VII CAPÍTULO

Há imensas pessoas que se queixam, dizendo: «Eu rezo, peço a ajuda do Céu, mas não recebo nenhuma resposta, o Céu não me ouve, não me escuta.» Não é nada disso, elas é que não sabem ouvir as respostas.
Precisais de saber que no nosso organismo psíquico se produzem os mesmos fenómenos que no nosso organismo físico. Alguém que respira um ar que não é puro, que come alimentos que não são sãos, introduz no seu organismo impurezas que este não consegue eliminar, e as trocas entre o seu corpo e as forças da Natureza deixam de se processar de forma correcta. Da mesma maneira, alguém que nunca vigia os seus pensamentos, os seus sentimentos e os seus actos introduz impurezas no seu organismo psíquico e essas impurezas formam uma barreira opaca entre ele e o mundo divino; então, evidentemente, as comunicações são cortadas.

O mundo divino responde às nossas questões, envia-nos continuamente mensagens, mas, para as recebermos, é preciso prepararmo-nos, e prepararmo-nos significa melhorarmos a nossa forma de viver fazendo um trabalho sobre os nossos pensamentos, os nossos sentimentos e os nossos actos, a fim de os purificarmos. Quantas pessoas que julgavam ter ouvido a voz do Céu caíram nos piores desvarios! É que a voz do Céu passara através do prisma deformador da sua natureza inferior. Quantos casos desses eu encontrei a minha vida! Casos verdadeiramente terríveis: pessoas que vinham dizer-me ou perguntar-me, da parte do Céu, coi¬sas absolutamente sem sentido. E era impossível tirar-lhes as suas ideias da cabeça: era o Céu que as enviava e eu devia obedecer às ordens do Céu que elas me transmitiam. Como, obviamente, eu não obedecia, elas insistiam obstinadamente até quase perderem a cabeça. Eu ficava triste por vê¬las assim, mas que havia de fazer? Com outras, o caso era menos grave, a voz do Céu não pedia nada de extravagante e eu sorria deixando-as pensar que acreditava nelas.
A região inferior da lua, eu já vos disse isso, é a região das brumas, quer dizer, das ilusões, dos desvarios. Ora, é precisamente a esta região infe¬rior de !ésod que está ligado um grande número de pretensos médiuns, curandeiros, radiestesistas, videntes, etc. Eu não digo que eles não possuem
qualquer faculdade; aquilo que critico, à maioria, é a sua presunção. Assim que descobrem em si o mais leve dom neste domínio, em vez de se compenetrarem de que devem trabalhar para o desenvolver, correm em todas as direcções fazendo predições e transmitindo mensagens do Céu. Alguns indicam mesmo a data do fim do mundo e enviam alertas aos chefes de Estado!
Vós dir-me-eis: «Mas não acredita que alguns seres recebem realmente mensagens do Senhor?» Acredito, só que, quando comparo todas essas mensagens enviadas, ao que parece, pelo próprio Deus, sou obrigado a constatar quão contraditórias elas são. Por mais que eu queira acreditar que elas vêm do próprio Deus, tenho é a impressão de que provêem de diversos deuses, e existem tantas entidades no plano astral que querem desempenhar esse papel! O ser que não possui discernimento está perdido, cai nas suas armadilhas. Se fosse o próprio Deus que falasse pela boca de todos esses mensageiros, as mensagens teriam pelo menos o mesmo conteúdo, o mesmo estilo, a mesma sabedoria, dariam o mesmo género de conselhos. Mas eis que a alguns o Senhor dirige palavras grandiosas, sublimes, e a outros Ele conta histórias pueris, ridículas ou mesmo insensatas … ficamos com vergonha d’Ele!
Todos esses profetas, médiuns, curadores e mensageiros do Céu dariam mostras de uma grande