Esta obra de carácter espiritual, na qual se inclui a minha biografia vem no seguimento de outras de idêntico cariz, baseadas na auto-realização. Esta narrativa, especialmente, dedicada às memórias de uma vida de Serviço ao mundo e de labor interno, resulta da consciência da responsabilidade do Caminho espiritual e serve para alertar aqueles que se deslumbram por poderes espirituais, com a ilusão de que se pode obter rápida e facilmente a iluminação. Na realidade, o Caminho espiritual feito por vontade própria é o modo mais consciente de se obter a evolução dentro da condição humana, e que é conseguida através de certo esforço, principalmente a disciplina, mas também pela fé e perseverança, permitindo então o acesso a uma nova consciência, ou Consciência Superior.
A FELICIDADE DO CAMINHO – Memórias Relevantes
€25.00
Informação adicional
Peso | 500 g |
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ISBN | 978-989-8994-42-4 |
Ano | 2022 |
Edição | 1ª |
Idioma | |
Formato | 145×210 |
Encadernação | Cartonada |
N. Pág. | 360 |
Colecção |
Introdução
Da realização espiritual irrompe a Sabedoria,
do Conhecimento emerge o Poder e, quem
sabe usar o Poder com Sabedoria, integra-se
na luz dos planos de Amor e de Inteligência,
que fortalece e inspira.
Esta obra de carácter espiritual, baseada na auto-realização, na qual se inclui a minha biografia, vem no seguimento de outras de idêntico cariz. É uma narrativa especialmente dedicada às memórias de uma vida de Serviço ao mundo, e de labor interno, que se deve à consciência da responsabilidade do caminho espiritual, sendo por essa razão que aqui se insere um alerta em relação ao deslumbramento por poderes espirituais, e à ilusão de que se pode obter rápida e facilmente a iluminação.
O caminho espiritual é naturalmente gratificante; ele contém felicidade, ventura, criatividade e poder, mas devido à ignorância dos próprios seres, permite também muita ilusão, tal como uma sedutora miragem de um oásis no deserto. Porém, se não fosse essa miragem (a ilusão), o ser humano não ousaria de livre vontade dar o passo para a autotransformação, pois intuitivamente sabe, que essa via implica uma “crucificação” dolorosa do seu próprio Eu, que inevitavelmente, o conduzirá ao despojamento das suas efémeras ilusões. De facto, para que ocorra essa metamorfose, a ilusão pode ainda constituir um impulso à própria realização espiritual e é esta (realização), que gradualmente a vai destruindo (ilusão). O caminho da auto-realização tem a finalidade de conduzir o intrépido peregrino na demanda da Realidade e torna-se, então, imperioso para aquele que ouve o chamamento espiritual, segui-lo, pois, o Som como Eco longínquo arrasta para um mar de delícias infinitas…
Na realidade, o caminho espiritual feito por vontade própria é o modo mais consciente de se obter a evolução dentro da condição humana e que é conseguida através de certo esforço, tal a perseverança, mas também ter disciplina, ousadia e fé. Ele apresenta-se árduo, complexo e até, por vezes, incompreensível, contudo, transporta a uma grande felicidade interior, podendo levar às alturas do samādhi, já que sem esta felicidade, o aspirante não aguentaria enfrentar tal via de acesso a uma nova consciência ou, à Consciência Superior.
Assim, a via da libertação consciente conduz, gradualmente, o Ser ao distanciamento das formas mais primárias da vivência humana; não por vaidade individual ou para se destacar pela diferença, mas pela renúncia que, naturalmente, se vai processando interiormente. Difícil é encontrar um ponto de equilíbrio, pois a transformação ocasiona uma grande impermanência, tanto interior como exterior, razão pela qual, poucos seres a empreendem por própria vontade. Obviamente, esta realização levada às últimas consequências, vem a constituir um grande distanciamento quanto aos relacionamentos afectivos, podendo tornar o ser humano incapaz de realizar a
libertação mais rapidamente pelo medo da solidão, sendo raros aqueles que atingem o seu fim; porém, nunca há solidão, mas sim, plenitude!
Este isolamento que na terminologia indiana se designa por kaivalya, representa um estado supra-humano de Consciência ou Inteligência Divina, que fica longínqua de qualquer vivência humana normal.
Não obstante, se a via, por um lado, parece fácil quando acontece a ligação com planos divinos e consigo próprio (caso de um primeiro despertar espiritual), onde o coração se inunda de felicidade, por outro, são muitos os obstáculos e constituem a ponte para os que, pela sensibilidade e pureza se alteiam a esses planos de luz, ainda que, por essa mesma sensibilidade, possam descer abruptamente de tais alturas.
Com efeito, os conceitos estabelecidos sobre os caminhos espirituais e transmitidos à humanidade através das diversas tradições milenárias, são tão transitórios quanto a própria vida humana, onde a impermanência abala todas as construções teóricas e, portanto, mentais do Homem. Se, por um lado, esses conceitos religiosos e filosóficos se baseiam, em parte, em determinadas vivências humanas de alguns Seres de elevada sabedoria, e têm servido como padrão ou exemplo para muitos, por outro, devido à deturpação que os seguidores vêm a fazer das suas doutrinas, acabam por conter muito exagero, contradição e ignorância, causando grande frustração àquele que deseja alcançar a “meta”, pela ambicionada riqueza inserida na propaganda de tais realizações e caminhos.
De facto, a ignorância atinge a humanidade inteira pela sua origem comum, em que os sistemas educacionais e culturais dos povos se entrecruzam e se tornam dogmas universais, onde cada Ser, para além desta herança colectiva de karma e dharma, tem a sua própria ignorância baseada no egocentrismo.
A ignorância ou ilusão também atinge aqueles que se convencem que estão a percorrer uma via espiritual, simplesmente por seguirem uma doutrina ou um método, nada fazendo pelo melhoramento de carácter (sem realizar a sua própria transformação), onde por vezes, arranjam máscaras de bondade e de rectidão, forjando uma imagem para eles mesmos e para os outros. É próprio do ser humano criticar e julgar os demais, mas como também, por sua vez, pode ser julgado, cobre-se geralmente com uma falsa capa de virtudes. Pelo facto de se encetar o caminho espiritual, ou seja, ter uma forma mais consciente de viver, não quer dizer que se fique perfeito, sem fraquezas nem erros, instantaneamente iluminado – sendo que por sua vez a definição de um erro depende muito de conceitos, educação e consciência – o que é erro para uns, pode não o ser para outros. Vem isto a propósito de toda a utopia que envolve o dito caminho espiritual, pelo deslumbramento e exagero, e também pela ilusão dos que o veem como uma via especialmente desligada da vida material. Não só exageram e se enganam a si próprios, como iludem aqueles que ainda se deslumbram com estas aparências. Um princípio básico e fundamental é que não há divisão entre as duas, elas completam-se. A vida espiritual e a vida material são uma só, e todos estão no Caminho, embora muitos seres não tenham consciência disso. Portanto, a diferença está naquele que percorre a via espiritual de forma consciente, tendo sempre presente a sua integridade e a sua atitude na relação com o mundo, mantendo-se acima dos conflitos, com acções concisas e objectivas, fortalecendo, sobretudo, a união com o Absoluto. Numa terminologia cristã, encontrámos esse complemento entre a vida activa e a vida contemplativa.
Acreditando que existem mudanças ao nível colectivo como, por exemplo, a entrada de um novo milénio, permitindo a renovação de ciclos de acontecimentos no tempo e no espaço, também, naturalmente, abalam conceitos e ideias feitas, por vezes deturpadas, principalmente nestes últimos dois mil anos de Cristianismo no Ocidente, e de muitos conceitos religiosos e filosóficos também no Oriente, pelos quais muitos povos se têm guiado. Actualmente, a humanidade e a própria Terra sofrem alterações, e nesta transição é difícil de se encontrar uma definição clara para os acontecimentos, como também saber as consequências para o futuro.
Naturalmente a revolução, tanto cultural e social, como religiosa, acontece aos poucos por toda a parte, provocando instabilidade em todo o Planeta e, mesmo, quando o Homem se volta para a exploração do Cosmos, é exactamente para ajudar a completar essa transformação. Todavia, a superação de nós próprios, das nossas fraquezas, é a única atitude que nos mostra a evolução do nosso caminhar espiritual com consciência. O Ser que supera a sua própria debilidade, conscientemente,
através da inteligência, desenvolve virtudes e fortalece-se sem esforço e sem desejo de mostrar aos outros que é espiritual. Fluirá de nós o bem para os outros, se estivermos bem, porém, não é só pela bondade que se ultrapassam os entraves que a vida nos coloca constantemente, mas também pela coragem, pela força interior e autoconhecimento, que levam ao domínio das reacções emocionais e sentimentais. É pela inteligência que se deve transformar, por exemplo, os sentimentos de revolta e de raiva, em paciência, através da tomada de consciência desses sentimentos. É pela compreensão e saber, que um Ser evolui para a perfeição e pureza. Não são os rituais das escolas esotéricas, ou receitas fáceis de iniciações, ou ainda através de manifestações psíquicas; pureza é correcta acção, viver na verdade, na justiça, na ética e na lealdade para consigo e para com os outros. Fenómenos psíquicos e mesmo clarividência não são por si só, sinais de evolução, eles apenas fazem parte do percurso espiritual e, quando esses poderes estão integrados com o Conhecimento, transformados conscientemente numa realização interior, então brilha a Sabedoria.
A razão da ilusão ou do caminho se tornar utópico é devido ao estado consciencial de cada um, já que cada Ser apresenta um estado de consciência único, que corresponde naturalmente aos seus desejos e aspirações. Se há deslumbramento é porque nos baseamos em concepções e doutrinas estabelecidas, criando expectativas – enquanto o verdadeiro Caminho espiritual é espontaneamente interior – embora reconheça como necessário e consolador encontrar certas referências, quer nas pessoas, quer nas religiões ou filosofias.
Assim, de facto, é através da sublimação, tomando consciência das emoções (egoísmo, sensualidade, sentimentos de posse) e usando a inteligência, que realizamos o nosso caminho espiritual. Também a fé e a devoção são sentimentos ou estados ligados ao coração e, portanto, que nos elevam à energia do Amor ou união Crística. Conhecimento, fé e devoção são requisitos essenciais para se atingir a libertação. Através destes se encontram outras formas e atitudes, que vão depender dos diversos estados de consciência, numa progressão para a realização própria interior, já então libertos das limitações doutrinárias ou filosóficas de modo a encontrar a Única Via,
aquela que todo o ser humano deve concretizar e que é a sua união com Deus.
Verdadeiramente, nada está dissociado. É na mente das pessoas que a separação existe, ao dizerem que percorrem certa via ou doutrina, rotulando-a, definindo-a por nomes, constituindo, então, uma mera necessidade mental para terem uma base onde colocar os “pés…”.
Concluindo, e dirigindo-me àquele que de alguma forma se sente preparado para a “crucificação”, para o sacrifício, ultrapassando a dor e a impermanência, deixo este meu testemunho, para que não deixe escapar um só milésimo da sua força, porque na situação menos esperada vai precisar dela, caso contrário é engolido pela voragem do caos da Manifestação, que como inimigos utiliza até aqueles em quem mais confia.
Atenta, então, pois a via torna-se única, porque cada Ser é único devendo sofrer a transformação que lhe diz respeito, já que a todos a transformação ocorre também como única, onde cada um deve realizar a sua própria libertação, destruindo a ignorância. Para a luta só tem de reconhecer-se uma coisa; que a batalha será mortal, que se vai “perecer”, contudo, a Eternidade subsiste! Eternidade, a derradeira esperança do ser humano, onde porém, a utopia contínua, pois ninguém a conhece, sendo
a Eternidade um contínuo adiar do Fim…
Assim, só com fé inabalável em Deus e no objectivo espiritual, se consegue manter a integridade e a firmeza, rumo à meta da Realização.
A ponte entre o discernimento e a loucura é pequena, e oscila fustigada pelo vento desequilibrando quem lá passa sem firmeza. Quem não tem coragem, nem a devida honestidade consigo mesmo, não a atravesse, fique pela margem de cá, tranquilamente…, sentado no banco de areia da ilusão.
ÍNDICE
Introdução ……………………………………………………………… 9
Agradecimento ……………………………………………….……… 17
1.º Capítulo. A feliz infância e adolescência ……………………… 19
2.º Capítulo A Demanda …………………………………………… 107
3.º Capítulo A Beatitude …………………………………………… 183
4.º Capítulo A Consolidação………………………………………… 249
Glossário ……………………………………………………………… 347
Bibliografia …………………………………………………………… 351