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O GRÃO DE MOSTARDA

19.00

Informação adicional

Peso270 g
ISBN

978-989-8691-28-6

Ano

2016

Edição

1

Idioma

Formato

145 x 210

Encadernação

Cartonada

N. Pág.

200

Colecção

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SINOPSE:

«Quando Jesus disse aos seus discípulos: «Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis àquela montanha: “Move-te para acolá!”, e ela mover-se-ia», esta montanha é simbólica,
evidentemente. A montanha representa as grandes dificuldades da vida, que só a fé nos permite mover, isto é, resolver. Num ano, em dois anos, em dez anos, pedra após pedra, nós conseguiremos
mover essas montanhas. Achais que é muito demorado e quereis que isso aconteça imediatamente. Então, fazei como as formigas, que conseguem transportar em pouco tempo autênticas montanhas
de sementes – proporcionalmente, são montanhas para elas! Sim, mas uma formiga não trabalha sozinha, há uma quantidade delas a trabalhar juntas.
Com uma atitude de isolamento, de egoísmo, nunca se moverá montanhas. Só foram realizadas grandes coisas ao longo da História porque houve homens que se reuniram para trabalhar em
conjunto. Mover montanhas é fazer cair, em si mesmo e no mundo, os obstáculos que se opõem à vinda do Reino de Deus. Isso só é possível se todos os espiritualistas se unirem, pela fé e pelo amor,
para um grande trabalho de luz e de paz; eles obterão tanto mais resultados quanto mais poderosa for a ligação criada entre eles.»

Omraam Mikhaël Aïvanho

Obs.: Lamentamos não podermos reproduzir qualquer imagem relativa ao capítulo que reproduzimos:

III – «QUEM ESTIVER NO TELHADO» – pág. 41

«Por isso, quando virdes reinar no lugar santo os horrores da desolação, de que falou o profeta Daniel – atenda a isto o leitor! – que fujam para os montes os que estiverem na Judeia; quem estiver no telhado, não desça para ir buscar o que tem em casa; e quem estiver no campo não volte para ir buscar o seu manto. Ai das mulheres que naqueles dias estiverem grávidas ou a amamentar!
Orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno ou em dia de sábado, pois nesse momento a aflição será tão grande como não tem havido igual desde o começo do mundo até ao presente, nem
haverá jamais. E, se aqueles dias não fossem abreviados, ninguém se salvaria; mas, em atenção aos eleitos, esses dias serão abreviados.
Se, então, alguém vos disser “O Cristo está aqui!” ou “Ele está acolá!”, não acrediteis, porque aparecerão falsos Cristos e falsos profetas; eles farão grandes prodígios e milagres, ao ponto de iludirem, se possível, até os eleitos. Estou a prevenir-vos! Portanto, se vos disserem “Ele está no deserto”, não o procureis lá; se vos disserem “Ele está no interior da casa”, não lhes deis crédito, pois, tal como a luz nasce no oriente e se desloca para ocidente, assim será a vinda do Filho do homem. Onde houver carniça, aí se juntarão as águias.
Logo após a tribulação daqueles dias, o sol escurecerá e a lua já não dará a sua claridade, as estrelas cairão do céu e as forças dos céus serão abaladas. Então, aparecerá no céu o sinal do
Filho do homem, todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu, com grande glória e poder.»

São Mateus, 24: 15-30

Estais habituados a ouvir, no começo de cada ano, uma quantidade de profecias acerca dos acontecimentos que estão para vir, e talvez estejais à espera de que eu também vos interprete, esta noite, as profecias que se encontram nesta passagem que acabo de ler-vos. Não, haveria muito que explicar! Mesmo que fosse só acerca da passagem em que Jesus diz: «Logo após a tribulação daqueles dias, o sol escurecerá e a lua já não dará a sua claridade, as estrelas cairão do céu…»
Que dizem os astrónomos a este respeito? Que isto não é verdade, evidentemente, e têm razão, porque o sol, a lua e as estrelas de que Jesus fala são símbolos.
«O sol escurecerá»: o sol, aqui, é o intelecto humano que, ao afastar-se da verdadeira Ciência Iniciática, dá origem a uma ciência e a uma filosofia com pontos de vista erróneos, que a humanidade terá de abandonar.
«A lua já não dará a sua claridade»: a lua representa o domínio do sentimento e, por isso, da religião, e ela perderá a sua luz, ou seja, a religião oficial, que foi assente em bases falsas, em superstições, em preconceitos, perderá a sua influência.
«As estrelas cairão do céu»: isto significa que todos aqueles que ocupam uma posição, um lugar, ou que têm uma glória que não merecem, cairão do seu pedestal. Estais a ver a quantidade de
símbolos que há nesta passagem e que é preciso interpretar?
Também haveria muito a dizer acerca do aviso relativo aos falsos Cristos que poderão vir a aparecer; com efeito, ao longo daHistória houve muitas pessoas que tentaram fazer-se passar pelo
Cristo. No entanto, não se deve duvidar de que o espírito do Cristo se tem manifestado através de todos aqueles que preencheram as condições de uma verdadeira vida espiritual.
Hoje, limitar-me-ei a estudar um versículo a que se tem dado pouca atenção. Jesus anuncia tribulações e diz: «Quem estiver no telhado, não desça para ir buscar o que tem em casa.» Ora, porque é que não se deve descer do telhado? Se se desencadear uma tempestade ou uma guerra, estar-se-á assim tão abrigado no telhado da casa?… Aqui, o telhado da casa é um símbolo, e vamos ver como podemos interpretá-lo.

Olhai para este esquema:
Ele é composto por um quadrado e um triângulo reunidos. O triângulo é o símbolo do espírito e o quadrado é o símbolo da matéria, sendo o 3 o número dos princípios divinos – luz, calor e vida –
e o 4 o dos estados da matéria – terra, água, ar e fogo. Portanto, quando Jesus disse: «Quem estiver no telhado, não desça», ele pretendia dizer que, quando surgem infelicidades e tribulações, o
homem não deve perturbar-se, não deve descer à matéria para se abrigar, mas permanecer em cima, no seu espírito.
Se eu vos disser que 3 + 4 = 10, não acreditareis em mim; no entanto, é de facto assim nas matemáticas vivas. Observai agora o esquema da casa representada no espaço a três dimensões.
corpo da casa tem agora 4 superfícies, mas, juntamente coma base e com o teto, perfaz 6. Quanto ao telhado, ele é formado por 4 triângulos. Isto quer dizer que, na realidade, 4 (o corpo da
casa) + 3 (o telhado) = 10 e não = 7. São assim as matemáticas vivas: 4+3=10. E10 é o resumo de todos os números, as 10 séfiras da Cabala: Kéther, Hohmah, Binah, Hessed, Guéburah, Tiphéreth,
Netsah, Hod, Iésod, Malhuth. (ver adiante o esquema da Árvore sefirótica)1
Façamos agora a planificação dos volumes. O corpo da casa corresponde à figura 1 e o teto à figura 2.

Reparai que os dois volumes planificados representam duas cruzes diferentes. A primeira chama-se a cruz latina e a segunda é designada por cruz de Malta. Como sabeis, as pirâmides do Egito são feitas precisamente de uma base cúbica que está enterrada no solo, sobre a qual existe um telhado de quatro faces triangulares, que constituem a pirâmide propriamente dita. Portanto, uma das cruzes está enterrada e a outra está acima do solo. Não foi por acaso que os grandes Iniciados do Egito escolheram a forma da pirâmide.
Escolheram-na porque ela representa toda a ciência, representa o Templo de Deus, a estrutura do Universo e do Homem, pois o homem também tem a forma de uma cruz.

Nos monumentos antigos, podemos encontrar a cruz desenhada de diferentes maneiras: R é o símbolo de Vénus, Y o de Marte, é uma modificação deste último e representa a espada desembainhada, pronta para o combate. Marte e Vénus representam a mesma força existente na natureza, mas manifestada de duas maneiras diferentes:
Vénus como atração e Marte como repulsão; Vénus como amor e Marte como violência. É possível verificar isto do ponto de vista psicológico: o amor e a violência correspondem ambos ao vermelho, com uma ligeira diferença na tonalidade. Assim, o amor transforma-se facilmente em violência e vice-versa. Quando amais alguém e essa pessoa não olha para vós afetuosamente, ficais furiosos, desembainhais a espada para a assassinar. Marte e Vénus caminham lado a lado, representam os dois polos. Aliás, isto é igualmente exato do ponto de vista astrológico: o Touro, domicílio de Vénus, está em oposição a Escorpião, domicílio de Marte. Quem não sabe manifestar corretamente o seu amor fica sob a influência de Marte e manifesta-se com violência.2
Em certos desenhos egípcios, observa-se que os deuses, ou os faraós, têm na mão o símbolo de Vénus R , que assume, então, o valor de uma chave, porque Vénus, o amor, é a chave do universo.
Eu disse-vos há pouco que o triângulo e o quadrado representam o espírito e a matéria. O triângulo, o 3, também representa a graça, o amor, e o quadrado, o 4, a justiça. O amor está, pois, acima
da justiça, que é a sua base.
O 4 é também a quarta carta do Tarot, a letra Daleth d, que corresponde a metade do quadrado. Esta quarta carta representa o Imperador sentado sobre a pedra cúbica. É Júpiter – em hebraico,
Tsédek –, que também significa justiça.
O 3 é a terceira carta, a letra Ghimel g, que representa a Imperatriz: princípio feminino que podemos associar a Vénus, o amor, a graça.
Primeiro, veio Moisés trazer a lei da justiça, depois veio Jesus trazer a lei do amor. Segundo a lei da justiça, devemos dar contas de cada um dos nossos atos. Segundo a lei do amor, quaisquer que
sejam os erros que cometamos, podemos ser salvos pela graça de Deus. Onde é que está a verdade?…
Quando os discípulos de Jesus lhe perguntaram, a propósito do cego de nascença: «Quem é que pecou, este homem ou os seus pais, para ele ter nascido cego?», Jesus respondeu: «Não foi porque
ele ou os seus pais pecaram, mas para que as obras de Deus se manifestassem nele.» A resposta de Jesus revela um outro aspeto desta questão.3 Há casos em que nós não sabemos por que é que
um ser sofre ou está enfermo. Isso é um mistério; nesses casos, só os Iniciados podem manifestar-se e dizer se é, de facto, a justiça que está a puni-lo. Pode acontecer que esse ser esteja a pagar por
outro, sacrificando-se; nós ignoramos isso e, se o tratarmos como culpado, fá-lo-emos sofrer. Devemos ser muito reservados e não fazer juízos antes de saber, com toda a certeza, se este ou aquele homem cometeu crimes ou se ele se ofereceu para se sacrificar, por uma razão que desconhecemos.
É difícil conciliar a justiça e a graça, e compreender como cada uma delas se manifesta. Na realidade, nenhum homem é digno de ser salvo, nem mesmo os melhores. Só somos salvos pela graça de Deus. Se estivéssemos submetidos só à lei da justiça, jamais estaríamos suficientemente preparados para entrar no Reino de Deus, porque, ao examinar o nosso dossiê, a lei encontraria sempre algumas dívidas que ainda não pagámos. A justiça é implacável, não se preocupa em saber se sois filho de um Rei ou um Iniciado. Manda-vos para a prisão e deixa-vos ser degolado como aconteceu com Elias, que tinha mandado degolar 450 profetas de Baal. A justiça manda que aquele que degolou um homem seja, ele próprio, degolado. Apesar de Elias ter sido elevado ao céu num carro de fogo, e de a justiça não lhe ter tocado nesse momento, ele voltou à terra como João Batista, a quem Herodes mandou cortar a cabeça.
Direis vós: «Mas, se a justiça se cumpre sempre, quando é que se manifesta a graça?» Na realidade, se a justiça se cumprisse verdadeiramente, ninguém seria digno de viver. O Céu alimenta-nos, envia-nos tudo o que nos faz falta, nós somos pensionistas que vivem na abundância e, em vez de lhe agradecermos, cometemos crimes todos os dias. Se a justiça se aplicasse, ficaríamos reduzidos a pó.
A maioria dos humanos, e até os maiores teólogos, representam a graça como uma manifestação arbitrária da Divindade, que só faz aquilo que lhe apetece sem dar contas a ninguém: quaisquer
que sejam os erros ou as boas ações de uma pessoa, se Deus quiser enviar-lhe a sua graça, enviar-lha-á. A graça e a justiça parecem, pois, incompatíveis, e de facto, até ao presente, por causa da ideia que as pessoas têm de uma forma e de outra, é impossível conciliá-las. Mas eu vou mostrar-vos que isso é possível e muito simples, como vereis.
Começarei por contar-vos uma história de Nastradine Hodja…
Um dia, Nastradine Hodja entrou numa taberna onde estavam reunidos alguns aldeãos. Ele trazia um saco cheio de nozes. Alguém lhe perguntou: «O que trazes aí, Nastradine Hodja? – Nozes, respondeu ele, e tenho a intenção de as distribuir por vocês, são para vocês. – O quê? Mas que amável que tu estás hoje (e todos ficaram admirados, pois não era costume Nastradine Hodja andar a distribuir coisas!). – Pois bem, eu quero oferecer-vos estas nozes. Posso distribuí-las à maneira de Deus ou à maneira dos homens. O que é que preferem?» Eles puseram-se a refletir, dizendo para consigo que os homens são avarentos e dão pouco, enquanto Deus sempre foi considerado rico e generoso, e, por conseguinte, pediram que as nozes lhes fossem distribuídas à maneira de Deus. «Muito bem!», disse Nastradine Hodja. Mergulhou a mão no saco e apanhou umas quantas nozes que deu a um deles; em seguida, pegou numa única noz e deu-a a outro; passou por um terceiro e não lhe deu nada, e ao quarto deu o resto do saco. Todos exclamaram: «Mas isso não
é justo! O que é que te deu, Nastradine Hodja? Tinhas-nos dito que nos darias as nozes à maneira de Deus…» E Nastradine Hodja respondeu-lhes: «Mas foi o que eu fiz: a um, Deus dá pouco, a outro, dá muito, e a um terceiro, nada.» Será verdade que é assim que Deus dá? Sim, mas há uma razão para isso.
Então, como é que se pode conciliar a justiça e a graça? A resposta está oculta no traçado da casa. Voltemos à cruz obtida pela planificação do corpo da casa: ela é obtida a partir de um cubo
e, por isso, representa a matéria, a base, mas também os limites, a prisão e, por conseguinte, a justiça, é a cruz da justiça. A cruz formada pelas superfícies triangulares do teto é a cruz da graça,
do espírito. Se as pessoas agirem sempre de acordo com a justiça, sendo severas, exigentes, duras, sem piedade, sem amor nem calor, limitam a sua ação ao quadrado. Ora, como o quadrado representa a lei, os limites, elas ficarão aprisionadas. É esta a razão por que o novo Ensinamento do Cristo está situado em cima, porque é aí que se encontra a outra cruz, a cruz da graça. Portanto, a justiça deve servir de suporte à graça.
É interessante observar que muitas das cruzes que são dadas como recompensa têm precisamente esta forma . Os homens trabalham inconscientemente segundo as leis da Natureza. Cada símbolo utilizado numa sociedade, cada forma arquitetural, corresponde a uma certa evolução da filosofia, da compreensão, do saber, dos hábitos interiores. Se se souber interpretar todos esses símbolos,
pode-se descobrir as tendências que eles escondem. Não tenho agora tempo para me debruçar sobre esse assunto, mas, um dia, poderei explicar-vos por que razão, ao longo dos séculos e em países diferentes, houve certos povos que deram esta ou aquela forma às suas casas ou aos seus templos.
Por que é que a pirâmide tem a base metida na terra? Porque ela quer indicar-nos como o 3, o nosso espírito, deve trabalhar sobre o nosso corpo físico, o 4, como, através do espírito – isto é, do amor, da sabedoria e da verdade (ou, se preferirdes, da esperança, da fé e do amor) –, nós podemos transformar a nossa matéria. Porque o triângulo transforma-se na cruz, o 4 – o coração, o intelecto, a alma e o espírito –, que se apoiam no corpo físico, o cubo, e agem sobre ele.
Mas voltemos à questão da justiça e da graça. Quando quereis construir uma casa, mandais vir os operários, apresentais-lhes o plano e eles começam o trabalho… Mas imaginai que, pouco depois,
constatais que o dinheiro de que podeis dispor para a construção da casa não é suficiente. Só foi possível construir as paredes e vós interrogais-vos sobre como solucionar o problema. Existe a base,
as fundações, mas como é que se vai mandar fazer o teto que falta?
Então, dirigis-vos a um banco; o banco constata que já possuís um certo capital e aceita conceder-vos um empréstimo. O que significa isto? Será que o banco faz empréstimos a toda a gente? Não,
mas, se já tiverdes um certo capital, um terreno, propriedades, ele acrescenta o necessário. A graça chega a todo o lado? Não, chega só a quem já preparou, já construiu, qualquer coisa e possui capital.
Ela diz assim: «Este homem trabalha, ora, medita, faz exercícios espirituais, constrói o seu templo. Por isso, vou dar-lhe o que ele necessita para construir o telhado.» A graça surge onde algo
já foi construído, preparado. É o telhado que assenta no corpo da casa, o triângulo que se apoia sobre o quadrado. Ou seja: a graça de Deus pode visitar toda a gente, exceto os preguiçosos, os que não trabalham. Ela irá ao encontro daqueles que construíram bases na sua existência, dos que trabalham na regeneração do seu ser, por intermédio de uma alimentação pura, de sentimentos puros e de pensamentos puros. A graça é, pois, algo mais de que a justiça, mas obedece a uma certa justiça. É deste modo que a graça se concilia com a justiça.

Quando Jesus dizia: «Quem estiver no telhado, não desça para ir buscar o que tem em casa», ele subentendia: que aquele que vive no Ensinamento da sabedoria, do amor e da verdade, quando se encontrar em dificuldades, não desça à matéria para procurar socorro, pois isso não lhe servirá para nada; deve, sim, permanecer no telhado que se encontra nele próprio, no telhado que é o seu espírito e do qual ele não deve descer, pois só aí se encontra em segurança e é também a partir daí que pode ajudar os outros.

Noutro momento, Jesus disse: «Tu vês a palha no olho do teu irmão e não vês a trave no teu próprio olho?» Ou seja: tu criticas aquele que é pleno de graça e de amor e julgas-te perfeito, mas és
implacável, severo e duro. Numa outra conferência, eu já vos falei sobre o significado das duas espécies de células que se encontram na retina: os bastonetes e os cones.4 Os bastonetes representam as traves e os cones representam a palha no telhado. Isto não é um acaso. A graça está acima da justiça. Se trabalharmos unicamente com a justiça, somos como o merceeiro que está sempre com receio de dar uma cereja a mais aos seus clientes; e estes, é claro, pouco a pouco deixam de lá ir fazer compras… Fazei o contrário: dai mais!
Os outros ficarão contentes e vós conquistareis amigos.
A justiça era aceitável na Antiguidade, quando os homens ainda não podiam aceitar o Ensinamento do Cristo, o Ensinamento da graça e do amor. O Antigo Testamento só fala de justiça: “olho por
olho, dente por dente…” Mas, se agirmos da mesma maneira hoje em dia, não só não evoluiremos, como perderemos imensas coisas.
O mundo invisível dir-nos-á: «Como trabalhais sempre com a justiça, ela visitar-vos-á eternamente.» E isso será verdadeiramente terrível. Mas, se trabalharmos segundo a lei da graça, será a graça
que virá visitar-nos.
Trabalhai, pois, para que esta ideia da graça se instale em vós.
De futuro, sede um pouco mais amáveis e indulgentes em relação aos outros, deixai de agir sempre segundo a lei da justiça. Quando alguém não vos saúda, segundo a lei da justiça deveríeis proceder
do mesmo modo com essa pessoa; mas, assim, Marte continuará a reinar em vós. Invertei o seu símbolo, para que ele se torne o símbolo de Vénus, e dizei: «Vou saudá-lo na mesma.»
Aproximai-vos dessa pessoa e dai-lhe um aperto de mão; ela olhará para vós, estupefacta,
e ver-se-á obrigada a sorrir e a dizer-vos também: «Bom dia!», pois nada é mais poderoso do que Vénus, o amor, a graça.
Mas fixai sobretudo isto: a justiça e a graça estão ligadas, no homem sensato que construiu o seu templo e que sabe que todos os mistérios estão escondidos nele. A cabeça é a parte superior da
pirâmide, que se encontra fora do solo. A base, o quadrado, a pedra cúbica, é a outra metade do homem. A plenitude encontra-se na sua ligação (3 + 4 = 7), pois, na realidade, 7 = 10, que representa a perfeição, o que está completo.5
Refleti, pois, acerca destas explicações que eu acabo de dar-vos… Como vedes, se não o interpretarmos, o conselho de Jesus
«Quem estiver no telhado, não desça…» torna-se verdadeiramente bizarro e falho de inteligência. Toda a gente se apercebe de que, durante as guerras e as revoluções, não se está em segurança em cima de um telhado; pelo contrário, está-se até bastante exposto aos ataques. O essencial, para vós, é compreenderdes que permanecer no telhado durante os períodos de inquietação, de perturbação e de transformação, significa guardar e reforçar dentro de vós as três virtudes que são o amor, a sabedoria e a verdade, o que também significa a luz, o calor e a vida.

Paris, 7 de janeiro de 1939

Notas
1. Cf. Do homem a Deus – séfiras e hierarquias angélicas, Col. Izvor n.° 236,
cap. II: «Apresentação da Árvore Sefirótica».
2. Cf. As duas árvores do Paraíso, Obras completas, t. 3, cap. IX: «As duas árvores
do Paraíso: 1. Os eixos Carneiro-Balança e Touro-Escorpião».
3. Cf. Les lois de la morale cosmique, OEuvres complètes, t. 12, cap. VIII: «La
réincarnation», parte I.
4. Cf. O segundo nascimento – Amor, Sabedoria, Verdade, Obras completas, t. 1,
cap. VI: «Amor, Sabedoria, Verdade».
5. Cf. La pierre philosophale – des Évangiles aux traités alchimiques, Col. Izvor
n.° 241, cap. IX: «Le travail alchimique: le 3 au-dessus du 4».

ÍNDICE

I «A vida eterna consiste em que eles Te conheçam, a Ti, o único Deus verdadeiro…» …………………………. 9

II A pedra branca …………………………………………………….. 23

III «Quem estiver no telhado…» …………………………………. 41

IV «Quem quiser seguir-me, carregue a sua cruz…» ……… 55

V O Espírito da verdade …………………………………………… 71

VI As três grandes tentações ……………………………………… 87

VII A criança e o velho ………………………………………………. 107

VIIII «Possas tu ser frio ou quente!…» …………………………… 123

IX «É belo louvar o Eterno…» …………………………………… 137

X O grão de mostarda ………………………………………………. 151

XI A árvore no rio …………………………………………………….. 167

XII «Crescei e multiplicai-vos…» ……………………………….. 17