«A verdadeira magia, a magia divina, consiste em utilizar todas as suas faculdades, todos os seus conhecimentos, para a realização do Reino de Deus na terra. Muito poucos magos chegaram a este grau superior em que já nem sequer se tem interesse nas práticas mágicas em si mesmas, em que se deixa de querer comandar os espíritos para satisfazer ambições pessoais, em que o único ideal é trabalhar na luz e para a luz. Aqueles que chegam a esse ponto são teurgos, o seu trabalho é absolutamente desinteressado. São os verdadeiros benfeitores da humanidade.»
O LIVRO DA MAGIA DIVINA
€10.00
Informação adicional
Peso | 175 g |
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ISBN | 978-989-8147-42-4 |
Ano | 2011 |
Edição | 1 |
Idioma | |
Formato | 110×190 |
Encadernação | Cartonada |
N. Pág. | 199 |
Colecção |
O REGRESSO ÀS PRÁTICAS MÁGICAS
E O PERIGO QUE ELAS REPRESENTAM
A Iniciação é um trabalho sobre si próprio, um trabalho contínuo de organização interior, de purificação, de autodomínio. Ora, o que se passa hoje em dia, este interesse cada vez maior pelas obras de ocultismo e de magia, é muito inquietante, pois não exprime a necessidade de uma verdadeira espiritualidade, mas o desejo de mergulhar num domínio desconhecido, misterioso, proibido. De resto, os resultados estão à vista: esses livros não tornam as pessoas mais sábias, mais equilibradas, mais puras; pelo contrário, libertam nelas forças obscuras, baralham as suas ideias, fazem delas vítimas de entidades inferiores que só querem prejudicar os seres humanos.
Durante séculos, a Igreja combateu, e sem qualquer razão, a tradição iniciática. Mas, o que está a passar-se agora – as ciências ocultas ao alcance de todas as pessoas fracas, viciosas, mal intencionadas – também não é bom. Os Iniciados do passado tinham como princípio “calar-se” porque sabiam que os segredos da Ciência Iniciática podiam tornar-se armas perigosas nas mãos das pessoas que não estavam preparadas para os receber, pois a natureza humana é tal, que tentará utilizar tudo o que lhe for revelado, as verdades mais sublimes, mais divinas, para servir os seus interesses mais pessoais e egoístas. Por isso, tudo o que se dá aos seres humanos para o seu bem, para a sua salvação, é por eles deturpado e utilizado, na realidade, para a sua ruína e para a ruína dos outros.
Actualmente, fazem-se cada vez mais experiências para descobrir os poderes da mente, influenciar objectos ou seres humanos, agir à distância, captar informações secretas. Existem pessoas que se treinam para influenciar, através da mente, os atletas que participam em competições desportivas, fazendo assim com que alguns ganhem e outros percam. Para já não falar daqueles que se põem a impregnar de influências nocivas certos objectos para depois os enviarem, com ar de presente, a alguns dirigentes ou altas personalidades, no intuito de os prejudicar e de enfraquecer os seus países. Todas essas pesquisas que se fazem sobre o poder do pensamento para o utilizar com um fim destrutivo qualquer são tão perigosas como as pesquisas sobre a arma atómica e, do ponto de vista moral, são ainda mais repreensíveis. O homem não tem o direito de se servir deste factor divino, o pensamento, para fazer o mal. Isso é magia negra, e aqueles que a praticam devem saber que, mais cedo ou mais tarde, serão punidos.
Querer conhecer os poderes do pensamento não tem, em si, nada de mal. Mas, infelizmente, existe todo o tipo de pessoas sem moralidade nem consciência que querem utilizar estes conhecimentos no sentido que lhes convém. É sempre a natureza inferior que começa por se manifestar no homem, para o induzir a tirar proveito de todos os meios que surgem ao seu alcance. É por isso que já desapareceram várias humanidades, e a nossa também desaparecerá se o lado moral, o amor, a bondade, não se tornarem preponderantes. Quando se deixa o intelecto predominar, este, como não possui qualquer moralidade, só se preocupa em colocar novos meios científicos e técnicos à disposição do homem, sem se interrogar sobre o uso que este fará deles. E o mesmo se passa com as ciências ocultas, pois não se deve acreditar que as pessoas são atraídas pelas ciências ocultas porque têm aspirações místicas, uma tendência para a espiritualidade. Nem pensar! Podem mesmo ser grandes materialistas. Mas, como compreenderam que poderiam encontrar aí o meio de satisfazer as suas ambições, de alcançar sucesso, dizem: «Por que não? Tentemos! Logo se verá.» E tentam.
Os seres humanos têm desejos, necessidades… lá desejos e necessidades não faltam! O que lhes falta é inteligência, paciência e perseverança para obterem o que desejam. Elas procuram sempre chegar mais depressa empregando os meios mais fáceis. E quando lhes propõem a magia, se pensam que ela pode proporcionar-lhes sucessos rápidos, estão prontos a lançar-se em qualquer experiência.
Vede quantos editores, desde há alguns anos, voltaram a publicar obras de ocultismo. Alguns destes livros contêm receitas assustadoras que chegam mesmo a indicar como fazer um pacto com o diabo. O que é muito grave, e talvez vós não o saibais, é que existem muitas pessoas, muitas mais do que imaginais, que se interessam por estas práticas. E o pior é que elas conseguem os resultados pretendidos. Porquê? Porque as suas paixões, as suas cobiças e a obstinação que põem em satisfazê-las servem de alimento, de incentivo, para os espíritos infernais; deste modo, elas conseguem atraí-los, comunicar com eles e quase dar-lhes vida.
As pessoas ainda não têm uma percepção suficiente do perigo que as práticas de magia negra representam. Que responsabilidade para os autores e editores desses livros! Como só pensam em ganhar dinheiro, não explicam em detalhe aos leitores os perigos que eles correm ao aplicarem as suas receitas, é-lhes indiferente que algumas pessoas percam a alma por causa delas. Eles põem meios de satisfazer todas as ambições à disposição de pessoas que nunca aprenderam a dominar os seus impulsos instintivos… Como se poderá esperar que estas pessoas saibam resistir? Algumas desejam obter o amor de um homem ou de uma mulher, vingar-se de um inimigo, satisfazer a sua ambição ou a sua cobiça, e, como esse desejo é mais forte do que a razão, decidem recorrer à magia negra.
É tão tentador ver todos os seus desejos satisfeitos! Quantas pessoas não há que, apesar de saberem que o álcool e o tabaco destroem a sua saúde, não conseguem vencer a necessidade de beber ou de fumar! O mesmo se passa com as práticas mágicas: porquê pôr à disposição das pessoas fracas meios que elas empregarão, sob influência de um desejo ou de uma paixão descontrolada, para prejudicar os outros e para seu próprio prejuízo? Sim, pois atrairão entidades terríveis que as destruirão a elas também. E ninguém as previne em relação a isso. Os autores de livros de magia negra devem saber, pois, que são criminosos e que a justiça divina os punirá um dia. Que não se espantem quando esse dia chegar. Não se tem o direito de conduzir os humanos para as regiões infernais, apenas temos o direito de os conduzir em direcção ao Céu.
Quantos casos não se conhecem, na História, de pessoas que pereceram lamentavelmente porque se tinham atolado na magia negra! É certo que se pode obter resultados, mas há que saber os perigos que isso representa e não enveredar por esse caminho, porque aquilo que espera os feiticeiros e mágicos negros é o abismo. De que serve possuir ambições espirituais se nem sequer se tem consciência das consequências próximas ou longínquas dos seus actos?
Quando os humanos começam a pressentir a existência do mundo invisível, com os seres que o habitam, e se tornam conscientes de que neles existem faculdades psíquicas que lhes permitem actuar nesse mundo, para eles é tentador experimentar. Eu recordo-me de que, quando era jovem (catorze, quinze anos), também fazia experiências que nem sempre eram muito “católicas”. Eu tinha amigos e, para ver se era capaz, divertia-me a concentrar-me neles para os sugestionar: a um ordenava que tirasse o gorro, a outro que procurasse um objecto no chão ou fizesse parar um transeunte. Eram experiências que eu fazia só para ver que resultados davam.
Também me acontecia, por vezes, quando passeava no parque à beira do Mar Negro (eu vivia em Varna nessa altura) e não encontrava lugar para me sentar nos bancos, afastar-me um pouco e concentrar-me: «Vá, vá, levante-se!». Alguns segundos depois, a pessoa levantava-se e eu, inocentemente, candidamente, tomava o seu lugar! Um dia, vendo diante de mim, na rua, um certo amigo meu, concentrei-me sobre o seu pé direito para que ele não pudesse avançar mais. Ele parou junto de uma árvore, na qual se apoiou, e então, como se aparecesse por acaso, eu aproximei-me dele. «Oh, Mikhaël, disse-me ele, não sei o que me está a acontecer, não consigo andar. –
Não te preocupes, isso passa», respondi-lhe, sem dizer, evidentemente, que era eu a causa! Sim, eu fazia coisas assim. Claro que não tinha o direito de as fazer, mas era muito jovem, ouvira falar dos poderes do pensamento e ninguém me aconselhara sobre o que era bom ou mau.
Mas, uma noite, quando estava deitado, aconteceu-me algo que nunca consegui esquecer: vi aparecerem-me duas personagens. Eu não estava a dormir, mas também não estava muito acordado. Assim, naquele meio sono, apareceram-me dois seres: um tinha uma estatura impressionante, transpirava força e poder, mas o seu rosto era duro e o seu olhar sombrio, terrível. O outro, a seu lado, era radioso: um ser muito belo cujo olhar exprimia a imensidão do amor divino… E era como se eu devesse escolher entre aqueles dois seres… Fiquei impressionado com o poder do primeiro, mas, no meu coração, na minha alma, estava assustado pelo que nele sentia de terrível. Então, deixei-me atrair antes pelo outro, escolhi aquele que possuía o rosto do Cristo, que era a imagem da doçura, da bondade e do sacrifício.
Agora, quando volto a pensar em tudo aquilo, compreendo que, se a Providência não me tivesse ajudado a escolher o bom caminho, poderia ter-me tornado um mago negro, porque eu possuía, desde a juventude, capacidades psíquicas muito grandes. O que me salvou foi não ser de todo maldoso, apenas sentia curiosidade em fazer experiências. Sim, mas eu era muito jovem, não tinha discernimento nem guia, e as coisas poderiam ter dado mau resultado, pois não penseis que todos os que acabaram por se embrenhar na magia negra o fizeram conscientemente, cientes do que faziam. Isso pode acontecer, claro, mas existem muito poucas pessoas que, um dia, disseram para consigo: «Ora bem, eu quero ser um mágico negro e farei tudo para o conseguir.» Muitas delas talvez não tivessem, no princípio, qualquer má intenção, mas eram ignorantes, imprudentes, contaram de mais com as suas forças e o seu controlo, e deixaram-se arrastar.
ÍNDICE
I O regresso às práticas mágicas
e o perigo que elas representam 7
II O círculo mágico: a aura 19
III A varinha mágica 27
IV A palavra mágica 35
V Os talismãs 51
VI Acerca do número treze 69
VII A lua, astro da magia 79
VIII O trabalho com os espíritos da Natureza 87
IX As flores, os perfumes 93
X Todos fazemos magia 103
XI As três grandes leis mágicas 115
XII A mão 131
XIII O olhar 139
XIV O poder mágico da confiança 151
XV A magia verdadeira: o amor 161
XVI Nunca procureis vingar-vos 173
XVII Exorcizar e consagrar os objectos 181
XVIII Protegei a vossa morada 191