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Bhagavad Gita – Cântico Divino

Autor:Quelecar, Rajarama

15.00

Informação adicional

Peso280 g
ISBN

978-989-8994-20-2

Ano

2021

Edição

1

Idioma

Formato

145 x 210

Encadernação

Cartonada

N. Pág.

172

Colecção

REF: 808 Categorias: , , , , , ID do produto: 23561
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SINOPSE

A Bhagavad-Gītā ensina-nos que a finalidade do homem é a sua espiritualidade, e que todo o homem deve trabalhar sem esmorecer para alcançá-la, utilizando para esse fim, todas as suas possibilidades, esclarecendo-nos mais as verdades superiores da filosofia e da religião, a conduta do homem na sociedade e a da sociedade humana no mundo cósmico. Quando deixarmos de nos limitar neste centro estreito que é o nosso corpo realizaremos então, Deus, em nós que é o nosso Eu. São estes e outros ensinamentos que tornam o poema maravilhoso.

Sobre o Autor:
O que se sabe sobre Rajarama Quelecar, a quem se deve esta obra da Bhagavad-Gītā é que era natural de Goa, e que fez parte de uma elite cultural, que se desenvolveu principalmente na literatura durante o século XX, traduzindo-a do sânscrito para português e sendo publicada em 1956. Que era
médico e, portanto, estaria familiarizado com o conhecimento do sânscrito, já que a medicina convencional indiana assenta, naturalmente, no milenário saber do Ayurveda, o que exige o
conhecimento desta língua védica. Não foi possível obter mais referências sobre Rajarama Quelecar e apenas temos conhecimento da publicação do livro numa editora no Brasil, em 2013, a qual fez diligências em Goa sobre o autor, infrutiferamente, tornando-se, assim, esta obra de domínio público.

APRESENTAÇÃO

Maria Ferreira da Silva

Constituirá sempre uma honra para qualquer editora publicar o nobre ensinamento da Bhagavad-Gītā, um dos clássicos da literatura filosófica ou religiosa da India, um verdadeiro saber universal. Pela minha parte é gratificante participar nesta obra elaborando a sua edição a convite da editora, pois transporta-me de novo à excelência da literatura indiana. Desde que conheci esta versão do Cântico Divino, num livro de folhas amareladas pelo tempo, que a elegi, tal relíquia sagrada, como a melhor leitura da Bhagavad-Gītā. Na realidade esta obra-prima é por si só uma inspiração, com a qual nos congratulamos, agradecendo e prestando sincera homenagem ao autor desta tradução, Rajarama Quelecar. Agradeço também às Publicações Maitreya esta edição, e por ter aceitado esta minha preferência. Desta forma vemos a Colecção “Luz do Oriente” preenchida com um dos textos mais enriquecedores de uma cultura espiritual e atemporal.
A boa leitura deste livro, resulta do modo simples de apresentação dos sūtras1, livre de explicações intermédias, evitando pausas mentais, que torna deste modo o texto “corrido” sem
interrupções no fluxo de leitura, captando-se assim a influência catalisadora do momento, ou de maior absorção espiritual; naturalmente o propósito deste tipo de ensinamento.
O que se sabe sobre Rajarama Quelecar, a quem se deve esta obra da Bhagavad-Gītā é que era natural de Goa, e que fez parte de uma elite cultural, que se desenvolveu principalmente na literatura durante o século XX, traduzindo-a do sânscrito para português e sendo publicada em 1956. Que era
médico e, portanto, estaria familiarizado com o conhecimento do sânscrito, já que a medicina convencional indiana assenta, naturalmente, no milenário saber do Ayurveda, o que exige o
conhecimento desta língua védica. Não foi possível obter mais referências sobre Rajarama Quelecar e apenas temos conhecimento da publicação do livro numa editora no Brasil, em 2013, a qual fez diligências em Goa sobre o autor, infrutiferamente, tornando-se, assim, esta obra de domínio público.
Quanto à narrativa da Gītā, a introdução do autor, já é elucidativa sobre os motivos e anseios dos protagonistas principais e de onde provém este Cântico Divino; ele faz parte de uma das mais excelentes obras épicas, o Mahābhārata (2), a grande compilação, que inclui normas e leis (3) da Índia, assentes no Veda.
A Bhagavad-Gītā, pode considerar-se a pedra preciosa de rara pureza, extraída desta magnífica obra, a qual se funda numa fascinante escatologia, num cadinho de poesia, religião e metafísica,
que emociona pela narrativa das acções heroicas dos guerreiros, mas não só, pois ela catalisa e eleva espiritualmente.
De facto, a riqueza deste ensinamento engloba também deveres éticos, familiares, sociais e universais e, especialmente, considerações sobre o Divino, primorosamente naturais, numa
linguagem perene, fluida, simples e directa. No Mahābhārata encontra-se condensado, de certa forma, tudo o que respeita ao Hinduísmo, abrangendo religião e cultura de uma grande parte
da História da Índia.
Quase como um dogma, diz a sabedoria indiana; «Se não está no Mahābhārata não está em nenhum lugar». Ouvi esta frase em diversas ocasiões pronunciada pela Dra. Margarida Corrêa de Lacerda, professora de sânscrito, e que acompanhou esta minha transcrição do texto para o computador; trabalho que realizei há já alguns anos, quando residia em Cascais. Preparei esta obra – a Bhagavad-Gītā, de Rajarama Quelecar – para inserir no Spiritus-Site (4) (forma digital) tendo, então, a Professora aconselhado sobre as palavras em sânscrito, contudo, a tradução do autor foi respeitada na íntegra, sem alterações.
Sem dúvida, que através da Bhagavad-Gītā, ao longo do tempo, pôde estabelecer-se um entendimento harmonioso entre as doutrinas que se intitularam pré-védicas, não brahmanicas (5),
com as que se caracterizavam védicas, pois transmite um ensinamento deveras abrangente, que serve uma miríade de ideias e ideais universais, onde todos se podem rever. A proclamação
fundamental da Gītā e, que abraça todos os sistemas religiosos ou filosóficos da Índia, é a libertação dos laços mais terrenos, pelo ganho espiritual e, este pode ser obtido pela entrega devocional,
pelos deveres sociais, ou pelo ascetismo, mas sobretudo, pela renúncia aos escolhos ou motivos egoístas.
Ensina que o ser humano não pode deixar de agir, faz parte do karma universal, devendo-o fazer de forma desinteressada, a favor de uma unidade, Yoga (6), contrariando o ganho do interesse
pessoal, pelo bem comum ou universal – só assim, as acções podem ter ressonâncias favoráveis por toda a humanidade – exortações que Kṛṣṇa faz a Arjuna ao invocar o cumprimento do seu dever. Assegura ainda que a acção libertadora é a que se fundamenta na sabedoria, quando realizada com renúncia total. A espiritualidade da acção situa-se na qualidade (ou guṇa) (7) de sattva, na qual dharma e karma se fundem numa justa acção individual, social e religiosa, simultaneamente.
Transmitido, então, em forma de diálogo, que toca nos sentimentos mais caros, numa confluência de emoções, narra os feitos de duas fações familiares, os Kauravas e os Pāṇḍavas, confrontando-se numa dura disputa dinástica. Depreende-se, desde logo, que o verdadeiro confronto é de natureza da consciência interna, colocando os sentimentos em causa, pela honra e pelo dever, bem como, pela fé na transcendência. Arjuna deve sobrepor o sentido afectivo pelo dever de defender e lutar
pelo seu território. Aproveitando, então o conflito, tanto interno, quanto externo, Kṛṣṇa surge como companheiro e mentor de Arjuna, que desenvolve todo o ensinamento, apelando à honra do guerreiro e, assumindo a sua verdadeira natureza divina como Ser Supremo, participante na congratulação da vida. Advertências, no entanto, raras num contexto religioso, aparentemente contraditório perante a perplexidade e angústia de Arjuna.
A preservação da ordem do mundo nas epopeias da Índia, passa pela dicotomia entre os deuses (8) e os simples mortais, que recebem instruções de conduta, quer religiosa, quer social, ou de atitudes pessoais, sempre estabelecendo e lembrando a relação do divino com o mundo da matéria. A Gītā é assim também um ensinamento didático, com forte impacto na mentalidade hindu, que abarca todas as camadas sociais com base no Dharma (9), o Dever – a acção correcta – de qualquer um, nas obrigações comportamentais. Que a ordem social do mundo está interligada com a ordem divina e, portanto, também sempre numa correlação devocional e assim Kṛṣṇa vem como o instrutor, que repõe a ordem numa linguagem emocional, porém transcendente, usando a fé como um amparo espiritual que consola e abriga, de forma simples sem esforço, sempre reinventado e renascendo eternamente.

(1) Sūtras – Literalmente, “fio”. Aforismos, mnemónica. Palavras condensadas.
(2) O Mahābhārata contém a história dos grandes feitos de Bhārata, incluindo a célebre narrativa da Bhagavad-Gītā. A sua autoria é atribuída a Vyāsa, nome que aparece em diferentes e distantes épocas, podendo na verdade, não ser um nome próprio, de um autor, mas ser a designação de alguém que compila, compõe, reúne um trabalho. A palavra vyāsa (dicionário, Monier Williams) – significa, “separação”, “difusão”, “compilação”, “separação”
(3) Leis de Manu – Pensador, da raiz man – pensar. O Legislador,Espírito Regente da Humanidade num determinado ciclo de evolução.Inteligência. “Criatura pensante”. Nome atribuído ao progenitor
da humanidade em cada Kalpa ou “Dia de Brahmā”. Cf. A Escrita Perfeita – Pequeno Dicionário de Sânscrito, de Maria Ferreira da Silva, Publicações Maitreya.
(4) No referido Site – Fundação Maitreya, foi publicada a Bhagavad-Gītā, entre 2004 a 2006, pelo que, toda a obra além de transcrita para computador, teve impressão em papel, em cujas folhas ainda se encontram anotações da Prof. Margarida C. de Lacerda.
(5) Filosofias não védicas, que se colocam anteriores ao Veda, tal o Jainismo e o Sāṃkhya.
(6) Yoga – da raiz yuj “unir” ligar. União. Vinculação. Conjunto de meios pelos quais o ser humano pode atingir a união com o Espírito Supremo. Comporta disciplina moral, mental, física e meditação. Via do conhecimento para a iluminação. Cf., Yoga Sūtras de Patañjali, de Maria F. da Silva – Publicações Maitreya.
(7) Guṇa– Qualidade. As três qualidades da matéria são: sattva equilíbrio,rājas actividade, tamas inércia.
(8) Deuses da mitologia. Os Purānas, escrituras védicas contém narrações históricas ou colecções de mitos e lendas, onde os principais deuses do olimpo hindu são Viṣṇu e Śiva, instruindo os seres humanos através do simbolismo, sempre com conteúdo metafísico e de carácter sobrenatural.
(9) Dharma – Da raiz dhri – dever, sustentar. Lei, “Aquilo que é firme”. Rectidão. Designa as condições do nascimento. Conceito de dever e ordem, conduta prescrita. Justiça, virtude, moral, mérito religioso. Inclui virtudes como a não-violência, compaixão e generosidade. Cf., A Escrita Perfeita – Publicações Maitreya.

ÍNDICE

Apresentação………………………………………………………………7
Introdução………………………………………………………………13
Canto I – Campo sagrado de Kuru e angústias de Arjuna…………17
Canto II – Ética indiana e concepção idealista do homem…………25
Canto III – A acção e o seu determinismo……………………………39
Canto IV – Revelação do divino na humanidade
e significado do sacrifício………………………………………………47
Canto V – Yoga da acção………………………………………………55
Canto VI – A prática do Yoga…………………………………………61
Canto VII – Conhecimento intuitivo e discursivo……………………71
Canto VIII – Conhecimento de Brahman……………………………77
Canto IX – Conhecimento da devoção………………………………83
Canto X – Suprema Palavra…………………………………………91
Canto XI – Visão do macrocosmos……………………………………99
Canto XII – Caminho da devoção……………………………………111
Canto XIII – Primeiros princípios……………………………………115
Canto XIV – A natureza e as suas qualidades………………………123
Canto XV – O princípio espiritual no cosmos e no homem…………129
Canto XVI – Espiritualidade e materialidade………………………133
Canto XVII – Variadas tríades………………………………………139
Canto XVIII – Conclusão………………………………………………145
Glossário……………………………………………………………….…………159