O MISTÉRIO DE SATURNO (pág. 43)

O mistério associado à influência de Saturno é um dos que não se podem explicar claramente, porque é muito provável que venha a causar confusão na mente daqueles que não pensam de uma forma astrológica. Mas, sejam quais forem os tipos de formas latentes no mundo subjectivo, como os “protótipos” do Zodíaco lunar e de nossos ancestrais etéreo-físicos, Saturno torna denso e, dessa forma, materializa aquele modelo ou tipo. E ainda faz mais, porque desempenha o papel de destruidor de todas as formas que, sob a sua influência, tornam-se demasiado fortalecidas. Neste sentido, podemos compreender por que a influência de Saturno produz doenças crónicas, em oposição às doenças agudas e, portanto, destrói a vida pela decadência e pelas doenças devastadoras.
O primeiro mistério de Saturno acha-se na combinação de uma série de influências que formam uma trindade perfeita ou ideal, enraizada na Inteligência Suprema, que é o Único doador da vida para todas as formas. Essa trindade é representada astrologicamente pelos três planetas: Saturno, Júpiter e Marte. Saturno rege o mundo mineral ou físico, como já vimos e, conquanto fortaleça e una todas as formas até que elas tenham cumprido seus objetivos no processo evolutivo, ele também é o desintegrador de todas as formas. Aquilo que sobrevive à destruição da forma é a alma ou essência íntima dela, que recebe um reconhecimento temporário ou individual de si mesma sendo, pois, o ponto de partida do “Eu”, da auto-identidade ou do ego individual. Num sentido realmente definitivo, o mistério de Saturno foi manifestado pelos astrólogos antigos, quando afirmaram que o chumbo, o metal de Saturno, era uma substância muito mais nobre que o ouro. Eles disseram: “É a Terra viva em que a alma do ouro se uniu a Mercúrio, a fim de gerarem Adão e sua esposa Eva. E porque, a partir daí, o mais alto rebaixou-se tanto, a ponto de se tornar o mais baixo, podemos esperar que
seu sangue possa converter-se no meio de redenção de todos os irmãos.”
Cristo, em seu grande amor e sabedoria, interpretou esta idéia: “O que for maior entre vós, que seja o servo de todos.”
Entretanto, a influência de Saturno isoladamente provocaria essa união para sempre, se não estivesse sujeita à limitação e não fosse ele próprio o planeta do tempo ou da limitação. A influência de Júpiter é preservadora e expansiva, e torna-se poderosa como influência organizadora nos reinos mais subtis, quando Saturno já aperfeiçoou cada átomo até suas dimensões adequadas, a fim de que possa agir no campo para o qual foi preparado. Saturno é, portanto, como já afirmamos, o construtor, e Júpiter, o preservador do que foi construído.
A influência de Marte é a do energizador ou daquele que movimenta, dando acção ou movimento àquilo que Saturno construiu e que Júpiter preservou. Nesse sentido amplo, pode-se dizer que Saturno domina a humanidade no mundo físico, ou todas as formas concretas, tal como a personalidade do homem, que está sujeita ao tempo. É através do aperfeiçoamento da natureza animal, sob a influência atritante de Saturno, que nasce a natureza humana; noutras palavras, as vibrações de Saturno são mais duradouras que as de Marte, sendo que este, como já dissemos, projecta toda a energia para fora, e o primeiro, projecta-as todas para dentro.
É na forma humana que acontece a grande batalha entre a vida animal e o desdobramento espiritual. Na primeira fase, a influência de Saturno submete-se à de Marte. Na segunda fase, Saturno e Marte entram em conflito; e na terceira e última, a influência de Saturno prevalece sobre a de Marte. 7 Marte representa o impulso dos sentidos, enquanto Saturno representa o “Eu” ou as forças individualizadoras da vida em busca de autoconsciência. Podemos observar o aperfeiçoamento total da FORMA que se manifesta pela influência de Saturno nos signos negativos, de Câncer a Capricórnio, regidos (ou melhor, super-regidos) pela Lua, e onde Saturno indica o lado feminino da humanidade; e pelas combinações ou polaridades ou afinidades desses signos negativos, podemos acompanhar o crescimento do instinto, através da sensação ou do sentimento de intuição ou de receptividade perfeita, um aperfeiçoamento firme e gradual e um crescimento do poder vibratório, até que o corpo todo esteja suficientemente puro e em estado moral para se tornar meio ou canal para a vida espiritual superior.

LIMITE AINDA NÃO ALCANÇADO:
O limite da própria FORMA, até onde se refere ao tamanho e à estrutura exigidos, tem sido alcançado sob a influência limitadora de Saturno, quando o homem se apossa de seu corpo físico-animal. Mas a expansão da VIDA no lado positivo, de Leão até Aquário, não atingiu ainda o estágio limite, além do qual o intelecto ou a mente não pode ir. O processo da forma mutável, sob a influência de Saturno, continua em nível subjectivo dentro do homem, através de sua natureza feminina; e o processo da vida mutável continua através de sua vida interior, sob a forma dos signos masculino ou feminino. Isso ocorre segundo as mesmas leis de nutrição e de reprodução, até que o homem pare de crescer, de sentir e de pensar apenas em seu corpo físico. Ele cresce e sente mediante a evolução do seu oposto; isto é, buscando e achando sua própria afinidade ou polaridade. Nesse processo, ele aperfeiçoa a vida e a forma, e cresce conscientemente até alcançar a autoconsciência completa. Do ponto de vista físico, toda a vida e toda a forma buscam o equilíbrio, segundo se vê na exaltação do planeta Saturno, no signo de Libra, signo esse de forma perfeitamente equilibrada. De facto, diz-se que Libra é o início do zodíaco para o ser humano, como Áries o é para o homem animal. Mas, antes de deixarmos o aspecto físico de Saturno em troca do aspecto psíquico ou da alma, consideremos a influência de Saturno em relação ao nascimento de um ser humano.