acesso a esta obra o privilégio de lhe dar continuidade, transformando pela prática os seus ensinamentos em realidade e contribuindo, de uma forma sábia, para a harmonia do nosso planeta e de todos os seres. Como tão bem diz Michel Grenier, «O que, por ignorância, o homem muitas vezes aprende pelo sofrimento, pode obter pela sabedoria».
José Jerónimo Ferreira
Da direcção da Associação Cultural Radiestesia Lusitaniae (ACRL)

PREFÁCIO
Existem no nosso mundo seres excepcionais que, nos seus respectivos domínios, dão uma ajuda discreta e eficaz à comunidade humana, sem a qual ela não poderia existir nem progredir na indispensável harmonia de um corpo são numa alma sã.
Estes seres, sempre disponíveis na assistência que prestam, constituem um conjunto de servidores consagrados ao exercício de um dos mais elevados valores reconhecidos da humanidade: o que se manifesta numa doação absoluta de si aos outros, no amor altruísta e na vontade de levar aos doentes alívio, eliminação do sofrimento e retorno à saúde física e mental.
No entanto, aqueles que sabem utilizar este poder de cura, são raros. Mais raros ainda são aqueles que o utilizam com o conhecimento e eficácia que correspondem a uma predisposição definida, estudo prolongado e específico, formação atenta e prática alargada no tempo e na acção.
Para coroar o trabalho terapêutico, aparece algumas vezes, no momento certo, a missão de transmitir, de ensinar e de partilhar, não só o conhecimento nascido de anos de devoção e de prática, mas também a sabedoria de um passado vivificado pela experiência pessoal e o que foi adquirido e aprendido no decurso de longos anos de estudos e de serviço.
Em todas estas explicações, por incompletas que sejam, foi a personalidade única, excepcional e cativante de Michel Grenier, que inspirou cada palavra, cada definição e qualificação. Ele consagrou a sua vida a uma inestimável obra de cura. Este modesto prefácio tem por objectivo a sua consagração e o reconhecimento de um livro que se situa directamente na linha da sua vida.
Não há nenhuma dúvida que a radiónica responde a uma necessidade que existe em muitos dos que procuram mais luz para melhor aceder ao campo reservado da Sabedoria de facetas infinitas.
Michel Grenier pode estar certo que o seu Mestre estaria orgulhoso dele e naturalmente satisfeito com uma obra de talento, que lhe dá uma notoriedade merecida pelo seu exemplo. Que Michel Grenier queira sentir no seu coração, assim como a sua esposa Évelyne – tão cedo desaparecida – o seu digno filho e discípulo Franck e toda a sua família, o reconhecimento, estima e afeição de todos os que têm tido – Yvonne e eu especialmente – a felicidade de beneficiar com a sua presença e amizade.
Raymond Bernard
Doutor em Letras, escritor, antigo Grão-mestre da Ordem de Rosa-Cruz (AMORC) para os países de língua francesa.

PRÓLOGO
No meu primeiro livro, La Dimension intérieure, contava a experiência de um «radiestesista-magnetizador ao serviço da humanidade». Publicado em 1997 pelas edições Hermé, está hoje praticamente esgotado. Tive o prazer de verificar que suscitou numerosas vocações. Este documento representa a primeira parte de um tríptico que poderia intitular-se Radiestesia, radiónica e magnetismo. Estes termos cobrem três abordagens, ou três métodos, cujas implicações são indissociáveis e complementares. É nesta perspectiva que Marcel Verger, o presidente do Sindicato Nacional dos Radiestesistas (S.N.R.) muitas vezes me propôs falar da radiónica: «Sei que vais gostar… chegou o momento». Portanto, dei a minha primeira conferência sobre este tema por ocasião do congresso nacional de 1999. Foi seguida por várias outras e por quatro seminários.
O S. N. R., que é objecto de um capítulo no fim deste livro, esforça-se por ajudar os radiestesistas-magnetizadores-radionistas estrangeiros a adquirir, como em França, um direito de cidadania nos seus respectivos países, especialmente na Europa. Sou membro activo do S. N. R. desde 1954 e tento dar o meu melhor para promover esta disciplina ainda mal conhecida. Em Vence, no sul de França, onde exerço, correspondo aos desejos do meu sindicato, oferecendo um apoio mais especial aos meus confrades italianos e portugueses.
A radiestesia é uma arte largamente reconhecida em todos os países do mundo, mas a radiónica permanece um domínio reservado a alguns iniciados. Por vezes é mesmo considerada assunto tabu. Este livro quer demonstrar que esse julgamento não se justifica. Nele proponho, simultaneamente, uma síntese e um aprofundamento dos seminários e conferências que, desde 1999, tenho consagrado à radiónica. É o resultado de um trabalho de pesquisa iniciado em 1949 e que se desenvolveu ao longo de toda a minha carreira, tanto no domínio da física como no da espiritualidade.
Há muito tempo que este projecto amadurecia no meu espírito. Desejava desmistificar esta disciplina e torná-la acessível a todos, em particular aos neófitos. Para reabilitar a imagem e a utilização da radiónica, durante muito tempo deturpada, associada pelos ignorantes a uma prática obscurantista ou escondida por uma minoria ciosa do seu poder, era necessária uma contribuição exacta e clara, simples, mas não simplificadora. Portanto adoptei uma progressão lógica e racional, que apresenta certos princípios de uma maneira detalhada, assim como certas noções novas destinadas a abrir perspectivas.
Para fazer desta obra um instrumento de referência, concebi a sua arquitectura à volta de três pilares:
• Enunciado do postulado, do pensamento criador do qual a radiónica é uma das expressões;
• Descrição dos emissores, de duas ou três dimensões, especialmente o emissor universal aperfeiçoado há vários anos pela minha equipa e por mim;
• Abertura para um novo humanismo, do qual a radiónica seja ao mesmo tempo a porta e a chave.
É nesta dimensão humana, voltada para a espiritualidade, que esta obra encontra a sua finalidade. Em todo o caso, não se deve assimilar este livro a uma compilação de receitas. Com efeito, para além da sua vocação prática, ele pretende trazer um desenvolvimento de ordem iniciática ao domínio do sentir e do «sexto sentido». A sua publicação, na aurora da era de Aquário, não é fruto do acaso.
Chegou na hora certa. Não teria suscitado as mesmas ressonâncias há vinte ou trinta anos quando, em todos os conhecimentos relacionados, o homem ainda navegava de olhos vendados e permanecia insensível às vibrações telúricas e cósmicas que são a própria essência do Universo. Com a ajuda do seu cérebro esquerdo, os homens construíram as pontes mais audaciosas, domesticaram a fusão nuclear, dotaram cada lar com inúmeros aparelhos… mas, ao mesmo tempo, esqueceram o seu cérebro direito que os liga às leis e aos princípios naturais, fontes do conhecimento intuitivo, sem o qual permanecem verdadeiros enfermos…
A radiónica pressupõe um ideal de vida elevado, que não dê prioridade ao material. Porque, se o homem um dia aceitar ligar-se ao infinito, se preferir a eternidade ao efémero, o intemporal ao temporal, como Pascal, então conhecerá a luz, a pureza e, sobretudo, a lei do amor, que engloba todas as outras leis.
«O amor é a mais universal, a mais formidável e a mais misteriosa das energias cósmicas». (Pierre Teilhard de Chardin, 1881-1955). O amor é a lei da vida…
ADVERTÊNCIA
Como em todas as actividades humanas, a radiónica situa-se em três planos: o superior, o médio e o inferior.
• O plano superior toca a universalidade do ser humano, o mundo espiritual e sagrado. Neste nível o homem trabalha com o intelecto, mas também com a alma e o espírito, os dois grandes princípios criadores, acedendo assim a correntes poderosas, entidades e forças dotadas de inteligência cósmica. Deste modo, é contra a ética utilizar a radiónica para fins pessoais: procura de poder, proveito financeiro, ou todas as «operações de influência» que alienam a pessoa. Procurar atingir o plano superior pode ser perigoso, quando não se tem o espírito puro, a alma serena e a vontade de agir no amor fraternal, para o bem comum, no serviço zeloso e altruísta.
• O plano médio é o do livre arbítrio, a partir do qual o ser humano pode orientar-se para um dos dois outros planos.
• O plano inferior está ligado à actividade profana, à materialidade, às necessidades físicas, o que é louvável sob condição de se saber dominar correctamente o ego, a partir do intelecto e da razão.
Para abordar a radiónica é preciso ter uma consciência plena da existência destes três planos e da sua realidade na nossa vida.