Prefácio

Escrevi este livro com o objectivo de apresentar um sumário conciso para o método de vida que se chama “Hatmara-Merkava”, para a conscientização de todos e para o maior bem e elevação do Todo. Vou falar da descoberta deste método, do seu desenvolvimento e das formas de aplicação nas nossas vidas diárias.

Neste prefácio tentarei fornecer um pequeno resumo deste novo método para tornar mais fácil ao leitor a compreensão da mensagem que este livro contém.

Este livro foi escrito não como fruto de inspiração nem de filosofia, nem tão pouco como uma história sem fundamento na realidade.

O livro descreve o processo de pensamento, pesquisa, busca de respostas e a sua descoberta, a descoberta das ferramentas e dos meios para materializar essas mesmas respostas.

Foi escrito de uma maneira que apresenta como um evento só os pensamentos, pesquisas, processos e acções que conduziram ao desenvolvimento do método “Hatmara-Merkava”.

As histórias que dele fazem parte são também uma parte essencial do método e são utilizadas para o demonstrar em acção.

Para compreender totalmente a mensagem e o método, deveríamos experimentá-lo, compreender o seu funcionamento e estarmos munidos dos meios necessários para o comprovar na prática.

O processo e a formulação do método “Hatmara-Merkava” são parte integrante do método em si, logo não é possível compreender na totalidade, nem assimilar este sistema de trabalho, sem conhecer a forma pela qual o mesmo evoluiu. Este livro é uma entidade viva que conta a história de vida da sua própria formação.

“Hatmara-Merkava” é um método vivo – concebido e em crescimento; existe tanto como pensamento como experiência. Está em contínua evolução através de processos de integração, experimentação e resultados.
Considero que a melhor forma de partilhar este conhecimento é através da história de vida da jornada no sentido da sua descoberta, da maneira pela qual o método se formou e o relato da combinação das ideias com as acções, sem separação.

O assunto principal é A VIDA no mundo, A VIDA na Criação,
A pergunta que todos e cada um de nós deveria fazer a si próprio:
O que é a Vida?
O que é a minha vida, e porque estou vivo?

De acordo com a minha compreensão, o sentido da vida é estar na existência.
Existe vida quando uma ideia específica se manifesta a si própria.

Quando não há possibilidade de manifestação da ideia, não há existência e essa ideia não está viva.

Tudo o que existe é uma essência energética. Qualquer ideia é energia.

A energia nunca desaparece; existe para sempre. É a sua forma de expressão e de manifestação que muda.

A Criação está recheada de uma quantidade infinita de ideias, energias.
Quando uma ideia se manifesta de forma contínua, sem cessação, em todas as suas vertentes, frequências e expressões, essa ideia manifesta a sua essência e, desse modo, a sua energia é uma energia de vida.

Quando uma ideia pára de se manifestar a ela própria, fica numa condição de ausência de existência e assim a essência energética desta ideia passa a uma condição sem vida (morta). Vejamos um exemplo prático: a ideia de “coração” manifesta o seu programa único através do seu batimento e pelo bombear do sangue; assim existe em energia de vida; logo que o coração pára de bater, fica numa condição de ausência de manifestação do seu próprio programa, assim a sua energia passa a uma condição sem vida (morta).

Tudo o que acontece durante a nossa vida na Terra é consequência da manifestação de ideias e da sua existência em energia de vida (“energia de vida”), ou em energia sem vida (“energia sem vida” ou “morta”).

Sinto que a melhor forma de contar a história, a minha história, é fazendo-o com uma abordagem tangível, pessoal e apresentar o conhecimento através das experiências de vida, de como o método foi descoberto e se formou.

Os Objectivos deste Livro

A Visão

Levar o conhecimento do método “Hatmara – Merkava” a todas as pessoas, partilhar esta nova perspectiva acerca da vida e da existência, mostrar as possibilidades práticas encontradas na aplicação desta visão permitindo que a existência tanto pessoal como global seja levada até uma nova realidade, conduzindo assim a uma nova forma de vida para toda a Criação.

Os assuntos que este livro inclui:

O que é a vida e o que é a morte?
Sobre “energia de vida” e “energia sem vida”.

Neste livro, apresento a resposta para qual é a causa do sofrimento no mundo.
Fazer a apresentação de uma nova, fundamental e comprovada visão da existência da vida na Terra, sem culpa.
Também apresento um caminho que iliba o Homem da sua responsabilidade pelo mal, sofrimento, dependências, desejos, ódios, ciúmes e violência, etc.
Uma introdução a uma perspectiva acerca da existência da vida num contexto de rede, de teia (“Ma’arag”), e as razões subjacentes à ocorrência do sofrimento, que é uma consequência da Criação se encontrar numa situação de falta dessa rede (“Ma’arag”).
Existe uma oportunidade para nos libertarmos do ciclo vicioso em que o mundo está actualmente – criando o mal, o sofrimento, as doenças e a guerra; fornecer uma opção prática para o tratamento da causa real do sofrimento, que é aquela que justifica que todos os seres (humanos, animais – e claramente, a Criação na sua totalidade, sem excepção) agem desta forma porque vêm de um lugar de dependência e medo existencial.
O que é que existe nas leis da criação que permite a manifestação do mal no universo? Como tratar e transformar (“Letamer”) esta razão primordial e compreender como é que, pela sua natureza, a lei universal cria um mundo de sofrimento e de morte.
Como tratar o que cria o Carma – o desenvolvimento da causa para, e o resultado do, mal no mundo. O entendimento de que presentemente o “pecado” está a perder o sentido, que é a existência no contexto do trabalho de rede (“Ma’arag”).
Não existe necessidade de punição, mas antes a oferta de um novo e verdadeiro caminho dentro da rede, da teia (“Ma’arag”), para as “vítimas” que se encontram a viver de acordo com esta presente lei que regula o actual funcionamento de toda a Criação.
Acredito que se alguém quiser mudar e curar o mundo e todos os seres que nele habitam, a forma de o fazer é curar a causa de todas as causas (“Ilat-Hailot”) que é responsável pelo mau funcionamento dos elementos da Criação que se manifestam como caos, doença e sob o ciclo do sofrimento.
Se a razão e a fonte das leis do universo estivessem em harmoniosa existência de amor e de fluidez sem medo, dependência ou hierarquia; quando todas as ideias (o universo, a energia da vida, a negação da vida) funcionassem numa rede harmoniosa (“Ma’arag”) de coexistência, o resultado pelo qual a vida se manifestaria em si mesma no universo, no mundo físico e na humanidade, seria completamente diferente.
Medo – é castrador da liberdade (a incapacidade da ideia da alma para se realizar em si mesma em intermináveis manifestações sem limites), resulta da existência de leis de controlo e hierarquia / julgamento do bem ou do mal / contradições ou separações.
De acordo com o método “Hatmara – Merkava”, a existência da vida e a sua manifestação alcança-se usando “transformadores”. Na sua essência, o transformador é uma forma única de expressão que consegue estar em contacto com Tudo o Que É, em todos os tempos. Isto é possibilitado através da divisão de uma ideia específica em duas partes idênticas e complementares do transformador.
Toda a alma é uma ideia infinita (uma partícula da “Luz Infinita”) que se expressa a si mesma em infinitas manifestações incluindo a existência física.
Existe a possibilidade prática de mudar as expressões da alma de uma dimensão para outra, de uma dimensão não-física para uma dimensão física e, vice-versa, de forma simultânea. Isto permite à alma a sua manifestação numa rede (“Ma’arag”) constante de existência em “energia de vida” sem qualquer prejuízo na dimensão física, ou envolver um processo difícil.

O bem e o mal não existem.

A existência de Mundos Paralelos e a existência dentro da rede, da teia (“Ma’arag”) permitem uma coexistência pacífica na “energia de vida” sem limites, assim como a passagem simultânea entre dimensões.
(A transformação ou “Hatmara” vai ao mesmo tempo da dimensão física para a dimensão não-física, sem morte, nascimento ou encarnações).
Caos – é a luta entre os mundos paralelos.
O conceito de “energia de vida” – é a aplicação (sem limites de tempo nem dimensão) da expressão da alma, ou de uma ideia única do infinito. De acordo com o método “Hatmara-Merkava”, quando uma ideia infinita se manifesta a si própria sem limitações, está viva, ou por outras palavras, a sua energia constitui “Vida”.
O conceito de “energia sem vida” é a ausência (ou cessação) da capacidade de uma ideia única se manifestar ou dar continuidade a essa manifestação. Onde não existe manifestação (ou continuidade dessa manifestação) da ideia única do infinito, quer dizer que existe “sem vida”. Ou seja, a sua energia constitui “morte”.

O que é “Hatmara” (Transformação da essência):

Hatmara muda a energia “sem vida” para a manifestação de energia de “vida”, fornecendo a capacidade de continuação da ideia através da sua manifestação em todas as dimensões, sem limitações. Altera a energia que não tem continuidade na manifestação da sua essência, para uma energia que se manifesta continuamente e sem cessação. Esta acção permite a transferência de um tipo de manifestação para outra, de forma harmoniosa e fluida, sem dificuldades ou erosão.

O sétimo sentido – o sentido para detectar energias:

O sétimo sentido oferece uma nova e adicional perspectiva para a compreensão e percepção da vida e da existência em si, através da detecção das diferentes energias que cumprem as leis da criação.
Através da utilização consciente do sétimo sentido, consegue obter-se a percepção espacial do mundo, uma visão do facto de que tudo o que existe é realidade e tem o direito de existir; e assim, o conceito de amor incondicional expande-se a tudo o que existe. É isto que permite a existência dos mundos paralelos (o mundo da energia “de vida” e o mundo da energia “sem vida”) numa rede, como uma teia (“Ma’arag”) coexistindo pacifica e harmoniosamente um com o outro.
Neste livro apresento os caminhos para a aplicação prática do sétimo sentido, da forma mais natural, fácil e simples.
Alterar a energia “sem vida” para energia “de vida” com o objectivo de criar vida imortal nas passagens interdimensionais do corpo físico, devolvendo a Criação à sua função original, harmoniosa e infinita. E, desta forma, acabar com o ciclo vicioso do mal, do sofrimento e do medo.

Este livro também inclui o seguinte:

Uma explanação fundamental da forma pela qual o método “Hatmara-Merkava” foi descoberto e se desenvolveu e um guia de provas práticas do método.
Explicações práticas e teóricas da filosofia e da aplicação do método.
Histórias relacionadas com o método para tocarem o coração de todos.
Relatos que evocam a memória de outra vida e de outro tempo, quando a Criação funcionava sob as leis da alegria e do amor, da criatividade e da transformação interdimensional.
Mensagens que acordam a memória incorporada em cada um de nós, de que a salvação existe, de que é possível a renovação (“Tikun Olam”) e a melhoria do mundo para o benefício de todos. O conhecimento de que temos a capacidade prática de regressar à existência, a um estado de funcionamento com vida… e sem sofrimento ou restrições.

As histórias íntimas da minha alma.

Introdução

Durante muitos anos vagueei sem rumo pelo mundo, em busca das razões que levaram à actual situação da existência da vida em geral e de toda a Criação.
Tornou-se claro para mim que a vida não deveria ser a essência do sofrimento e que o sofrimento inibe a manifestação da vida na sua plenitude.
Pedia e procurava efectivamente, a razão pela qual todo o universo sofre. Porque é que existe medo, dor, mal, ódio, dependência, doença, guerra, etc., que impedem a manifestação da Vida de cada alma em todo o seu esplendor?
Qual é a solução para estes problemas?
Tentei descobrir através de diferentes metodologias, nas civilizações existentes, na história e pela prática pessoal, a essência de e as razões da existência da Criação; e, claro, o que provocou a existência de todo o sofrimento e de todo o mal.

Alguns pontos básicos que usei como luzes orientadoras na minha busca:

1. Estar livre de preconceitos e nessa medida evitar a estagnação do conhecimento (“só este caminho é o verdadeiro caminho”), procurar para além dos axiomas e dos pontos de origem que alegam ser a verdade no seu todo. Permitir à mente, aos sentimentos e às experiências, a liberdade total para obter novas respostas que não conhecia, ou de que nunca tinha ouvido a falar.
Descobrir coisas por mim e em mim: começar do zero e tentar descobrir novos aspectos e novos caminhos, estar aberta ao espaço infinito do conhecimento, sem limitações.

2. O meu ponto de partida, porque era a minha principal intuição, era que o sofrimento, a dor, a doença e a morte não eram condições absolutamente imprescindíveis e que havia outra possibilidade alternativa de existência. Resolvi não enveredar pela procura de desculpas e de justificações para o porquê daquilo que é, ou precisa de ser, assim. Compreendi que a vida é contínua para a alma e para a sua expressão em todas as suas possibilidades. Tendo em conta aquilo em que acredito, tudo o que impede a alma de viver, quer seja mental ou físico, não deveria ser considerado vida, logo não fazia sentido nenhum procurar explicações para justificar esta forma de existir, ou sequer concordar com ela. Compreendi que tinha que me concentrar na procura da razão fundamental que é responsável pela forma actual de existência e pelo impedimento da outra existência – daquela que existe nas qualidades do amor, da alegria, da paz e da criatividade; existência essa, com significado e que para mim não parecia impossível.

3. Uma visão fundamental e essencial: tudo o que existe é “verdade” pelo facto de existir e de se manifestar.
Tudo vem do infinito. Tudo é energia sem princípio, nem fim. A energia existe para sempre e não desaparece, apenas altera a forma pela qual se expressa.
Era necessário descobrir porque é que certos tipos de energia são causadores do mal e perigosos, e o que os impede de se manifestarem de forma benéfica ou neutra.
As origens da aceitação do axioma de que “o mundo existe desta forma e não se pode mudar” baseiam-se nas religiões, na ciência e no património cultural. Acredita-se que a vida na Criação é um facto inalterável e que as leis da natureza são leis inalteráveis. Nesta medida, temos de nos adaptar e ajustar a nossa existência a essas regras, para sobreviver.
Os vários pontos de vista religiosos, filosóficos e científicos apresentam explicações e justificações para este tipo de existência e, também, para essas leis, tendo por base as suas próprias ideologias. Também nos fornecem instruções sobre como é aconselhável comportarmo-nos no contexto destas leis, de acordo com os seus pontos de vista e das suas descobertas.

Logo, todas as correntes de pensamento, modos de vida e tradições têm por base:

Como sobreviver e continuar a existência da melhor maneira possível nas presentes condições da Criação; atribuir os males do mundo à falta de fluidez das “exclusivas” leis da Criação; providenciar uma interpretação terrena para a situação e por último, directivas para viver com estas condições da melhor forma possível.
Já há muitos anos que caminho nesta jornada no sentido da investigação do desconhecido e do misterioso, uma jornada de enigmas e de descobertas, ao encontro de uma vida real e plena para todos. No entanto o caminho continua aberto para ainda mais enigmas.
Enquanto estive na Índia, as crianças indianas faziam-me recordar o sentido da minha vida e o meu destino, pois a qualquer lugar que eu chegasse: “De onde é que a senhora veio? Senhora, e para onde vai?”
Viver a vida significa saber o que é a Vida e qual é o objectivo de estar vivo. Para isso deveríamos compreender de onde vimos e para onde vamos.

O importante é ter consciência do que é a vida!
A vida é a capacidade de realizar o potencial infinito da alma sem limites e em todas as dimensões, incluindo a dimensão material.
Estar vivo é manifestar a realização da alma na sua totalidade.

Desde que me lembro, que a procura da existência através da plena manifestação da essência da Vida, é a questão fulcral na minha vida, e a parte mais fundamental que deu razão de ser ao meu Ser.
Essa procura e a minha realização levaram-me a desenvolver o método “Hatmara-Merkava” que, na sua base, dá respostas a vários níveis e dimensões, em espírito e na activa manifestação na matéria, a todas as questões relativas ao sentido da vida: de onde viemos, para onde vamos e como conseguimos viver na plena realização da Vida e da Alma.
Com o objectivo de compreender a base da transformação e a sua nova e diferente mensagem, começarei por fazer uma retrospectiva histórica da consciência e do conhecimento como são comummente aceites.
Na minha pesquisa de uma resposta para as razões da existência e da vida, encontrei muitas abordagens e métodos diferentes.
Cresci num meio cultural de tradição Judaica, respeitando e seguindo os mandamentos Judeus. Assim, a consciência Judaica que absorvi, que me foi incutida na minha infância, formou uma parte fundamental da minha experiência de vida.
O método teosófico por exemplo, dá explicações para a existência que incluem perspectivas originárias de diferentes civilizações da antiguidade. As explicações derivam de um ponto de vista e de aspectos em que toda a Criação é uma evolução, a vida é encarada como um exercício cujo objectivo é o desenvolvimento e a aprendizagem. O objectivo da vida é a manifestação desta ideia através do desenvolvimento e do exercício resultando numa evolução gradual.
O meu estudo deste método foi extremamente interessante enquanto conhecimento histórico, mas não encontrei as respostas que procurava. Este conhecimento não coincidia com a minha observação da realidade universal. Eu não via a realidade como um desenvolvimento que de facto acontece, e que tudo o que ocorre e existe, na realidade já existiu antes e está a repetir-se de várias formas. Nesta realidade, é um facto que existem dor e sofrimento, que se repetem sem cessar e sem qualquer melhoria. Assim, não há qualquer avanço no universo nem na existência.
As respostas obtidas através da conhecida (lógica) teoria da Cabala não me satisfizeram, antes pelo contrário, pareciam restringir-se, limitando-se às suas próprias crenças.
No final dos anos 80, comecei pela primeira vez a debruçar-me sobre a visão de Buda. Senti-me de imediato em sintonia com o seu ponto de partida: “Como é possível a existência de sofrimento na Criação?” Este ponto de vista defende que o sofrimento, a doença e a morte são distorções desnecessárias da nossa existência. Finalmente encontrava alguém que pensava e sentia o mesmo que eu. As quatro verdades de Buda que se referem à razão pela qual o sofrimento e o mal existem no mundo, descreviam os factos existentes de uma forma com a qual eu me conseguia identificar. No entanto, ainda não tinha encontrado uma resposta para a razão e para a origem – o que determinou o facto de que a existência neste universo seria de dependência, de necessidade, de apego, de acumulação, de medo existencial que existe nos humanos e, nas vidas de todas as criaturas. A forma proposta por Buda para nos libertarmos desta condição parecia-me ser mais um remédio para a doença, do que a cura para as causas envolvidas na criação desta doença em primeiro lugar. De acordo com os ensinamentos de Buda pratiquei a libertação de tudo o que causa sofrimento e pareceu-me mais um sistema de “primeiros socorros” para todas as criaturas do que um tratamento profundo para o sofrimento. Os ensinamentos de Buda fornecem elementos para a existência e para a sobrevivência da melhor forma possível nestas condições, permitem-nos a libertação das condições que criam sofrimento a um nível pessoal e, talvez, indirectamente a um nível colectivo (o que por acaso é muito semelhante com o pensamento Judaico e com as suas indicações para o desenvolvimento pessoal e colectivo).
A minha procura concentrou-se em encontrar a origem do funcionamento do mundo, na origem das causas que criaram as leis do universo, que pela sua natureza criam situações de confronto, risco de existência, os medos, o mal, a dependência, a doença, a crueldade e a morte. Eu não estava interessada nas causas visíveis e directas, que para mim são também a consequência de certas leis.
Tudo o que a minha alma desejava era encontrar o que está por trás dessas leis. Por que razão toda a criação se submete a leis que criam condições de dependência? O que é que causa esta dependência, o que é que causa a necessidade de acumular dinheiro, bens ou títulos? O que é que causou a necessidade de um território? O que é que causa os ódios e as guerras? O que é que causa a existência das situações de medo, dor e doença? Quais são as razões e as leis que criaram todos estes fenómenos que Buda descreve como sendo as causas do sofrimento no universo?
A minha compreensão da questão levou-me a concluir que deveríamos procurar e investigar a raiz do assunto, a causa de todas as causas, e desviar a atenção de consequências ou de fenómenos superficiais. Deveríamos centrar-nos no fundamental, com aquilo que causa os fenómenos, que por sua vez criam as razões do sofrimento. Através da descoberta das razões subjacentes às leis que criam dependência, necessidade, medo e medo de existir, podemos chegar à resposta, trazer a mudança e curar o sofrimento.
Nas minhas viagens e nas minhas pesquisas encontrei muitas vezes a consciência mística. Em diferentes teorias místicas e especialmente na Cabala, encontrei pistas para a introspecção de que de facto a existência e a criação tal como estão, não são a lei eterna e constante, a criação existe actualmente com “defeitos” e que deveríamos promover a “versão correcta do mundo” (“Tikun Olam”), renovando os nossos dias tal como no passado e atingindo uma condição em que tanto o funcionamento como as leis seriam diferentes, i.e. deixando de criar sofrimento, morte ou o mal.
Nas teorias do ocultismo as respostas aceites para a “correcção” dizem que através da mudança das essências energéticas podemos alterar a situação existente.
Em geral, estas teorias foram ajustadas para se adequarem à realidade existente, das diferentes religiões e tradições. Todas as tradições foram encapotadas com vestes diferentes, lidando-se apenas com a superfície, sendo a verdade fundamental “encriptada” como conhecimento no qual não se pode mexer. Fizeram-se explicações sobre os motivos da criação do “mau funcionamento” que, à primeira vista, parece justificar a existência do mundo tal como é. Mais ainda, apontou-se um dedo acusativo ao homem, como se o homem tivesse criado essas condições e fosse culpado do “mau funcionamento”. Deste modo o homem é aquele que se deve corrigir a si próprio ou então pagar pelos seus pecados. Poderíamos corrigir o mau funcionamento apenas com a correcção das acções humanas.
Eu senti sem sombra de dúvida e distingui imediatamente que o misticismo contém conhecimento, segredos da Criação e verdades encriptadas que me poderiam dar a resposta certa às minhas perguntas.
Olhando para trás, este conhecimento existe e está cifrado em cada um de nós, tal como vim a descobrir mais tarde. À superfície, o misticismo estudado esconde o conhecimento primordial sobre as condições do universo.
O misticismo ajustou-se a si próprio (aparentemente), à opinião comummente aceite de que esta é a forma na qual o mundo foi criado e a razão do sofrimento está no homem, tornando-se assim numa religião como outra qualquer. Muito poucas pessoas conseguiram aceder à fonte do conhecimento ilimitado.
Numa das reuniões com os meus alunos, foi sugerida a premissa de que o funcionamento do universo tal como está, serve um plano, uma ideia em si própria. É uma ideia de uma infinidade de ideias do infinito e que a existência do mundo nesta forma permite a manifestação das ideias de “sofrimento” e de “mal”, em si, e a sua materialização na criação, tal como qualquer outra ideia, sendo esta na verdade a razão para o “mau funcionamento”.

A minha conclusão pessoal é que existe também a possibilidade de a Criação existente cumprir o seu destino através da sua manifestação enquanto ideia única do infinito. É a manifestação do sofrimento, do mal e da separação. Esta é a Criação que permite a manifestação desta ideia.