OS DOIS PEQUENOS LANDES
A Autora cria esta histária, tendo por base uma Fábula de Sabedoria narrada pelo Mestre Omraam Mikhael Aivanhov.
Em tempos que nunca se vão e lugares sempre próximos, encolhidos entre as folhas de um grande e antigo carvalho, dois pequenos landes despertam. A luz do sol abraça o espaço imenso, os passarinhos saem dos seus ninhos, borboletas coloridas esvoaçam pelo céu e corujas com olhos redondos, adormecem.
É verão, há riso nas cascatas, nos lagos e nas matas. O beija-fl or suga o mel das fl ores, enquanto Mandrião espreguiça e boceja, com uma folhinha pendurada na boca.
Já Zelinho termina seu banho e sua ginástica matinal. Depois de ganhar forças novas ao admirar com alegria o nascer do sol, cada um bebe uma gotinha de orvalho no pequeno almoço.
PARA PAIS E EDUCADORES
OS DOIS PEQUENOS LANDES
Como colher um lindo buquê de fl ores num jardim bem cultivado? Um pouco de amarelo, um tanto de lilás, um tom mais suave aqui e ali, um ramo de folhas verdes, margaridas para atrair as borboletas, e pronto! Agora é colocar no vaso, e o vaso na mesa. A educação é um buquê de fl ores, que não contém em si apenas o que se apresenta à vista, mas compreende em sua essência um estado anterior e futuro, que permite o auto-aprendizado e favorece o desenvolvimento das qualidades individuais da criança, um microcosmo em formação, uma semente. Hoje e sempre, o tempo, a finalidade da existência e a responsabilidade de cada ser, estão presentes no imaginário de todos os povos. Para conversar sobre esses conceitos universais, motivo das mais profundas reflexões, a fábula Os dois pequenos landes escolheu a mais simples, poética e clara forma de linguagem: a natureza. Uma grande árvore (o carvalho pai), duas sementes (os landes Zelinho e Mandrião) e distintas escolhas, são os elementos dessa história, que remete ao desconhecido, incentivando a imaginação dos leitores diante de algumas das mais importantes indagações humanas: Quem sou eu? Qual o sentido da minha vida? Como eu devo ser? Que vida eu devo querer viver? Convivendo com os dois pequenos landes, da fábula narrada originalmente pelo filósofo e pedagogo búlgaro Omraam Mikhël Aïvanhov (publicada na França em 1966, pela Editora Prosveta), aprendendo o sentido de suas brincadeiras, distinguimos mais finamente relações ocultas entre a natureza e o homem, percebendo melhor a graça dos seres e coisas simples que nos rodeiam. Obra de poesia, sem dúvida. O pedagogo Omraam Mikhaël Aïvanhov achou a medida justa para contar coisas fabulosas em tom de fato diário. Não pretendeu assumir responsabilidade de criar um conjunto de valores para a fábula. Sem ranço moralizante ou cunho didático, o que ele quis, e conseguiu, foi contar uma história para toda sorte de pequeninos, inclusive os enrugados, com fi os de nuvem na cabeça ou calvos. Uma fábula para reler ao longo dos anos, se temos a sorte de descobri-la na idade cronológica certa. Ou para meditar em toda a sua riqueza, se já a desvendamos adultos. Quem vê uma semente, tão pequena, sabe que ao colocá-la no chão um dia ela se tornará uma grande árvore: a semente já possui, de maneira invisível, a disposição para galhos, troncos, folhas, fl ores e frutos. De maneira semelhante, a vida inteira contém as disposições para o seu futuro. Buscando oferecer uma cosmovisão prática, que abranja a essência da vida humana, a fábula Os dois pequenos landes se debruça sobre o enigmático tema do tempo, do viver e do vir a ser. A partir das decisões de duas sementes de carvalho, a história refl ete sobre a passagem do tempo, infância e envelhecimento, sobre sonhos e escolhas, amor e desencontro, descoberta e solidariedade. O mundo é feito de landes, sementes que pululam e dão vida ao solo onde desabrocham e crescem em direção ao fi rmamento. Cada um de nós é uma pessoa no meio de bilhões de outras. Nunca existiu um outro “você” como você. E nunca vai existir. Ao mesmo tempo em que somos tão semelhantes, somos tão diferentes de todos. O que nos faz diferentes é também o que nos aproxima, o que torna possível a gente sonhar que pode construir para nós e para todos que moram e morarão neste planeta, um mundo amigo. Ao texto somam-se as belas pinturas da artista plástica Monica Stein, no estilo do realismo mágico. A temática da correspondência entre a natureza e a vida no imaginário da infância, propõe promover uma refl exão sobre a universalidade e despertar para a necessidade de desvendar os segredos do livro da natureza. Nessa fábula o indizível germina como se a natureza fosse apenas poesia, à espera que o pequeno leitor, com a curiosidade que o inquieta, move e ensina, a compreenda com a mais terna delicadeza. E a partir desta compreensão, possa dialogar, compartilhando emoções, sentimentos, saberes e valores. As crianças vivem hoje numa sociedade que incentiva o amor exagerado aos próprios valores, a competição, a concorrência, o sucesso. A fábula busca estimular a cooperação, a solidariedade, a união para fazer de suas vidas uma vida cheia de amor, cheia do espírito de solidariedade, cheia do desejo de compartilhar e de criar com as outras pessoas um mundo de paz. Um mundo, afi nal, justo e livre, solidário e feliz.