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UMA FILOSOFIA UNIVERSAL

Autor:Aïvanhov, Omraam Mikhaël

10.00

Informação adicional

Peso200 g
ISBN

978-989-8147-92-9

Edição

1

Idioma

Formato

11×18

Encadernação

Cartonada

N. Pág.

171

Colecção

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O Mestre Omraam Mikhaël Aivanhov (1900-1986) nasceu na Bulgária. Em 1937 partiu para França, onde transmitiu o essencial do seu ensinamento.
Aquilo que nos espanta, desde a primeira abordagem, na sua obra, é a multiplicidade de pontos de vista sob os quais é apresentada esta única questão: o homem e o seu aperfeiçoamento. Qualquer que seja o tema abordado, ele é invariavelmente tratado em função do homem, em tunção do uso que este pode fazer desse tema, para uma melhor compreensão de si mesmo e uma melhor conduta na sua vida.

Nas últimas décadas, os organismos políticos e culturais têm evidenciado um propósito de resolver os problemas a um nível mais amplo. Mas não basta criar organismos com uma vocação universal; enquanto os indivíduos que os representam não sentirem, eles próprios, uma vocação universal, esses organismos revelar-se-ão impotentes, como tem sido demonstrado imensas vezes. A consciência da universalidade é fruto de uma paciente educação, e são as bases desta educação que o mestre Omraam Mikhael Aivanhov dá no seu Ensinamento.

I (Parte)
ALGUMAS ESPECIFICAÇÕES ACERCA DO TERMO «SEITA»

Há milhares de anos que os homens adquiriram o hábito de se ficar só pela forma e pela aparência
das coisas, negligenciando o seu conteúdo e o seu sentido. Foi isso que fizeram também em relação
aos Livros Sagrados, que possuem igualmente uma forma, um conteúdo e um sentido. A forma, a narrativa, é para as pessoas comuns; o conteúdo moral, simbólico, é para os discípulos, que procuram aprofundá-lo e vivê-lo; quanto ao sentido espiritual, esse, é para os Iniciados, que sabem interpretá-lo.
Todos os grandes Iniciados foram construtores de novas formas. Eles sabiam que a forma é necessária, mas introduziram nela toda uma ciência que as pessoas, na sua maioria, não decifram, pois detêm-se naquilo que se pode ver, tocar, ouvir.
É claro que as formas podem ajudá-las, estimulá-las, mas não tanto como se elas conseguissem
compreender, sentir e realizar as verdades que elas contêm. Em todas as religiões existe um ensinamento exotérico e um ensinamento esotérico, porque era impossível os seres mais evoluídos, que tinham necessidade de aprofundar os mistérios da
Criação, contentarem-se com alguns fragmentos que satisfaziam as pessoas comuns. Foi assim que
no seio do cristianismo, a par da Igreja de São Pedro, que reunia a maioria dos fiéis, se desenvolveu
secretamente a Igreja de São João, guardiã da verdadeira espiritualidade, da verdadeira filosofia
do Cristo.
Esta questão do espírito e das formas vai extremamente longe. Observando os humanos, percebe-
-se que eles estão quase todos tão obcecados com a forma que acabam por identificar-se com ela. E
assim identificam-se com o seu corpo físico. Tudo o que fazem é para o seu corpo físico; do espírito,
como não o veem, não se ocupam. Eles não sabem que deste modo se enfraquecem, se embrutecem, pois não é o corpo físico que recebe a verdadeira força nem a verdadeira vida. Ao identificarem-se com o corpo físico (a forma), eles não desenvolvem o espírito, que é eterno, imortal, omnisciente, uma centelha de luz saída do próprio Deus.
Esta filosofia materialista, que está tão generalizada, limita os seres humanos. Como eles já não são iluminados, guiados, inspirados, pelo espírito, tornam-se mesquinhos, limitados, sectários, e depois julgam tudo na vida segundo esse seu ponto de vista limitado. Eles creem que possuem o melhor dos pontos de vista… mas não, têm uma visão parcial, sectária. Há pessoas sectárias por todo o lado, em todos os domínios: económico, político, científico, religioso, filosófico, artístico…
Eu posso demonstrar-vos isso!
Utiliza-se correntemente a noção de setor. Na geometria, chama-se setor a uma porção de círculo.
Numa cidade, num país, fala-se também de setor para indicar uma zona limitada. E no corpo
humano, que forma uma unidade perfeita, pode dizer-se que um órgão é também um setor. E uma
seita? O que é uma seita? É muito simples: quando uma religião conseguiu estabelecer-se oficialmente, declara que todo o grupo que não aceitar os seus dogmas, as suas crenças, as suas práticas, é uma seita. É, pois, a Igreja oficial que se pronuncia.
Ao longo da História, quantas pessoas não foram presas, perseguidas e queimadas sob o pretexto
de que se tinham afastado das doutrinas de uma Igreja! E depois, mais tarde, foi a História
que, por sua vez, se pronunciou sobre os juízos feitos por essa Igreja…
Na realidade, não é aos homens que compete julgar o que é sectário e o que não é, mas sim à
natureza. É isto que não sabeis e que será novo para vós. Imaginai um membro de uma Igreja que trabalhou para a propagação da fé; certamente não o acusarão de pertencer a uma seita. Mas existe uma outra opinião a seu respeito, um outro juízo, algures na natureza, e ele é condenado como sectário!
Sim, a natureza considera-o sectário e atira-o para uma cama, para o hospital ou para o cemitério:
ele não pensava nem agia em conformidade com determinadas leis da natureza viva e inteligente,
ignorava-as ou negligenciava-as, não vivia em harmonia com o Todo, e foi classificado como sectário
apesar da opinião de todos os crentes. Ao passo que a outro, que é acusado de sectário por esses
mesmos crentes, a natureza, pelo contrário, mostra que o aprova, dando-lhe a saúde, a paz, a plenitude.
Porquê aceitar como juízes aqueles que não têm discernimento algum? É a Inteligência Cósmica,
e apenas ela, que sabe se somos ou não sectários.
Se lançarmos um olhar sobre o mundo, o que é que constatamos? Todos escolhem as suas atividades conforme o seu temperamento, os seus gostos, ou conforme as condições, as circunstâncias, sem pensarem em desenvolver-se em todos os planos.
Ora, o homem, que foi criado com intelecto, coração e vontade, deve trabalhar nestes três domínios para se manifestar como um ser verdadeiramente equilibrado.
A experiência mostra que muito raramente se encontram seres igualmente desenvolvidos nestes
três domínios: pensamento, sentimento e ação; uns são intelectuais sem coração e sem vontade,
outros são uns voluntariosos sem miolos, e assim por diante… Sim, por todo o lado só se vê gente
enferma: pessoas muito dotadas num dos aspetos mas com grandes lacunas em todos os outros.
No entanto, se pusermos essa questão à Inteligência Cósmica ela dir-nos-á que o seu objetivo
era criar o homem à imagem do Criador, capaz de compreender a perfeição, de a amar e de a realizar na terra. Por que é que Jesus disse: «Sede perfeitos como o vosso Pai Celeste é perfeito»?Porque ele sabia o que dizia! O homem foi criado para se tornar omnisciente, todo amor e omnipotente como o seu Pai Celeste; por isso, aqueles que não fizeram mais do que desenvolver-se nos domínios para os quais tinham mais capacidade – a matemática, a poesia, a música, a natação… (sim, se observardes as pessoas, verificareis que a maioria se desenvolve apenas nestes aspetos tão limitados) – são sectários, e o que é muito grave é que eles não sabem que o são.
O homem deve, pois, desenvolver-se nos três planos – o do intelecto, o do coração e o da vontade –
a fim de compreender, amar e realizar… O quê?
O Reino de Deus e a Sua Justiça na terra. Só nesta condição é que ele será “salvo”, e não do modo
como a maioria dos cristãos o imagina. Será que para ir para o Céu e ficar à direita do Senhor bastará ter fé e praticar algumas boas ações? Coitado do Senhor, rodeado de pessoas grosseiras e ignorantes, de glutões, de bêbedos, de fumadores, de devassos! O modo como viveram não tem importância nenhuma, eles tinham fé e consideravam-se a si próprios como justos, por isso irão direitinhos ao Paraíso… Mas escutai e vereis o que lhes acontecerá.
Havia na Bulgária um sacerdote do rito ortodoxo que não parava de criticar a sua mulher; chamava-lhe ignorante e pecadora, considerando-se ele próprio um modelo de perfeição. Um dia, sentindo que ia partir para o além, despediu-se da mulher: «Adeus, minha esposa, encontrar-nos-emos no Paraíso.» Passado algum tempo, ela também morreu. Chegada ao Paraíso, começou a procurar
o seu querido marido. Procurou, procurou… mas não conseguiu encontrá-lo! Dirigiu-se então a
S. Pedro, que se pôs a folhear o seu grande livro:
«Não o encontro, disse ele, com certeza ele está… lá em baixo!» E deu à mulher um salvo-conduto
para descer ao Inferno. Depois de procurar um pouco, o que vê ela? O marido dentro de um caldeiro de água a ferver! Só tinha a cabeça de fora.
Ela exclamou: «Oh! Meu pobre marido, em que horrível situação te encontras! – Não me lamentes,
disse ele, isto ainda é um privilégio: estou em cima da cabeça do metropolita!»
É isto que acontece a tantos que se julgam muito justos: vão fazer uma estadiazinha no
Inferno antes de voltarem à terra para aprenderem a desenvolver-se até à perfeição. Segundo a
Ciência Iniciática universal, a maioria dos humanos, que ainda não atingiram a perfeição, são sectários.
Vejamos agora esta tendência, hoje tão generalizada, de trabalhar para um grupo: um sindicato,
um partido político, um país… Esta atitude, que passa por ser generosa, na realidade é bastante egocêntrica, bastante pessoal. Desde que não vise a felicidade e a paz de toda a humanidade, a vossa atividade é limitada, portanto é sectária. Se a própria ciência nos revela que fazemos parte da vida cósmica, se devemos a nossa existência não só à terra, à água, ao ar, ao sol, mas também às estrelas, por que é que havemos sempre de fechar-nos sobrenós próprios?
E, aliás, já decifrastes os segredos da terra, da água, do ar e do fogo graças aos quais a nossa existência é possível? Dir-me-eis: «Quais segredos? O que há assim de tão importante para compreender?» Muitas coisas, e, entre outras, a seguinte: observai o nosso planeta; as terras ocupam nele uma área limitada, os mares uma área mais vasta, o ar uma ainda mais vasta, e o fogo, a luz, vai até ao infinito. Isto significa que também nós devemos ir até ao infinito.
Reparai ainda: quanto tempo conseguis viver privados destes elementos? Podeis estar sem
comer durante cinquenta ou sessenta dias, sem beber, só uma dezena de dias, sem respirar, apenas
alguns minutos, mas, no momento em que o vosso coração perder o seu calor, morrereis. Isto
prova que o elemento sólido é menos importante que o elemento líquido, o elemento líquido menos importante que o elemento gasoso, e o elemento gasoso menos importante que o elemento etérico –
o calor, a luz.
Como vedes, o mais necessário ao homem é este elemento etérico que enche o espaço. Então, em vez de continuarem agarrados aos problemazinhos da vida, oprimidos e esmagados por eles, por que não procuram os homens a imensidão, a universalidade, a liberdade? Porque têm uma mentalidade sectária!
Se olharmos para os religiosos, para os políticos, para os economistas, etc… só encontraremos sectários, mas, como eles são os últimos a dar-se conta disso, lutam afanosamente contra as seitas!…
Existirão, é certo, seitas maléficas – mas eu ignoro quais, porque não me ocupo disso, o meu
trabalho é outro –, e é normal que lhes limitem as suas práticas nocivas. Mas aqueles a quem cabe
pronunciar-se a esse respeito devem ser pessoas honestas e sem opiniões preconcebidas, capazes
de perceber quem trabalha para gerar a anarquia e a desordem e quem trabalha para trazer a paz,
a justiça e a felicidade à humanidade, ou seja, o Reino de Deus e a Idade de Ouro.
Acrescentarei agora algumas palavras que serão como que o resumo, a síntese, de toda a filosofia
iniciática. Existe na Bulgária uma mulher que é uma das maiores clarividentes

ÍNDICE

I. Algumas especificações acerca do termo “seita”
II. Nenhuma Igreja é eterna
III. Procurar o espírito por detrás das formas
IV. O advento da Igreja de São João
V. As bases de uma religião universal
VI. A Grande Fraternidade Branca Universal
VII. Como alargar a noção de família
VIII. fraternidade, um estado de consciência superior
IX. Os congressos fraternais no Bonfim
X. Dar a cada actividade uma dimensão espiritual