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CAMINHAI ENQUANTO TENDES A LUZ

Autor:Aïvanhov, Omraam Mikhaël

10.00

Informação adicional

Peso180 g
ISBN

978-989-8994-46-2

Ano

2023

Edição

1

Idioma

Formato

110 x 180

Encadernação

Cartonada

N. Pág.

202

Colecção

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«A existência é uma longa cadeia de momentos que deveis viver conscientemente, um após o outro.

Todos os esforços que fazeis são inscritos no Alto, no Livro da Vida, e, graças a esses esforços, muitas bênçãos estão a ser preparadas para vós! Quando as receberdes, ao perguntardes: «Porquê estes presentes?», responder-vos-ão: «Porque, por intermédio do teu trabalho, te elevaste até às regiões da luz, e também levaste a luz e a paz a seres que estavam em sofrimento e na escuridão.»

Não posso dizer-vos mais nada. Segui em frente, avançai no caminho da luz. O que há no final desse caminho? Descobri-lo-eis quando lá chegardes, e ficareis deslumbrados.»

X
AS NOSSAS RELAÇÕES COM OS ESPÍRITOS FAMILIARES

 

Todos vós sois capazes de vos entusiasmar ao descobrir uma verdade espiritual e sois sinceros quando dizeis que, doravante, quereis viver em harmonia com ela. Mas esse entusiasmo desaparece muito depressa. Porquê? Porque os habitantes dos biliões de células que compõem o vosso corpo não estão todos convencidos. A luz que acabastes de receber e a boa decisão que tomastes só conseguiram tocar algumas delas. As outras fazem orelhas moucas e recusam-se a alterar os seus hábitos. Elas resistem e, como são mais numerosas, vencem. É isto que é difícil: arrastar toda a nossa população interior.

 

Só um verdadeiro Iniciado consegue penetrar o suficiente em si mesmo para estabelecer relações com as células de todos os seus órgãos e controlá-las. A maioria dos seres humanos domina apenas algumas células do cérebro, dos braços e das pernas; todas as outras escapam ao seu controlo. Algumas pessoas disseram-me que, de manhã, quando acordam, por vezes têm a sensação de que não conseguem retomar a posse do corpo, como se durante o sono alguém se tivesse instalado nele e as proibisse de entrar. Não é grave, a menos que este fenómeno seja prolongado ou ocorra com frequência.1 Então, tive de explicar a essas pessoas que nós somos habitados por um elevado número de criaturas, pois cada uma das nossas células é uma entidade viva, e que devemos fazer o possível para as manter sob controlo.

Estudar a anatomia humana é um pouco como contar e descrever as diferentes partes de um edifício. Ora, este edifício não está vazio, e aqueles que o ocupam são de diferentes tipos. Existem em nós, claro, entidades espirituais, mas também há animais: répteis, feras, aves, gado, etc., um autêntico jardim zoológico! É evidente que eles não estão lá fisicamente, mas existem psiquicamente, na forma de tendências instintivas.2

Deixemos os animais de lado, por enquanto… No edifício que cada ser humano representa, estão também amontoados todos os seus antepassados, todas as gerações que o precederam. São designados pelo termo abstrato “hereditariedade”, mas na realidade são criaturas bem vivas que habitam nele e que o puxam em todas as direções, boas ou más.

Sim, deveis saber que os membros da vossa família que deixaram a terra, especialmente os vossos pais e os vossos avós, vêm visitar-vos, porque estão interessados em saber aquilo em que vos tornais, o que fazeis desde que eles partiram. Quando vos veem empenhados no caminho do bem, da luz, ficam felizes, mas, se assistem a recuos, a quedas, sentem-se traídos pelos filhos ou netos. Ao observarem-vos, também são levados a questionar-se sobre as suas próprias ações durante vida que tiveram na terra, e ainda sobre a educação e o exemplo que vos deram. Compreendem o que descuraram, que erros cometeram, e tentam introduzir-se em vós, para vos aconselharem. Por isso, quando passais por dificuldades, por provações, podeis dirigir-vos a eles e pedir-lhes ajuda.

Infelizmente, também há que reconhecer que nem todos esses seres dão bons conselhos. Porquê? Porque, muitas vezes, esforçam-se por continuar a saborear, através dos seus descendentes, certos prazeres aos quais estavam muito apegados na vida terrena. Cada um de nós transporta esses antepassados a que a Ciência Iniciática chama “espíritos familiares”, com as suas conceções obsoletas, os seus velhos hábitos, o que explica certas bizarrias nos comportamentos. Há pessoas que foram capazes de realizações excecionais, não recuando perante nenhum esforço, mas que não conseguem livrar-se de um mau hábito que, para outras, seria tão fácil de superar.

Lembro-me de um bispo que, certa vez, veio fazer uma confidência ao Mestre Peter Deunov. Ele disse-lhe: «Superei muitas das minhas fraquezas e não consigo entender por que motivo me é impossível desistir de comer carne de porco. Sempre que a como, fico doente e prometo a mim mesmo não voltar a comer, mas é mais forte do que eu, como de novo.» O Mestre respondeu: «Na sua família, teve certamente um parente, próximo ou distante, que gostava muito de carne de porco. Ele está tão fortemente ligado a si, que não consegue libertar-se do seu domínio; é ele que, por seu intermédio, continua a regalar-se com essa carne.»

Existe toda uma literatura sobre os espíritos familiares e as suas diferentes manifestações, pelo que não quero alongar-me sobre este assunto, mas apenas dar-vos algumas noções essenciais. as suas manifestações psíquicas? Porque nunca aprenderam que ele é a soma da multiplicidade de seres que traz em si e relativamente aos quais, na maioria das vezes, não sabe quem são e o que querem realizar através dele.

O que faz um ser humano pensar, sentir ou agir de uma determinada maneira continua a ser um grande mistério. Por isso, dou-vos um conselho. Talvez tenhais parentes ou pessoas muito próximas que não concordam com a via espiritual que decidistes seguir. Acham que estais a perder o vosso tempo, que estais no caminho errado. Não deixeis de falar com eles, tentai fazê-los compreender porque escolhestes este caminho. Mesmo que não acreditem em vós, mesmo que não aceitem, falai com eles.

Não estou a dizer que deveis dar-lhes lições de moral ou fazer-lhes longos discursos, mas de vez em quando, no meio de uma conversa ou a propósito de um acontecimento, dizei-lhes algumas palavras. Mesmo que eles protestem ou finjam que não ouviram, o pensamento que formulastes deixará em si um registo benéfico. Senão, sabeis o que pode acontecer? Quando esses vossos parentes deixarem a terra, continuarão a querer desviar-vos do vosso ideal e, portanto, virão insinuar-se, apresentando os seus argumentos; então, quando eles tiverem conseguido inspirar dúvidas em vós, pensareis que essas dúvidas são vossas e acabareis por capitular.

 

Tudo isto é novo para vós, não é? Mas é a verdade. Afirmo-vos que se sabe muito pouco sobre o psiquismo humano. E posso revelar-vos ainda uma outra coisa. Quando vindes escutar-me, pensais que só vós estais na sala. Mas não, há entidades do mundo invisível que também vêm ouvir-me; algumas são almas desencarnadas e entre elas estão membros da vossa família que deixaram a terra. Eles vêm por vossa causa, e aqueles de vós que são sensíveis podem aperceber-se, por vezes, a sua presença.

Que conclusão podeis tirar do que acabo de dizer-vos?… Uma vez que cada um traz em si gerações de seres humanos dos quais descende, quando vence as suas fraquezas consegue arrastar toda a sua família interior para o caminho da luz e da libertação. Deste modo, faz um bem imenso a toda a sua ascendência, e também aos seus descendentes, naturalmente, aos quais transmitirá as riquezas que adquiriu. Trabalhar sobre si mesmo é tão mais importante na medida em que, ao fazê-lo, se melhora gerações inteiras, porque se lhes lega os frutos dos seus esforços. Não vivemos nem agimos apenas para nós mesmos, mas também para muitas outras criaturas pelas quais somos igualmente responsáveis.

Foram apenas algumas palavras sobre os espíritos familiares. Quando decidis trilhar o caminho da luz, não apenas vos libertais da sua influência perniciosa, mas também os educais, os iluminais e os arrastais convosco. Portanto, persisti nos vossos esforços e, se eles se recusarem a seguir-vos, deixai-os e continuai a vossa ascensão até ao topo. A uma certa altitude, esses espíritos recalcitrantes são obrigados a deixar-vos, pois não suportam o ar rarefeito das alturas e desistem.

Então, lançai-vos para as regiões da luz. Também lá habitam espíritos, espíritos muito poderosos; pedi-lhes ajuda, eles estender-vos-ão uma corda, vós agarrá-la-eis, e eles içar-vos-ão para junto de si.

Não estais já um pouco preparados para me compreender?

 

Notas
1. Cf. Acerca do invisível, Col. Izvor n.° 228, cap. XV: «Proteger-se durante o sono».
2. Cf. O trabalho alquímico ou a busca da perfeição, Col. Izvor n.º 221, cap. IV: «A herança do reino animal».

I Para não ter de se dizer de novo: «Se eu soubesse!…» …… 7
II «Não deixes que a tua mão esquerda saiba o que faz a direita» ….. 19
III Programa para o dia e programa para a eternidade……….. 43
IV «Não vos inquieteis com o amanhã»………… 59
V Só o presente nos pertence ……………………… 69
VI Antes que o Sol se ponha ……………………….. 79
VII A passagem para o além …………………………. 93
VIII A vida sem limites ……………………………….. 107
IX O sentido dos ritos fúnebres ………………….. 119
X As nossas relações com os espíritos familiares…. 129
XI Qual é a vontade de Deus? ……………………. 139
XII Ao serviço do princípio divino ……………… 147
XIII Elevar-se até ao altar do Senhor …………….. 163
XIV Continuai a caminhar! ………………………….. 173
XV No limiar de um novo ano ……………………. 189