SINOPSE
O movimento processa-se em espiral ondulatória, que se expande e contrai com deslocamento progressivo do sistema.
E a estrutura desse deslocamento é o nó górdio científi coactual.
Tudo existe em circulação energético-informacional. E para se estabelecer a articulação orgânica de tudo com tudo no Universo, é indispensável a intelecção de uma lei unitária inteiramente solidária com o movimento, de uma lei, ela própria, movimento. E esta Lei Unitária implica uma cosmovisão
unitária perspectivando a unificação da ciência.
O tempo, em unidade indissolúvel espácio-temporal, é inteligível a três “dimensões”. E a limitação de Einstein subsiste ainda como obstáculo epistemológico: a concepção unidimensional do tempo, isto é, a tradução do tempo em simples duração linear aferida por mecanismos de relojoaria.
Não existe propriamente o orgânico e o inorgânico, mas níveis mais complexos ou mais elementares de vida. Porque a vida não é uma “coisa”, mas um processo de auto-organização e de comunicação de que estádio de complexidade algum está excluído.
E uma vez que a natureza é em todos os seus estádios de complexidade um organismo vivo, então, não representaram as especulações alquimistas a pré-história da ciência mecanicista-positivista, mas esta a pré-história da ainda futura Ciência Orgânica a alicerçar-se de algum modo na Alquimia.
Porque ainda é do futuro essa Ciência Orgânica verdadeiramente ecologista.
E é como quadro epistemológico geral de referência potenciador desta Ciência Orgânica ainda do futuro, que a Teoria do Campo (Caminho) Unitário se perspectiva e se apresenta.
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CARÁCTER PEDOMÓRFICO
A transmissão hereditária é um fenómeno de síntese relativamente a dois dígitos e opera-se da mesma forma que todo o processo evolutivo. E essa síntese entra, a partir do ovo, em expansão, uma expansão que tem limites, naturalmente, que alterna ondulatoriamente com a contracção e que corresponde a um como que desenrolar do projecto teleonómico genético.
Melhor dizendo, essa expansão vai ser o resultado das trocas informacionais entre o património genético e o meio ambiente em geral. E o limite à expansão depende do estádio evolutivo em que se encontre esse património. Com efeito, todos os ciclos inscrevem em si outros ciclos mais elementares e se inscrevem, por sua vez, noutros englobantes através de um processo infinito reflectido pela Lei Unitária. Porque assim é, porque os ciclos se limitam mutuamente, nenhum deles pode prolongar infinitamente a sua expansão. Aliás, a expansão-contracção é um processo sequencial ondulatório sem hiatos, conforme à sequência da “constante” variável ou razão dinâmica deduzida da equação unitária.
Se a “constante” fosse invariável, ou mesmo se a sua variabilidade fosse contínua, isto é, não oscilatória, então, o processo evolutivo seria gerontomórfico. Mas ela segue uma sequência de fluxo-refluxo, de alternância ondulatória, de avanço-recuo, de expansão-contracção, e a transformação é,
digamos, o “saldo” que se verifica após cada ciclo completo dessa expansão-contracção. Ora, porque nunca se regressa ao ponto de partida quando se inverte o fluxo em refluxo a evolução aparece-nos como um processo pedomórfico, se bem que, na realidade, o processo seja sempre de duplo deslocamento tanto na expansão como na contracção, na análise como na síntese. Aliás, a expansão como a contracção, dado esse duplo sentido do movimento, constituem simultaneamente
um progresso e um regresso.
É com a chamada lei de muda que Teilhard de Chardin mais se aproxima da intelecção do carácter ondulatório do processo evolutivo, do seu fluxo-refluxo, da expansão-contracção. Mas não chega a passar de uma verificação empírica, não há uma articulação teórica consistente. Chardin não compreende ainda muito bem que na sequência da evolução há também involução, que os sentidos do movimento se invertem em alternância, etc.. Bastante mais longe vai já Edgar Morin, particularmente nesse livro maravilhoso que é «O Paradigma Perdido». E ainda mais Arthur Koestler, que (tanto quanto posso saber) é o próprio criador do termo «pedomorfose» nessa obra fantástica que é «O Fantasma da Máquina».
O fenómeno da pedomorfose verifica-se porque em cada estádio de complexidade há um limite à expansão que, uma vez atingido obriga ao recuo, à inversão de sentido para saltar de novo, para se reorientar, para alterar a curvatura da espiral.
Por isso (o fenómeno da pedomorfose está intimamente ligado à relação ontogénese-filogénese), não se pode dizer que a ontogenia repita rigorosamente a filogenia como, por vezes, se considera.
A relação ontogénese-filogénese é uma relação conjuntura- estrutura, e isto não são designações de realidades fixas porquanto elas somente se definem uma por relação à outra.
A filogénese é o ciclo englobante da ontogénese, e esta torna-se filogénese relativamente a estádios que integre. A ontogénese é uma sequência de sequências no interior de outro processo ondulatório englobante, e assim sucessivamente. Mas entre essas sequências, as relações continuam a ser de sequências, pelo que a relação ontogénese-filogénese é, afinal, o nome específico da relação Ser-Campo, agora, especificamente ao nível da Biologia. Também se inscreve no plano geral da relação
ontogénese-filogénese a sequência dos estádios de desenvolvimento da criança investigados por Piaget e expostos no âmbito da Epistemologia Genética.
Cada Ser é o vértice da sua trajectória evolutiva, memória da informação estrutural dessa trajectória. Mas não se trata de uma simples acumulação informacional uma vez que há o deslocamento do sistema pela alternância expansão-contracção, pelo fluxo-refluxo. A memória hereditária perde e ganha informação por cada ciclo, alterando-se simultaneamente a lei que lhe é consubstancial, isto é, mudando de estádio a própria Lei Unitária. Sendo assim, não se pode falar de rigorosa repetição
do desenvolvimento da espécie no processo de desenvolvimento ontogenético do indivíduo; aquilo que verdadeiramente se repete é a hierarquia dos estádios de complexidade.
A espécie não é o ciclo por excelência, integra e integra-se noutros num escalonamento de sequências de sequências tendencialmente infinito. Nenhum ciclo, nenhum estádio ocupa posição privilegiada no processo evolutivo, já que o deslocamento de uma estrutura depende do deslocamento das outras e vice-versa. O desenvolvimento opera-se por deslocamento do sistema, pela rectificação pedomórfica da direcção do projecto, a todos os níveis de complexidade. Koestler considera que a evolução biológica e a evolução das ideias se operam segundo um processo geral idêntico, enfim, o recuar para saltar como ele lhe chama. Ora, o deslocamento do sistema obedece realmente à mesma Lei Unitária. E a evolução do conhecimento ou da sociedade assenta num processo de deslocamento da tendência à dominância, é um deslocamento tendente sempre a novos “centros de gravidade”. Aliás, as estruturas político-sociais e económicas tendem a “saltar” qualitativamente, a transmutar-se, pedomorficamente, durante os períodos de recessão.
ÍNDICE
Apresentação Global da Teoria do Campo (Caminho) Unitário… ……… 7
Agradecimentos… ………………………………………………………………………………….………13
Nota à Margem…………………………………………………….…………………………………………19
Prólogo……………………………………………………………………….…………………………………… 29
Introdução……………………………………………………………..…………………………………………37
Espiral Ondulatória………………………………………………….…………………………………… 47
Expansão – Contracção…………………………………….………………………………………… 50
Auto-regulação e Campo Unitário……………………………………..……………………… 62
O Ponto e a Circunferência… ………………………………………..…………………………… 67
A Ressonância… …………………………………………………………………………………………… 74
Movimento Ondulatório Eterno………………………………….……………………………… 80
Lei Unitária – Lei Orgânica… …………………………………….………………………………… 87
Cosmologia Orgânica……………………………………………………………..…………………… 90
Simetria – Assimetria… ……………………………………………………..………………………… 99
A Expressão da Lei Unitária é necessariamente um “Modelo”………… 109
“Modelo” da Lei Unitária………………………………………………….………………………… 120
As “Dimensões” do Tempo………………………………………………..……………………… 125
Linguagem Natural e Linguagem Cultural…………………..………………………… 140
Carácter Pedomórfico… ………………………………………………………………….………… 149
Transmutar é Deslocar o Projecto……………………………..…………………………… 153
Cultura e Natureza……………………………………………………………..……………………… 160
Reino Hominal…………………………………………………………..………………………………… 167
Conclusão… ……………………………………………………………………………….………………… 176
Posfácio… …………………………………………………………………………..………………………… 182
Anexo… ……………………………………………………………………………….………………………… 184
A Quadratura do Círculo e o Eterno Feminino……………………………………… 184