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O AMOR E A SEXUALIDADE – TOMO 1

19.00

Informação adicional

Peso450 g
ISBN

978-989-8691-87-3

Ano

2019

Edição

1

Idioma

Formato

145 x 210

Encadernação

Cartonada

N. Pág.

326

Colecção

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«Quem é que, de vós, não leu um desses contos em que um dragão capturou uma bela princesa, que mantém cativa num castelo? Há cavaleiros que tentam ir lá libertá-la, mas, um após outro, todos são devorados pelo dragão, que se apodera das suas riquezas. Um dia, chega finalmente um nobre príncipe, maquis belo e mais valente do que os outros, ao qual um mágico revelou um segredo para vencer esse dragão. Ele obtém a vitória, liberta a princesa e fica na posse dos tesouros. Depois, montados no dragão conduzido pelo príncipe, ambos voam pelo espaço.
Estes contos, que nós julgamos destinados às crianças, na realidade falam-nos de nós, das nossas experiências psíquicas e espirituais. O dragão é a força sexual, e o castelo, o nosso corpo físico. No castelo suspira a princesa, a nossa alma, que a força sexual mal dominada impede de viver o amor verdadeiro. O príncipe é o nosso espírito, e as suas armas são os meios de que o espírito dispõe para dominar essa força e utilizá-la. Depois de ter sido dominado, o dragão serve-nos de montada, pois, embora seja representado com uma cauda de serpente – símbolo das forças subterrâneas -, ele também tem asas, para nos conduzir às alturas.

IX
DE IÉSOD A KÉTHER:
A SUBLIMAÇÃO DA FORÇA SEXUAL

Na Árvore Sefirótica, a pureza é representada por Iésod, a região dos Anjos, dos Kérubim, que atuam sobre a vida. É por isso que, na representação do homem cósmico, Adam Kadmon, são os órgãos genitais que estão ligados a Iésod, a pureza, pois são estes órgãos que criam a vida.1 É certo que, presentemente, pelo menos no que respeita aos humanos, pureza não rima com órgãos sexuais, mas tem de rimar, para que a vida seja santificada. A santidade está ligada a uma boa compreensão dos problemas sexuais. É quando consegue dominar todas as suas energias sexuais que o homem se torna santo. Não há que ir procurar a santidade noutros moldes.
Na outra extremidade do pilar central da Árvore Sefirótica, está a séfira Kéther, onde reina a ordem dos Serafins. Essas criaturas são de uma tal pureza, de uma tal santidade, que lhes foi atribuída a missão de glorificar o Senhor. Está escrito no Apocalipse que, dia e noite, o Senhor é glorificado pela boca dos Serafins, que não param de repetir: «Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus Todo-Poderoso, que era, que é e que será!» A santidade, que é sempre colocada em cima, na realidade depende do que está em baixo. Kéther, a Coroa, representa a expansão, a sublimação da energia sexual. A santidade é isto: a energia sexual que o Iniciado conseguiu sublimar pela sua pureza, e ela manifesta-se acima da sua cabeça como luz dourada. A santidade não fica em baixo, sobe, por isso foi situada em cima; mas vem de baixo.
As séfiras representam os órgãos cósmicos e Iésod representa, pois, o órgão sexual no Universo. Por isso, quando tudo funciona harmoniosamente na Árvore Sefirótica que o homem é, quando ele se purificou em baixo, pela pureza de Iésod, a energia sexual que sobe até à sua cabeça, até Kéther, torna-se uma aura de luz. Kéther não é a cabeça, mas sim a coroa acima da cabeça, a aura, essa cor de santidade que se vê nas igrejas a brilhar por cima da cabeça dos profetas, dos apóstolos e dos santos.
Os verdadeiros Iniciados são aqueles que realizaram em si mesmos a pureza de Iésod. Eles possuem os mesmos órgãos que todos os outros homens, e talvez produzam a mesma matéria, mas essa sua matéria é sublimada, sobe, alimenta todos os seus centros espirituais e projeta-se acima deles como raios de luz.

Sèvres, 2 de fevereiro de 1969

Nota
1. Cf. Do homem a Deus – séfiras e hierarquias angélicas, Col. Izvor n.° 236, cap. XVII: «Iésod, Tiphéreth, Kéther: a sublimação da força sexual».

X
O FILTRO ESPIRITUAL
Sentis, caros irmãos e irmãs, a pureza extraordinária em
que continuamos banhados esta manhã? Vós pensais: «Mas
porque é que ele nos fala sempre do tempo?» Bom, é porque
pode acontecer que não presteis atenção a isso. Observai estas
cores, esta luz, esta limpidez!… Fico sempre impressionado
com esta pureza do céu!…
Observai aquele helicóptero… Ele tem o privilégio de passar
por aqui. Sem se aperceber, recebeu desta aura, deste cone de
luz que nos envolve, algo de bom, que vai levar… Se o piloto
estava num estado harmonioso, tinha uma porta aberta pela qual
tudo o que é bom entrou nele, e agora propagará os germes que
aqui recebeu. É como se lhe tivessem dado um saco cheio de
cartas que, inconscientemente, ele vai distribuir. Sim, é deste
modo que as coisas se passam.
Por vezes, nas ruas, caminhais perto de certos lugares onde
são cometidos atos tenebrosos, criminosos. Se, nesse momento,
estais em sintonia com as vibrações que deles emanam, captais
a sua influência e podeis ser levados a também agir mal, sem
saber que isso acontece por causa das emanações etéricas,
fluídicas, que recebestes ao caminhar perto desses lugares
nocivos. É preciso saber fechar-se a tudo o que é negativo e
só se abrir ao que é harmonioso, luminoso. Mas como fazê-lo?
Se eu vos disser certas coisas a este respeito, ficareis muito
surpreendidos.
Falo-vos continuamente dos dois princípios, masculino e feminino, porque os tomo como uma chave que me permite abrir muitas portas. Repeti-vos muitas vezes que a natureza do princípio masculino é ser emissivo e que a natureza do princípio feminino é ser recetivo, o que pode levar-vos a compreender que a mulher, através dos seus órgãos sexuais, está exposta a captar, sem saber, emanações impuras, tenebrosas. Então, por intermédio do pensamento, ela deve pôr um filtro para impedir a passagem de tudo o que surge e só permitir que penetrem em si correntes benéficas. Mas é uma questão em que as mulheres não pensam! Aliás, ainda ninguém lhes revelou que, por um certo lugar do seu corpo, elas são como esponjas que absorvem fluidos. É preciso que as mulheres estejam mais conscientes, para não se tornarem recetáculos de todas as sujidades que os homens largam à sua passagem. Quantos homens, na rua, olham para as mulheres imaginando tudo o que poderiam fazer com elas!… E as mulheres, que, muitas vezes, sentem isso, ficam orgulhosas e lisonjeadas, porque ignoram que estão a apanhar com sujidades!
A mulher só pode preservar a sua pureza se se proteger; por isso, deve tornar-se mais consciente do papel e da importância dos aparelhos que a Natureza colocou nela e refletir, meditar, orar, para não receber, através desses aparelhos, impurezas, larvas, elementais, que, um dia, produzirão toda a espécie de desordens psíquicas e até físicas. Aliás, se muitas mulheres têm doenças nos órgãos sexuais, também é porque não souberam preservá-los, por intermédio de um filtro fluídico que teria impedido as impurezas de penetrarem e de fazerem estragos. Depois, vão consultar médicos, que não podem ajudá-las, pois não sabem que é no domínio fluídico que é preciso procurar os remédios.
No que respeita aos homens, é diferente, pois, por natureza, eles não recebem, projetam. Na maior parte do tempo, em vez de estarem conscientes e de só projetarem forças vivificadoras, luminosas, harmoniosas, só projetam correntes tenebrosas, e ficam orgulhosos se passarem por belos machos. Eles projeam sujidades no plano astral, e as mulheres, que as absorvem, também ficam orgulhosas por isso.
A Natureza organizou o corpo da mulher de tal modo que, para além do seu órgão sexual equivalente ao do homem, ela possui outros seis. Por enquanto, a mulher só sabe vibrar com a última corda, a mais grosseira. As outras cordas que há nela ainda não estão despertas. É preciso que, um dia, a mulher consiga fazer vibrar todas as suas outras cordas em uníssono com as correntes mais subtis do Universo. Então, será como a harpa de Éolo, que vibrava ao mínimo sopro de vento. Quando as mulheres forem mais evoluídas espiritualmente, aperceber-se-ão de que podem reagir, pelo seu órgão sexual, a cada acontecimento, a cada presença. Elas verão que é um aparelho da mais alta precisão, que as instrui sobre todas as presenças boas ou más, para que elas possam tomar precauções. Desculpai, mas, por enquanto, só quando tem relações com um homem é que a mulher se apercebe de que reage. As mulheres mais evoluídas sentem que possuem um aparelho que as informa sobre toda a espécie de coisas. Por isso, vale a pena que todas as mulheres se empenhem em pôr aí um filtro fluídico, para impedirem que tudo o que é nocivo possa penetrar.
Estou a tocar num ponto quase completamente ignorado de todos. Os médicos só estudam a anatomia ou a fisiologia do ser humano, não conhecem nada do lado fluídico, que é o mais importante. Contudo, um dia serão obrigados a penetrar neste domínio, pois não poderão ir mais longe no caminho que seguem, a via estará obstruída. O estudo dos corpos subtis do homem é a única saída possível.1 Atualmente, conhece-se bem a estrutura e a função dos órgãos genitais do homem e da mulher; mas o foco desse conhecimento é sempre o revestimento externo, o suporte, é com ele que se fica maravilhado; deixa-se de lado as correntes, as forças que circulam, quando isso é que é o essencial. Os Iniciados estão bem informados sobre essas forças, mas ninguém se interessa pelo saber dos Iniciados.
Eu já vos disse que o homem, porque emite, projeta, está muito mais protegido espiritualmente. A corrente que circula nele afasta as impurezas; ele não as atrai, como acontece com a mulher. É em cima, pela cabeça, que o homem atrai, ao passo que a mulher atrai em baixo e é aí que deve pôr filtros. Sinto que, interiormente, as irmãs me perguntam: «Mas como é que se prepara esse filtro de que está a falar?» Pelo pensamento. Deveis orar, meditar, pedir ao mundo divino que envie um protetor, uma entidade que vigie e afaste as correntes impuras formadas pelos desejos, pelas cobiças e pelas paixões dos humanos. Se conseguirdes atrair uma entidade luminosa do mundo divino para vos proteger, vivenciareis uma alegria, uma pureza, uma inocência, que não conhecíeis até então, e, pouco a pouco, tornar-vos-eis um recetáculo do espírito divino, um templo do Deus vivo.
Portanto, exercitai-vos, refleti, meditai!… Com este trabalho, a vossa saúde e o vosso equilíbrio melhorarão, e compreendereis que, entre os homens e as mulheres, tudo são vibrações, trocas, interpenetração em todas as regiões, mas que essas trocas devem fazer-se de modo muito elevado, na maior pureza, e não apenas nas regiões inferiores. Será assim que vos aproximareis da vida dos Anjos… Os Anjos encontram-se ininterruptamente, para se fundirem como raios de luz, e nestas trocas não existe qualquer impureza. Eles vivem ininterruptamente neste amor, pois no Alto só o amor existe. A vida dos Anjos nada mais é que uma fusão, uma troca de amor em absoluta pureza. Quando os humanos se tornarem capazes de vibrar com as suas sete cordas, serão como os Anjos. Será uma música indescritível. Felizes aqueles que me compreenderam!
Meditai agora sobre este assunto, na maior pureza, na maior luz, e tratai de vos libertar das conceções antigas que vos impedem de compreender e de seguir em frente. Será assim que vos tornareis verdadeiros filhos e filhas de Deus.
Evidentemente, há ainda muito a dizer sobre os filtros, pois não é apenas um órgão na mulher que precisa de ser protegido. O discípulo sabe que está mergulhado no oceano cósmico e que forma todos os seus corpos – o corpo físico e os corpos subtis – com materiais, bons ou maus, que recebeu ou captou. Então, o problema que se lhe põe é, sobretudo, saber como, na sua cabeça e no seu coração, atrair o que é bom e repelir o que é mau. Na realidade, o filtro mais eficaz, aquele que resume todos os outros, é a aura.2 Portanto, se quereis, verdadeiramente, ser protegidos, meditai sobre a aura. Imaginai que estais envolvidos por cores – violeta, azul, verde, amarelo dourado, etc. – e que essas cores formam em vosso redor uma aura imensa, intensa, vibrante, radiante, poderosa. É este o filtro absoluto. Não só nada de impuro, nocivo ou tenebroso pode passar através de uma aura assim, mas também, graças a ela, vos tornais capazes de conhecer o esplendor do mundo divino, podeis beber, saciar-vos, respirar, nadar, nesse oceano cósmico de amor e de felicidade.
Mas, para formar a aura, não basta imaginar cores em seu redor, pois a aura não pode manter-se se não for sustentada por qualidades e virtudes. Como cada cor simboliza uma virtude, as cores da aura só podem manter-se se forem alimentadas pelas virtudes correspondentes. Por isso é que os Iniciados deram prescrições, métodos, que permitem precisamente desenvolver as virtudes que depois se manifestam como cores, como luzes. Então, os espíritos do Alto que observam a Terra, onde só veem trevas, apercebem-se da presença de um Iniciado, de um discípulo, que, no meio destas trevas, irradia, projeta feixes luminosos, e aproximam-se, tomam conta dele, regam-no como uma flor, alimentam-no e projetam luz sobre ele.
Então, caros irmãos e irmãs, hoje registai que o filtro mais eficaz é a nossa aura.

Le Bonfin, 16 de agosto de 1962

ÍNDICE

I Os dois princípios, masculino e feminino
O amor a Deus, ao próximo e a si mesmo ……………………. 9
II Pegar o touro pelos cornos
O caduceu de Hermes, I e II ………………………………………. 27
III A serpente – Ísis sem véu ………………………………………….. 45
IV O poder do Dragão …………………………………………………… 61
V O espírito e a matéria: os órgãos sexuais, I e II …………….. 67
VI Os princípios masculino e feminino:
as suas manifestaçõess, I e II ……………………………………… 79
VII O ciúme ………………………………………………………………….. 93
VIII As doze portas do homem e da mulher ……………………….. 103
IX De Iésod a Kéther:
a sublimação da força sexual ……………………………………… 115
X O filtro espiritual ……………………………………………………… 119
XI Aprendei a comer para aprenderdes a amar! I e II ………… 127
XII O papel da mulher na nova cultura ……………………………… 145
XIII O nudismo – O sentido iniciático da nudez ………………….. 155
XIV Os princípios masculino e feminino:
a questão das trocas, I e II …………………………………………. 169
XV O vazio e o cheio: Poros e Penia ………………………………… 183
XVI O ensinamento do amor nas Iniciações ……………………….. 191
XVII O amor espalhado por todo o Universo ……………………….. 199
XVIII Como alargar a conceção de casamento, I …………………… 209
XIX A alma gémea ………………………………………………………….. 215
XX Tudo reside no olhar………………………………………………….. 223
XXI Como alargar a conceção do casamento, II e III …………… 229
XXII A análise e a síntese ……………………………………………….. 239
XXIII O amor, tal como o Sol, organiza a vida, I e II …………… 247
XXIV O amor materno …………………………………………………….. 257
XXV O vazio e o cheio: o sentido da renúncia …………………… 267
XXVI A questão das ligações ……………………………………………. 277
XXVII A juventude perante o problema do amor ………………….. 287
I As novas correntes ………………………………………… 289
II O casamento …………………………………………………. 296
III Porquê dominar-se…………………………………………. 304
IV A necessidade de um guia ………………………………. 310
V Orientar o amor para o Céu
antes de o orientar para os humanos…………………. 316