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CONHECE-TE A TI MESMO – Jnani Yoga – Tomo I

19.00

Informação adicional

Peso375 g
ISBN

978-989-8994-21-9

Ano

2021

Edição

1

Idioma

Formato

145 x 210

Encadernação

Cartonada

N. Pág.

274

Colecção

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«Conhece-te a ti mesmo…» Era esta a frase que estava inscrita no frontão do templo de Delfos. Mas quem é este “nós mesmos”, que devemos conhecer? Direis: «Oh, são os nossos defeitos e as nossas qualidades.» Não, isso ainda não é conhecer-se. Conhecer-se é saber que somos formados por diferentes corpos (físico, etérico, astral, mental, causal, búdico e átmico) e conhecer as suas necessidades… Os Iniciados da Antiguidade insistiram tanto na necessidade do conhecimento de si precisamente porque este conhecimento abre grandes possibilidades de avançar, de progredir, de obter bons resultados. Enquanto não se conhecer as necessidades do seu Eu Superior, dá-se sempre tudo ao corpo físico, que fica enfartado, enquanto a alma e o espírito, famintos, sedentos, sufocam e morrem.
«Conhece-te a ti mesmo…» Toda a Ciência, toda a sabedoria, reside nisto: conhecer-se, reencontrar-se, realizar a fusão do eu inferior com o Eu superior. O símbolo do Iniciado que conseguiu reencontrar-se é a serpente que morde a própria cauda. A serpente que rasteja na terra é uma linha, recta ou sinuosa, e a linha é limitada. Mas a serpente que morde a própria cauda torna-se um círculo, e o círculo é o infinito, o ilimitado, a eternidade. O homem que conseguiu realizar o símbolo do círculo do círculo entra num mundo onde já não há limites, deixa de haver uma separação entre o Alto e o baixo, pois todas as forças, todas as riquezas e todas as virtudes que o verdadeiro Eu possui se infundem no pequeno eu. O pequeno e o grande passam a ser um só e o homem torna-se uma divindade.

Omraam Mikhaël Aïvanhov

V capítulo

O SACRIFÍCIO

Para a maioria dos humanos, a palavra “sacrifício” está conotada com a ideia de dificuldade, de privação, de sofrimento. Para os Iniciados, pelo contrário, está associada à ideia de amor, de alegria, porque eles sabem o que é o sacrifício, qual é a sua utilidade, e por isso só pensam em fazer sacrifícios.1
O sacrifício é a transformação de uma matéria numa outra matéria, de uma energia numa outra energia: privamo-nos de uma coisa para ter outra melhor em seu lugar. É isto o sacrifício. Pegai num pedaço de carvão: é negro, feio, sem brilho. Se o sacrificais, ele torna-se calor, fogo, luz, beleza. Portanto, se não quiserdes fazer sacrifícios, continuareis sempre com o que é feio, fraco, impuro. Enquanto mantiverdes a ideia de que o sacrifício é sofrimento e pobreza, é claro que não tereis vontade nenhuma de fazer sacrifícios. Mas é necessário, evidentemente, adotar o ponto de vista iniciático, o qual ensina que só se deve renunciar a uma coisa para a substituir por outra melhor. Quereis renunciar a um mau hábito: o jogo, por exemplo, a bebida, as mulheres… Enquanto não o tiverdes substituído, ele virá tentar-vos, atormentar-vos, e sucumbireis, porque não suscitastes uma outra necessidade capaz de lutar contra ele. Enquanto os humanos não tiverem compreendido isto, farão experiências muito dolorosas, e depois, é claro, dir-vos-ão que não vale a pena tentar fazer sacrifícios, pois não só não se consegue, como se fica mais infeliz.
Nunca conseguireis vencer o que quer que seja de nocivo enquanto não procurardes substituí-lo por uma outra entidade, uma outra força, uma outra qualidade. Podeis encontrar inúmeros exemplos na vossa vida. Dais-vos com alguém que exerce uma má influência sobre vós: inconscientemente, imitais as suas reflexões, a sua maneira de pensar, as suas reações, e, ao fim de algum tempo, apercebeis-vos de que as outras pessoas vos viram as costas: já não gostam de vós. Se decidirdes deixar de vos relacionar com essa pessoa para não continuardes a imitá-la, não conseguireis. Mas basta que passeis a relacionar-vos com outra. Aliás, isto é uma solução que os humanos frequentemente encontram por si próprios. Quando um homem quer libertar-se de uma mulher que só lhe traz problemas, trata de encontrar outra!
Portanto, os humanos guiam-se instintivamente segundo os preceitos da sabedoria eterna. Só que esses preceitos nem sempre são bem aplicados. Quando um homem quer mudar de mulher para encontrar um pouco mais de felicidade, não é certo que a encontre. Pode mesmo acontecer que, para fugir a uma megera, ele encontre outra bem pior. Ou então muda-se de regime político e o seguinte também não é melhor. O instinto de mudança está muito desenvolvido nos humanos. Porém, o que é que o marido que está farto da mulher e procura outra, porque isso o desperta, o estimula, deve fazer com a antiga mulher? As leis cármicas existem. É nisto que não se pensa: gosta-se da mudança e isso está certo. Mas para tal é necessária uma ciência. Os humanos sentem, de um modo confuso, que é preciso mudar qualquer coisa, mas não é tanto no exterior que se deve realizar mudanças, é em si mesmo.
Quereis saber, por exemplo, como podeis substituir a vaidade? A vaidade é querer ser glorioso entre os homens, tornar-se notado, estimado, apreciado, procurado, convidado… fotografado! Se quiserdes vencê-la, podereis lutar durante toda a vida, mas não conseguireis, ela continuará lá. Então, o que deveis fazer? Precisais de compreender que desejar a glória é uma tendência normal, natural, mas que, em vez de se procurar a glória entre os humanos, há que procurá-la no Céu, entre os Anjos e os Arcanjos. Substituireis, pois, a glória terrena pela glória divina e estareis salvos.2 É deste modo que a vossa vaidade vos levará até ao Céu, pois compreendestes que é ao Céu que deveis procurar agradar, e não aos humanos. Essa vaidade não só é permitida, como até é recomendada.
Não se pode fazer sacrifícios se não se vir a utilidade que eles têm. Aliás, se um sacrifício não tiver qualquer utilidade, é melhor não o fazer. Como vedes, eu também tenho o sentido da utilidade, não quero fazer as coisas estupidamente, sem um propósito. Então, porque é que haveis de fazer, por exemplo, sacrifícios para a Fraternidade, porque é que haveis de consagrar-lhe a vossa vida, o vosso tempo, as vossas energias? Porque tendes o maior interesse em fazê-lo. Todos os sacrifícios que fazeis por uma ideia transformam-se em ouro, em luz, em amor. É este o segredo! O maior segredo é a ideia, a ideia para a qual trabalhais. Se trabalhais para vós próprios, para satisfazer os vossos desejos, as vossas necessidades, os vossos instintos, as vossas paixões, a vossa cobiça, todos os sacrifícios que fazeis para conquistar os outros, para os lisonjear, para os ter na mão, não se transformam em luz, em energia divina. Há imensa gente que faz enormes sacrifícios de dinheiro, de saúde, mas, como a sua intenção, a sua ideia, é mais ou menos terra-a-terra, esses sacrifícios não dão grandes resultados. As pessoas ignoram a importância da ideia que está por detrás do sacrifício. A ideia é que é o lado mágico, a pedra filosofal que transforma tudo em ouro. Por isso eu vos digo: trabalhai pela ideia divina de que a luz triunfe no mundo, de que a Grande Fraternidade Branca Universal se instale na terra, de que o Reino de Deus venha. Tudo o que fizerdes por esta ideia transformar-se-á em ouro, ou seja, em saúde, em beleza, em luz, em força.
Portanto, é necessário que os sacrifícios que decidis fazer tenham sentido. Existem certas pessoas que, para fazerem “sacrifícios”, se casam com um dado homem ou uma dada mulher, pois pensam que, casando-se, salvarão esse homem, que é um bêbado, ou essa mulher, que é neurasténica. Mas será que os salvarão? Só Deus sabe! Como percebeis, a bondade não falta, a generosidade não falta. O que falta é a luz. As pessoas são cegas e não anteveem as coisas. Então, é pena que todas essas qualidades, todas essas virtudes, sejam desperdiçadas para nada. Mais vale que sejam consagradas a um trabalho divino que ajudará milhares de pessoas e não uma só. Além disso, nem sequer se tem a certeza de que essa pessoa seja ajudada. O mais certo é que se torne uma vítima.
Muitos fazem como aquela bolotazinha que, sentindo o coração cheio de amor, decidiu correr mundo para fazer o bem. O velho carvalho dizia-lhe: «Escuta, pequena, ainda és muito nova, tens de ter paciência. Deves começar por enfiar-te na terra e, mais tarde, quando tiveres raízes, um tronco, ramos e folhas, poderás finalmente ser útil: purificarás a atmosfera… as aves virão abrigar-se nos teus ramos… inspirarás pintores… as tuas bolotas servirão de alimento aos animais… proporcionarás sombra aos passeantes… os apaixonados virão fazer em ti um baloiço e os pobres apanharão os teus ramos mortos para fazer lume… – Oh, tu és velho, reagiu a bolota, não compreendes nada de nada, estás a disparatar. Eu estou a rebentar de amor, quero sacrificar-me…» E foi pôr-se no meio do caminho. Mas aconteceu que um porco passeava por ali, viu a bolota e comeu-a… Lá se acabaram os projetos magníficos da pobre bolota! Pois bem, eu segui os conselhos do velho carvalho. Durante anos, enfiei-me na terra para crescer. Cresceram as raízes, o tronco, os ramos… e agora talvez eu já possa proporcionar sombra a alguém, talvez as aves venham visitar-me, para que lhes sirva de abrigo… Mas vejo muitos discípulos que, logo no primeiro ano, imaginam que podem modificar o mundo inteiro, embora não saibam nada… Por isso, assim que encontram o primeiro
porco são comidos e bem comidos. Mesmo antes de querer fazer sacrifícios, é necessário preparar-se, estudar, reforçar-se, para se ser capaz de ajudar os outros.
Repito: o sacrifício é saber substituir sempre uma coisa por outra melhor. Há que pensar em fazer essa substituição todos os dias, para criar um movimento, uma circulação de energias, senão tudo estagna, tudo se atrofia, e surge o bolor, a fermentação, a putrefação. É preciso que corra sempre uma água nova. E deve-se meditar diariamente, rezar todos os dias, para substituir as velhas partículas por outras mais puras, mais luminosas.

Sèvres, 30 de dezembro de 1974

Notas
1. Cf. Os poderes da vida, Obras completas, t. 5, cap. IX: «O sacrifício» e O riso do sábio, Col. Izvor n.° 243, cap. X: «Cada sacrifício imprime em nós a marca do Sol».
2. Cf. O trabalho alquímico ou a busca da perfeição, Col. Izvor n.° 221, cap. X: «Vaidade e glória divina».

ÍNDICE

I «Conhece-te a ti mesmo» ………………………………………….. 9
II O quadro sinóptico I – II …………………………………………… 13
III O espírito e a matéria I – VII …………………………………….. 37
IV A alma I – II ……………………………………………………………. 87
V O sacrifício I – II ……………………………………………………… 97
VI Os alimentos da alma e do espírito I – II …………………….. 111
VII A consciência I – V ………………………………………………….. 127
VIII O Eu superior I – V ………………………………………………….. 155
IX A verdade
I A simplicidade ……………………………………………. 173
II Unidade e multiplicidade 1 a 4………………………. 176
III Verdade objetiva e verdade subjetiva …………….. 203
IV O conjunto e os detalhes………………………………. 212
V As duas faces da verdade 1 e 2………………………. 220
X A liberdade
I As leis do destino………………………………………… 229
II A verdadeira liberdade é uma consagração …….. 236
III A morte libertadora – fatalidade e liberdade……. 242
IV Apegar-se para se desapegar…………………………. 255
V Libertar-se para se comprometer
com o trabalho divino ………………………………….. 265
OC