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DO HOMEM A DEUS – séfiras e hierarquias angélicas

10.00

Informação adicional

Peso180 g
ISBN

978-989-8147-18-9

Ano

2010

Edição

1

Idioma

Formato

11X18

Encadernação

Cartonada

N. Pág.

193

Colecção

REF: 589 Categorias: , , , ID do produto: 23432
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Colecção IZVOR -nº. 236

«Há uma imagem que pode dar-nos uma ideia aproximada de Deus: a da electricidade. Nós servimo-nos da electricidade para nos iluminarmos, nos aquecermos e fazermos funcionar toda a espécie de aparelhos. Mas quantas precauções é necessário tomar para não provocar acidentes! Um contacto directo com a electricidade pode ser mortal: para fazê-Ia chegar até nós e se poder utilizá-Ia sem perigo, é preciso canalizá-Ia por meio de transformadores. Acontece o mesmo em relação a Deus:
Deus é comparável a uma electricidade pura que só pode descer até nós por intermédio de transformadores. Esses transformadores são as inúmeras entidades luminosas que povoam os céus e que a tradição designou por “hierarquias angélicas”. É por elas que nós recebemos a vida divina, e é também por elas que conseguimos entrar em relação com Deus.»

No final do livro insere-se, a cores, a representação da Árvore sefirótica.

Capítulo VIII
«Quando o Eterno traçou um cÍrculo
À superfÍcie do abismo…»

Quando Deus quer descer ao nosso mundo, tem de Se vestir, exactamente como nós. E vestir-se
significa entrar na matéria. Mas, como Deus não quer descer e limitar-Se ao ponto em que teria de
tomar um corpo físico para estar connosco, Ele convida-nos para a Sua morada, que é também a
nossa. Sim, na realidade, a nossa morada é infinitamente mais vasta do que aquilo que podemos
imaginar. A nossa morada é o Universo que Deus penetra, impregna e mantém com a Sua presença,
e é ao percorrer este Universo que nós podemos encontrá-l’O.
Percorrer o Universo não significa unicamente explorá-lo com foguetões ou com engenhos espaciais,
mas sim estudá-lo por todos os meios que o Criador nos deu, pelos órgãos dos nossos sentidos
físicos, é certo, mas também, e sobretudo, pelos órgãos dos nossos sentidos espirituais, pela nossa
alma e pelo nosso espírito. É assim que encontraremos Deus. Não é Ele que vai descer mais, até
nós, Ele já Se limitou na Sua Criação e não Se limitará mais.
Vós pensais: «Mas Deus é absolutamente livre! Como se deve compreender esta limitação?» Eu
vou explicar-vos.
As séfiras Kéther, Hohmah e Binah correspondem a esta entidade a que a religião cristã chama
Deus. Kéther, Hohmah e Binah representam a Santíssima Trindade, Deus em três pessoas. Esta
trindade (que a Cabala situa no plano das emanações, Atsiluth) é que criou o mundo e permanece presente nele.
A primeira séfira, Kéther, representa o começo de todas as manifestações; e por isso é identificada
com o Pai. E Kéther gerou Hohmah. O que é Hohmah? É o verbo, isto é, uma energia que se
condensou e se ordenou para se tornar a matéria da Criação. Foi por isso que S. João escreveu: «No
começo era o Verbo.»
Imaginai que quereis inventar um novo meio para vos expressardes: começareis por criar o equivalente a um alfabeto. Digamos que esse alfabeto cósmico é Hohmah. E agora, que já tendes letras, podeis juntá-las, organizá-las de modo a formar frases inteligíveis e com sentido. É a terceira etapa, a séfira Binah, a matéria primordial. Por matéria primordial devemos entender essências e não os elementos materiais tais como os conhecemos e como a ciência os estuda. Em Binah, a substância dada por Hohmah diferencia-se e só após um longo processo de condensação é que ela surge no plano físico sob a forma dos corpos a que nós chamamos oxigénio, hidrogénio, ferro, zinco, etc… Os elementos do Verbo – letras e números – agrupados em frases são os arquétipos dos corpos
materiais e eles têm também determinadas propriedades, que são inalteráveis. Cada elemento recebeu o seu lugar, a sua composição, o seu peso, as suas propriedades, e foi a terceira séfira, Binah, que lhos deu.
A séfira Kéther está para além do tempo e do espaço. O espaço apareceu com Hohmah, representado materialmente por Mazaloth, o zodíaco, e o tempo apareceu com Binah, e é representado por Chabtaï, Saturno. Quando Deus – isto é, a Trindade Kéther-Hohmah-Binah – se retirar, não haverá mais tempo nem espaço e o Universo desaparecerá. Quando cessar este sacrifício, que implica a limitação de Deus, o mundo criado voltará ao “não ser”, mas desse “não ser” emergirá uma outra Criação, sobre a qual nada sabemos.
Nada é eterno excepto o próprio Deus e, um dia, toda a Criação regressará a Ele. Mas o que
é que se entende por “Criação”? Se dissermos que é a matéria primordial emanada por Deus, os
elementos que a constituem, estes são indestrutíveis, permanecerão em Deus, e é com eles que Ele
poderá sempre engendrar novos mundos. Mas, se chamamos “Criação” aos mundos que Deus formou com estes elementos, esses não são eternos. Tudo o que nasce deve morrer. A eternidade não é uma sequência de séculos; é, se assim se pode dizer – mas é muito difícil definir uma tal noção –, uma qualidade da matéria… Sim, a eternidade é uma fusão da matéria e do espírito. Quando nós temos a experiência da eternidade, trata-se de uma sensação que vivenciamos: se nos acontecer sentirmos por breves segundos uma sensação de eternidade, é porque entrámos numa ordem superior das coisas, fomos projectados num mundo onde a matéria é animada pelas mais altas vibrações do espírito.
A matéria primordial é uma substância que Deus projectou para fora de Si próprio e condensou.
Só ela é indestrutível, eterna. Foi com esta matéria que Deus criou os mundos, e esses mundos, um
dia, desagregar-se-ão para reaparecerem sob novas formas. É neste sentido que podemos dizer que a Criação terá um fim.
«O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não», dizia Jesus. Quando falava assim, Jesus
identificava-se com a segunda pessoa da Santíssima Trindade, o Filho, a segunda séfira, Hohmah,
o Verbo. O céu e a terra passarão, é verdade, mas os germes que estão em Hohmah, os arquétipos
para um novo céu e uma nova terra, não passarão, pois são eternos.
«Quando o Eterno traçou um círculo à superfície do abismo, eu estava lá», diz Hohmah, a
Sabedoria, no Livro dos Provérbios. E o que é esse círculo? As fronteiras que o próprio Deus traçou
para criar o mundo. É nesse sentido que se deve compreender que Deus Se limitou. Limitar-se
significa: fechar-se num universo que funciona e evolui segundo as suas próprias leis. Não se sabe
o que existe para além deste Universo. As leis da vida que a ciência estuda não são outra coisa
senão os limites que Deus impôs a Si próprio na Sua Criação. São estes limites que dão estrutura,
forma, contorno e coesão à matéria. Um mundo que não estivesse circunscrito nos seus limites seria
instável e não poderia subsistir, pois, no interior desses limites, toda a matéria está em movimento
e só quer é escapar-se.
Deus traçou um círculo para reter a Sua própria substância. O círculo é um traçado mágico. Deus
colocou no centro o núcleo da Criação e o Seu trabalho começou. Na Natureza, tudo nos revela
a forma como Deus procedeu para criar o mundo.
Uma célula, com a sua membrana, é já uma explicação para isso… E, se a caixa craniana não existisse, aonde estaria o nosso cérebro?… É também essa, exactamente, a função da pele: ela serve de limite. Observai as coisas à vossa volta e por todo o lado encontrareis um reflexo desse círculo que Deus traçou como limite da Sua Criação. Se não fecharmos um perfume num frasco, ele evaporar-se-á. Do mesmo modo, para construir uma casa é preciso, primeiro, traçar os seus limites: sem paredes, aonde estará a casa? Também no domínio espiritual é necessário compreender o que significam os limites: antes de convocar os espíritos luminosos para um trabalho, o mago rodeia-se de
um círculo; também o discípulo tem de saber que, pelo menos através do pensamento, deve traçar
diariamente à sua volta um círculo de luz, a fim de conservar as suas energias espirituais.
Deus existe sob todos os aspectos, desde a pedra, onde Ele está limitado ao extremo e onde nós
podemos tocá-l’O, até à substância mais imaterial, à luz e ainda mais além… Ele está omnipresente
nas pedras, nas plantas, nos animais, nos humanos, nos anjos e em todas as hierarquias celestes, e ainda mais além… Ele tem os Seus membros profundamente introduzidos por toda a Criação, mas há
regiões onde Ele é mais livre. Nas formas mais densas da matéria, Ele não pode mexer-Se, mas
no Seu Reino Ele é livre. Se compreenderdes isto, abrir-se-ão, diante de vós, janelas sobre novos e
maravilhosos horizontes…
Deus é livre, sim, mas fora do nosso mundo. Quando entra no nosso mundo, Ele encontra-Se
limitado. Por isso, quando as pessoas, indignadas perante certos acontecimentos, se revoltam e
dizem: «Deus não devia permitir tais coisas!», é porque não compreenderam nada. Se possuíssem
o verdadeiro saber, compreenderiam precisamente que Deus, não pode intervir. Na terra, Deus está
limitado e somos nós que O limitamos. Deus é ao mesmo tempo limitado e ilimitado. Ele está limitado
nos nossos corações, mas é livre no coração dos anjos.
Dar-vos-ei uma imagem. Imaginai que uma pessoa se divertiu a cimentar um dos seus pés no
chão: ela já não pode levantar o pé, mas o resto do seu corpo permanece livre. Do mesmo modo, Deus aceitou ficar limitado, prisioneiro, mas apenas em parte, no cimento que nós somos! No dia em
que Deus se libertar totalmente e retirar o pé do cimento, não haverá mais humanidade. Evidentemente, isto não passa de uma imagem, mas ela poderá ajudar-vos a compreender melhor a realidade das coisas.
Para Se manifestar, Deus limitou-Se. Vamos mais longe: é mesmo graças a essa limitação que
nós existimos e que podemos pensar e falar a Seu respeito. Foi o próprio Deus que nos deu essa possibilidade. A prova de que Deus existe é eu estar aqui a falar-vos d’Ele e vós estardes aí também a ouvir-me. Se Ele não existisse, eu não existiria e vós também não. Tudo o que existe é a prova da
existência de Deus. Agora, é claro, se as pessoas quiserem imaginar Deus de outro modo, para
depois poderem dizer que Ele não existe… ou que Ele morreu, é um problema delas.
Jesus dizia: «Vós sois templos do Deus vivo».
Esse Deus cujo templo nós somos é Deus manifestado, e Ele está mais ou menos limitado em nós,
consoante o nosso grau de evolução. À medida que nos elevamos e nos purificamos, libertamos Deus, permitindo-Lhe manifestar-Se mais livremente no nosso templo como poder, luz, amor e claro que todas estas ideias são difíceis de apreender e eu bem sei que vós acabareis por esquecê-
-las. Mas ficará sempre qualquer coisa no vosso subconsciente e, um dia, quando fordes capazes
de as compreender, elas virão à vossa memória. Se quereis acelerar essa compreensão, deveis treinar o vosso cérebro, que é o melhor dos instrumentos.
Ele não enfraquece ao mesmo tempo que os outros órgãos, porque as hierarquias divinas depositaram nele os seus poderes. Mas é necessário exercitá-lo pela actividade do pensamento. O pensamento é uma espécie de escada que nós recebemos da Inteligência Cósmica e é essencial aprendermos a servir-nos dela para nos elevarmos.

ÍNDICE
I Do homem a Deus, a noção de hierarquia. 7
II Apresentação da Árvore Sefirótica……….. 17
III As hierarquias angélicas ……………………… 33
IV Os nomes de Deus ……………………………… 49
V As séfiras do pilar central ……………………. 55
VI Aïn Soph Aur: Luz sem fim ………………… 63
VII A matéria do Universo: a luz ……………….. 71
VIII «Quando o Eterno traçou um círculo
à superfície do abismo…» ……………………. 79
IX «O Reino de Deus é semelhante
a um grão de mostarda» ……………………… 89
X A família cósmica
e o mistério da Santíssima Trindade ……… 97
XI O corpo de Adam Kadmon ………………….. 109
XII Malhuth, Iésod, Hod, Tiphéreth:
os Arcanjos e as estações …………………….. 119
XIII A Árvore Sefirótica,
símbolo da sinarquia ………………………….. 131
XIV Iésod: os fundamentos da vida espiritual . 139
XV Binah: I As leis do destino…………………… 159
II O território da estabilidade …….. 165
XVI Hohmah: o verbo criador…………………….. 171
XVII Iésod, Tiphéreth, Kéther:
a sublimação da força sexual ……………….. 177
XVIII A oração de Salomão ………………………….. 183