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CONHECE-TE A TI MESMO – Tomo 2

19.00

Informação adicional

Peso375 g
ISBN

978-989-8994-61-5

Ano

2024

Edição

1

Idioma

Formato

145 x 210

Encadernação

Cartonada

N. Pág.

274

Colecção

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«Conhece-te a ti mesmo»… Nestas palavras reside toda a ciência, toda a sabedoria: conhecer-se a si mesmo, reencontrar-se, fazer a fusão do eu inferior com o Eu superior. O símbolo do Iniciado que conseguiu reencontrar-se é a serpente que morde a sua própria cauda. A serpente que rasteja no solo forma uma linha reta ou uma sinusoide, e essa linha é limitada. A serpente que morde a sua cauda torna-se um círculo, e o círculo é o infinito, o ilimitado, a eternidade. O homem que conseguiu realizar o símbolo do círculo entra num mundo onde já não há limites, onde já não há separação entre o Alto e o baixo, porque todos os poderes, todas as riquezas e todas as virtudes que o verdadeiro Eu, o Eu superior, possui, se infundem no eu inferior. O pequeno e o grande passam a ser um só, e o homem torna-se uma divindade.» 

Omraam Mikhaël Aïvanhov

Se fordes assaltados por imagens que vos atormentam, deveis saber que podeis alterá-las, concentrando-vos nelas para lhes dar outras formas, outras cores, e que elas acabam por ceder à vossa vontade. Suponhamos que, antes de adormecerdes, naquela região que se atravessa entre a vigília e o sono, vos vedes a caminhar numa estrada lamacenta, ou numa floresta cheia de perigos. O que deveis fazer? Deixar ficar essas imagens? Sujeitar-vos a elas passivamente? Quando estais a adormecer, encontrais-vos na fronteira entre o plano físico e o plano astral, já a entrar na região astral, e esses clichés que começam a invadir-vos têm um significado, antecipam algo, avisam-vos de que encontrareis no vosso caminho alguns acontecimentos desagradáveis. Também pode suceder o contrário: verdes-vos num jardim maravilhoso, cheio de flores, aves e música, e essas imagens anunciam um bom período para vós. Mas voltemos ao caso em que sois visitados por imagens tenebrosas. Embora já estejais mergulhados na inconsciência, podeis manter uma certa lucidez e reagir: pelo pensamento, penetrai numa região mais elevada, e aí são imagens luminosas que começam a aparecer. Isto não significa que mudareis real mente o curso dos acontecimentos; as dificuldades e as provações atingir-vos-ão, pois, muitas vezes, dependem de condições exteriores. Mas, como mudastes essas imagens em vós, desencadeastes no vosso íntimo outras correntes, outras forças, que vêm socorrer-vos. Não podeis impedir que os acontecimentos exteriores se realizem, mas podeis minorar os seus efeitos interiormente, preparando em vós as condições propícias para lhes fazer face.1 O inverno é uma época difícil, mas, se tiverdes com que vos aquecer, estareis bem. Acontece o mesmo na vida interior: deveis estar conscientes daquilo que está a ocorrer em vós. É inevitável que sejais assaltados por imagens tenebrosas e sensações dolorosas. Vivemos num mundo tão caótico, que somos sempre atingidos por uns salpicos, não podemos evitá-los. A questão não está em mudar o mundo, isso é impossível, mas em melhorar o nosso estado interior. Não podemos transformar o mundo inteiro, mas podemos transformar-nos a nós. Transformar o mundo cabe a Deus, e nunca seremos responsabilizados por não o fazer. O que nos é pedido é que decidamos transformar pelo menos uma criatura na Terra, e essa criatura é cada um de nós. Então, assim que sentirdes que se manifestam em vós correntes nocivas, necessidades primitivas, grosseiras, sensuais, em vez de vos deixardes sempre ir atrás dessas correntes e não fazerdes nada, porque pensais que nada pode ser feito, deveis tentar reagir. Quando se consegue melhorar o seu estado interior, é o mundo inteiro que se transforma, porque se passa a vê-lo com outros “óculos”. Porque é que os amantes acham o mundo tão belo? Porque neles tudo é belo, poético. Os amantes são sempre olhados com desconfiança. Pelo contrário, deve-se admirá-los e dizer: «Oh, há muito a aprender com estes dois!… Está a chover, a nevar, mas eles têm um encontro e, para eles, há Sol, o céu está azul, as aves cantam e sente-se o perfume das flores, porque nos seus corações é primavera.» Os amantes são um livro que deve ser estudado. Direis: «Sim, mas é um mundo subjetivo.» Bem, comecemos pelo mundo subjetivo. Foi no mundo subjetivo que Deus escondeu todos os poderes. Os materialistas não têm poder algum no domínio dos pensamentos e dos sentimentos, porque contam demasiado com o mundo objetivo, físico, material, e perderam a fé nas possibilidades do mundo interior, procuram apagar os sinais desse mundo. O perigo para os espiritualistas é que, como têm a possibilidade de mudar a corrente dos seus pensamentos e dos seus sentimentos, de transformar a sua tristeza em alegria e o seu desânimo em esperança, imaginam que podem mudar facilmente o mundo exterior. Não! A vantagem do mundo subjetivo é que ele vos põe em contacto com as forças invisíveis e subtis da Natureza. Este mundo é uma realidade, mas não uma realidade concreta, material; e, como estais tão convencidos do que nele podeis ver, quereis que os outros também se convençam, e aí é que está o perigo. Ambos existem, o mundo objetivo e o mundo subjetivo, mas é preciso conhecer as correspondências, as relações, que existem entre eles, para os ajustar. Se, para vós, o mundo interior se torna tudo, o mundo exterior acaba por já não existir, e lá surgem todas as anomalias, ilusões e erros, tornais-vos grotescos. Quanto aos materialistas, que negligenciam o mundo subtil, é óbvio que eles se saem muito melhor no plano físico, mas perdem as suas possibilidades de se tornar criadores interiormente. O verdadeiro criador é o homem que pensa; é pelo pensa mento que as coisas são criadas. No plano físico, não se cria, copia-se, imita-se, faz-se uns pequenos arranjos. A verdadeira criação tem lugar no mundo espiritual. Portanto, mesmo que comandem a matéria, a dirijam e a forcem a trabalhar para si, os materialistas perdem a sua realeza: ficam-se pelo plano da matéria, nivelam-se por ela e, portanto, perdem o seu poder de comandar, perdem a sua força mágica. Por isso, digo-vos: se souberdes usar sempre a vossa vontade, o vosso pensamento, o vosso espírito, para moldar todos os impulsos que vêm de dentro de vós, tornar-vos-eis um criador, um poder formidável. Mas não tenhais ilusões: lá porque o vosso pensamento vos obedece e sois capazes de fazer um trabalho de transformação interior, não imagineis que o plano físico vos obedecerá da mesma forma. Muitos não veem a diferença e perdem a cabeça, porque misturaram os dois mundos. Falei-vos há pouco dos amantes para os quais, quando vão encontrar-se, o inverno se transforma em primavera. Esta primavera está neles, mas suponhamos que eles imaginam que lhes basta estenderem a mão e hop!, as aves virão cantar, a neve derreterá… bem poderão esperar! Ora, é isso que alguns espiritualistas fazem: imaginam! Alguns até acreditam que, quando proferem certas palavras mágicas, como o «Abre-te, Sésamo!» do conto Ali Babá e os Quarenta Ladrões, um rochedo se abrirá e eles encontrarão tesouros que lhes permitirão viver em abundância até ao fim da vida. Não, é muito melhor trabalhar do que esperar por tesouros desta forma. Evidentemente, se um discípulo se exercitar todos os dias para transformar e embelezar tudo no domínio interior, os seus pensamentos e os seus sentimentos, as correntes que ele assim cria podem acabar por influenciar a matéria física, e então ser-lhe-á possível produzir fenómenos objetivos; como tudo está ligado, as vibrações, as partículas, as ondas, as emanações, projetam-se e impregnam o mundo objetivo, que pode tornar-se tão irradiante e luminoso quanto o mundo subjetivo. Mas, para chegar a esse ponto, são necessários muito tempo e muitos exercícios! Falei-vos há pouco das situações em que vos surgem imagens perturbadoras quando estais a adormecer, e disse-vos que, mesmo nessas circunstâncias, deveis permanecer suficientemente conscientes, de modo a substituirdes essas imagens. Não deveis ficar passivos nessas situações, e deixar-vos arrastar por elas, mas sim impedir que vos afetem. Não conseguireis melhorar tudo, ainda não tendes dimensão suficiente para tal, mas, apesar disso, o que fazeis é como uma sementinha que já está a dar frutos. E, em vez de ficardes cem por cento no frio ou na escuridão, ficareis apenas a noventa e nove por cento. 

Pronunciastes algumas palavras, orastes, concentrastes-vos numa imagem luminosa, e isso é como um grito que soltastes para que venham salvar-vos. Não observais a vida ao vosso redor, no entanto eu digo-vos sempre que é dela que deveis tirar lições; precisais de aprender com tudo o que vos rodeia. Observai uma criança. Quem a instruiu? Quem lhe revelou que a palavra tem pleno poder? Quando se sente insegura, ela grita: «Mamã!». Como é que a criança sabe usar uma palavra mágica? Se ela não tivesse gritado, a mãe não saberia que algo se passava. Mas ela ouve a criança e apressa-se a acudir-lhe. Então, porque é que os seres humanos, pelo menos, não apelam ao Céu? Deveis começar pelo começo, estar sempre alerta, vigilantes, ser perspicazes, e aperceber-vos imediatamente dos pensa mentos e dos sentimentos que vos atravessam. Há momentos em que, por exemplo, vos ocupais a fazer limpezas, a consertar alguma coisa ou a conduzir o vosso carro, e estais focados no que fazeis. Mas, na realidade, uma parte de vós está mergulhada em pensamentos e sentimentos negativos, em rancores, etc., e isso prolonga-se por horas, sem de tal vos aperceberdes. Precisais de tomar consciência desses pensamentos e desses sentimentos, caso contrário eles são como rios subterrâneos que correm continuamente em vós, enquanto não intervierdes para mudar alguma coisa. Está escrito: «Vigiai, pois o diabo, como um leão que ruge, está sempre pronto a devorar-vos.»2 Mas a vigilância pode ser útil em muitas outras circunstâncias; proteger-se contra o adversário, por exemplo, é uma das centenas de aplicações possíveis. De todas elas, vou referir-vos uma: é preciso estar vigilante, para se poder intervir na sua vida interior, ativar forças construtivas e, um dia, tornar-se omnipotente como Deus, livre como Deus. O primeiro passo para a liberdade, o primeiro passo para a criação, para o poder, é começardes por olhar para dentro de vós, perceber qual é vosso estado interior e melhorá-lo até onde vos for possível no momento. Nunca esqueçais que o vosso poder começa ao estardes vigilantes, ao verdes em que estado vos encontrais, para terdes a possibilidade de o melhorar. Caso contrário, se a vossa consciência estiver sempre muito longe, as coisas continuarão a seguir pelo mesmo rumo, até um ponto em que já nada podereis fazer.

Sèvres, 31 de dezembro de 1962 

Notas 1. Cf. Acerca do invisível, Coleção Izvor, n.° 228, cap. XV: «Proteger-se durante o sono» e cap. XVI: «As viagens da alma durante o sono».

2. Cf. O verdadeiro ensinamento do Cristo, Coleção Izvor, n.º 215, cap. IX: «Vigiai e orai».

ÍNDICE

I A beleza ……………………………………………………………………… 9

II O trabalho espiritual …………………………………………………….. 27 

III O poder do pensamento ………………………………………………… 49 

IV O conhecimento: o coração e o intelecto ………………………….107 

V O plano causal ……………………………………………………………..127 

VI Concentração – Meditação Contemplação – Identificação ………………..145 

VII A oração ………………………………………………………………………171

VIII O amor ………………………………………………………………………..185 

IX A vontade …………………………………………………………………….205 

X A arte – A música ………………………………………………………….217 

XI O gesto ………………………………………………………………………..241 

XII A respiração …………………………………………………………………259

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