Recomendam-se exercícios de meditação para conseguir a claridade de Espírito. O Sábio deve restringir a palavra e o pensamento, no conhecimento de Buddhi – encontrar o Si mesmo, calmo e sereno: Mahā – Ātman.
Katha Upaniṣad

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Ao começar este Guia de Meditação, que encerra na sua totalidade uma ajuda ao despertar interior, convém explicar que só trataremos aqui de Meditação, prática espiritual considerada imprescindível para se chegar ao “Topo da Montanha”.
No Ocidente, generalizou-se a ideia de que meditar é apenas uma mera posição física para levar ao controlo mental, ao relaxamento, ou então, que é para ter experiências transcendentais, deturpando-se assim a nobreza da Meditação. O Yoga ou Meditação é uma ciência e essencialmente uma atitude, que leva ao auto-conhecimento e à realização espiritual, para ampliar e libertar a própria Consciência com base em acontecimentos interiores, e é o meio pelo qual se estabelece um eixo entre nós e a Mente Divina. Gradualmente, a Meditação, possibilita maior integração dando-nos uma directriz pessoal, onde acontece sempre algo de novo, que recria e nos devolve a nós próprios. É o Caminho da elevação e da libertação.
Contudo, a Meditação não é a paragem ou a fuga ao mundo e aos problemas, mas é o caminho da transformação, porém, duma transformação consciente, gradual sem violência, sendo errado ter a Meditação apenas como um método de relaxamento ou de tranquilidade; ele envolve tudo isso, mas primeiro passa pelo esforço interior de determinação para um superamento constante. Deste modo, o Caminho da Meditação é dinâmico, pois implica trabalho mental, conhecimento e realização interior. No final deste Guia se compreenderá como o caminho da Meditação envolve acção até chegar à inacção, à Quietude.
Na realidade, a Meditação é uma via de inteligência, onde a cada passo damos conta da transformação interior e tornamo-nos cada vez mais conscientes dos obstáculos ultrapassados e dos ainda a enfrentar. Também ajuda a compreender os passos mais importantes que devemos dar na vida e suas prioridades, pois há acções e circunstâncias, criadas desnecessariamente devido à forma superficial em que se vive. Uma mente dispersa, leva ao “stress” e consequentemente ao desequilíbrio e ao sofrimento, porque não há pensamento claro e calma mental para viver o momento presente. A maior parte das doenças advêm da ansiedade causada pela vida exageradamente agitada; deve-se aprender a viver com serenidade, rejeitando o inútil. A Meditação é um trabalho de vigilância, de alerta, de fortalecimento da mente, que de uma forma natural desenvolve um campo de forças magnético, como barreira às influências exteriores.
Não obstante, para praticar Meditação tem de haver um suporte e um sentido, razão porque neste Guia aparecem as palavras em Sânscrito, base de todas as filosofias e sistemas religiosos da Índia, que fornecem os meios para compreendermos, não só as razões porque se deve meditar mas, sobretudo, acompanhar através do significado específico de cada palavra, a transformação interior que se vai operando, caso contrário seria uma perda de tempo.
A Meditação consiste na conquista gradual da consciência de si e das coisas, porém, poucos seres estão preparados, já que a Meditação consciente interfere consigo próprio, onde não há fugas, não há o adiar de nada: é o aqui e agora. E, só deste confronto consciente, pode vir a transformação de carácter e a realização espiritual.
A Meditação, envolve uma atitude de vida, novas perspectivas e horizontes nunca antes sonhados, pois só com a evolução espiritual consciente se alcançam planos de Consciência que abarcam dimensões na realidade estranhas, a quem ainda não os alcançou. Só quando se “atravessa o rio e se passa para a outra margem, se conhece a paisagem”.