SINOPSE
Esta obra, o Paramārtasāra, comporta a realidade metafísica e ontológica do Shivaísmo de Kāshmir, a teoria básica da causalidade de toda a manifestação em forma de reflexão, fonte de todos os fenómenos do universo. Por fim, aponta para a libertação e os seus significados e uma variedade de passos práticos que a ela levam.
O Shivaísmo de Kāshmir não ignora de modo algum a psicologia humana. O seu método é simultaneamente lógico e psicológico e a sua filosofia do foi levada ao seu apogeu em ambos os aspectos da teoria e da prática por Abhinavagupta, o autor de Paramārthasāra. Ensina um caminho integral de um treino espiritual para a mente e o coração através do conhecimento e teologia devocional.
Baljita Nath Pandit é uma autoridade no Shivaísmo de Kāshmir. Ele era Leitor de Sânscrito na Universidade de Jammu. Já publicou várias obras em Inglês, Sânscrito e Hindi. A sua “Enciclopédia” Shivaísmo de Kāshmir servirá para estudiosos durante vários séculos…
Há dois trabalhos na filosofia Indiana que são conhecidos
pelo nome de Paramārthasāra. O primeiro é um trabalho antigo
de Ādiśeṣa. Patañjali, era geralmente conhecido por este
nome porque se crê ter sido uma encarnação de Śeṣanāga, o
famoso deus da serpente das mil cabeças. Esta crença pode
ter surgido pelo facto de Patañjali ter sido o mestre e autor
de múltiplos e extensos trabalhos académicos como se tivesse
mil cabeças para pensar e bocas para falar; ou também é
possível que tenha pertencido, originalmente, a alguma escola
de Nāgas-worshippers (adoradores de serpentes) e, em consequência
disso, ser chamado um Nāga.
Yogarāja, o comentador do último Paramārthasāra de Abhinavagupta,
considerou erradamente que o Paramārthasāra de
Śeṣa pertenceu ao sistema Sāṃkhya. Desde então, outros autores
têm seguido essa opinião e nem nos tempos de hoje os
eruditos estudiosos se uniram para corrigir esse erro. De facto,
não há dúvida nenhuma de que alguns elementos da filosofia
Sāṃkhya estão presentes no trabalho de Śeṣa, mas elementos
do teísmo visnavita são claramente mais brilhantes. Além disso,
alguns elementos dos princípios Sāṃkhya podem ser encontrados
em muitas outras escolas da filosofia Indiana que são distintamente diferentes da escola Sāṃkhya. Na realidade,
o Parmārthasāra de Śeṣa é um trabalho de época antiga
em que o antigo teísmo Sāṃkhya do sábio Kapila, o antigo
Visnavismo do Mahābhārata e a filosofia teísta Vedānta dos
Upaniṣadas foram estudados como uma só e única escola de
pensamento integrada com todos estes elementos apoiando-se
uns aos outros. Tais elementos da filosofia tiveram ainda de se
bifurcar e desenvolver em algumas escolas de pensamento distintas
e separadas. Mas, apesar de tal integração, o carácter do
trabalho visnavita é claramente predominante. O Visnavismo
de Patañjali, diferentemente da filosofia dos últimos visnavas,
é de opinião monística e tem o absolutismo como características
metafísicas e ontológicas. O Visnavismo mais recente
vai no caminho da mitologia visnavita mas o Visnavismo de
Patañjali mantém o seu carácter filosófico. Vallabha defende
uma visão monística, mas até ele se aproxima da mitologia e
relega as bases de carácter absolutista da realidade monística.
Contudo, o seu Viśuddhādvaita é diferente do Advaita de Patañjali
que se aproximou do Vedānta Upaniṣada. Os pontos de
vista de Patañjali são de carácter altamente teístas, separando-
-se assim do Vivartavāda dos filósofos da linha de Śaṅkara.
Paramārthsāra de Patañjali é assim a mais antiga dissertação
filosófica do absolutismo teísta de carácter visnavita.
Abhinavagupta sentindo-se muito atraído pelo estilo, método
e técnica de Ādiśeṣa, adoptou-o, fazendo as necessárias adições
e alterações no texto e apresentou-o como um excelente trabalho
de filosofia do Shivaísmo de Kāshmir, para principiantes. A
linguagem do trabalho de Abhinavagupta é muito simples e o
seu estilo é suficientemente lúcido e claro. Dispensa discussões sobre muitos pontos controversos da filosofia e não toca pontos
de vista de qualquer antagonismo, mas apresenta, pelo contrário,
em seu lugar os princípios essenciais do Shivaísmo de
Kāshmir em si mesmo. Não recorre ao método da lógica árida,
mas narra os princípios e doutrinas num estilo simples. Outros
filósofos importantes como Īśvarapratyabhijñā e Śivaḍṛṣti
adoptam um método de lógica subtil, mas no Paramārthasāra
evita discussões lógicas. Emite luz em todos os princípios básicos
e mais importantes da filosofia de Shivaísmo de Kāshmir e
é certamente a melhor obra disponível para começar o seu estudo.
É verdadeiramente útil para o entendimento de um trabalho
de nível superior como Īśvarapratyabhijñā de Utpaladeva.
Os princípios básicos do Shivaísmo de Kāshmir tratados
no Paramārthasāra de Abhinavagupta, incluem o que se segue:
Realidade metafísica, ontologia de Shivaísmo, a teoria básica
da causalidade, a fonte da criação objectiva, a natureza
maravilhosa do fenómeno, a sua manifestação em forma de
emanação, o processo de evolução dos trinta e seis tattvas,
como funciona o universo, dependência e suas causas, libertação
e seus significados, variedades da libertação, passos práticos
que a ela levam, o estado de um praticante imperfeito e
a sua evolução espiritual adiada. Trata, no entanto, o assunto
com muita compreensão sendo este um mérito importante para
um compêndio de textos.
Kṣemarāja foi um discípulo de Abhinavagupta. O seu discípulo
foi Yogarāja, que escreveu um comentário detalhado
de Paramārthasāra. Esse comentário explica integralmente os
aforismos de Abhinavagupta e discute ao pormenor muitos dos
princípios subtis do Shivaísmo de Kāshmir.
ÍNDICE
Introdução… ……………………………………………………………………………………………7
Essência Exacta da Realidade no Paramārthasāra ……………………… 35
Glossário…………………………………………………….………………………………………… 89