INTRODUÇÃO
Qual é o verdadeiro propósito da nossa vida na Terra?
Esta é uma questão que requer uma análise imaginativa profunda – com base na informação que nos é transmitida pelos Mestres da Sabedoria – da origem e da evolução do Universo, do qual somos uma parte intrínseca. A pergunta surge na nossa mente quando nos sentimos pressionados a dar um sentido Real às nossas vidas, e, mais comummente, quando fazemos face às dificuldades encontradas no dia-a-dia terreno. Sejam quais forem os problemas, o mal-estar ou o sofrimento por eles causado, é o precursor para uma reflexão sobre a vida. Quando tudo nos parece correr bem e nos sentimos acomodados, muito pouco aprendemos sobre as questões mais profundas da nossa existência; consequentemente, a nossa evolução é mais lenta. Para que tal não aconteça, a vida encarrega-se de nos “pregar partidas”, destabilizando-nos inesperadamente, obrigando-nos a pensar utilmente. É sobretudo quando sofremos que procuramos saber o porquê de tudo isto; e a nossa consciência é pressionada para as realidades superiores, em busca de uma explicação ou de conforto.
Os conceitos do Bem e do Mal estão claramente definidos na mente daquele que é sensato, que conhece e pratica a Justiça. E, se este não for o caso, ele será levado a aprender ao longo da vida, ou de várias vidas, que somente através do exercício do Bem, conseguirá encontrar o verdadeiro bem-estar; e contribuir para a harmonia Universal.
Na prática do Bem o homem tem a chave para o seu progresso espiritual, que culminará na sua graduação espiritual. Quando alcançada ele fica liberto dos grilhões que o prendem ao mundo da matéria densa e ao sofrimento – porque a sua aprendizagem terrena terminou – e a sua evolução prosseguirá, mas agora, nos planos superiores da Realidade, sem a necessidade de voltar a encarnar.
Conhecermo-nos a nós próprios como parte importante deste Universo é o propósito da nossa existência terrena. Porque a busca deste Conhecimento é o caminho para o nosso desenvolvimento espiritual, que nos eleva à divindade. Este percurso é o que chamamos Evolução.
Para o homem, Evolução é o processo da expansão da sua consciência, que progressivamente se vai elevando para os planos superiores da Realidade. É o lento despertar da sua consciência nos planos espirituais do ser, como resultado das faculdades desenvolvidas através das experiências de inúmeras vidas.
A consciência que o homem tem da Realidade Universal depende do seu nível de evolução, e, comummente, aquilo que dela conhece é uma pequeníssima porção – que no ocultismo se designa ilusão.
A ilusão é sobretudo a realidade dos planos inferiores – do plano físico, do astral (ou emocional) e do mental inferior. As consciências dos planos superiores – do plano mental superior, do plano búdico (ou intuitivo), do plano átmico (ou espiritual) e do plano monádico (ou divino), manifestam-se de forma limitada no caso do homem comum.
Numa secção posterior do livro falaremos dos corpos materiais que constituem o Homem; que são os seus veículos nos planos da matéria densa – nos planos materiais, como são comummente chamados. Contudo, é útil neste ponto referir que para além do corpo físico, temos também um corpo emocional – responsável pelos nossos sentimentos e pelos nossos desejos; e um corpo mental inferior – que origina os pensamentos concretos. Os corpos físico, emocional e mental inferior, são designados na Ciência Oculta os corpos inferiores do Homem.
Falaremos também em maior detalhe dos seus corpos superiores ou espirituais: o seu corpo mental superior – que gera os pensamentos abstractos; o corpo intuitivo e o corpo espiritual. O corpo divino ou a mônada, é a centelha divina no homem. Assim, o Homem é um composto de sete corpos estruturados em três grupos, designadamente, o homem material, o homem espiritual e o homem divino.
O Universo é o somatório de variadíssimos tipos de vida consciente de manifestação energética, em padrões de incalculável diversidade e com diferentes graus de complexidade. Existe grande diferença entre uma pedra e uma planta, entre uma planta e um animal, ou entre um animal e o Homem. Contudo, todas estas manifestações são constituídas da mesma Essência Una, porém tríplice em sua natureza, que é Matéria, Vida e Consciência. Onde a Matéria, não é tão-somente a matéria física, mas também as matérias astral, mental, búdica, átmica, monádica e adi (das quais falaremos posteriormente).
Por outras palavras, o Universo objectivo é matéria-viva-consciente. O que quer dizer que não há Matéria sem Vida, nem Vida que não tenha Consciência.
Porém, esta Realidade Una – Matéria, Vida e Consciência – será apenas uma, entre inúmeras outras possibilidades de manifestação de “Algo”. Uma, entre infinitas possibilidades de manifestação do Divino – do Incognoscível Manifestado e Imanifestado Deus Absoluto – um conceito tão elevado, que no presente estágio da sua evolução a mente do homem não consegue nem “vislumbrar”.
Para nós, a manifestação do Deus Absoluto são os Universos, que se concretizam e depois desaparecem, como o fluxo e o refluxo periódico das marés. Ciclos que se repetem um número infinito de vezes, e que podem ser ilustrados como o “respirar” do Divino – do Absoluto Ser e Absoluto Não-Ser Supremo.
Na sua evolução o Homem vai, progressivamente, descobrindo as Leis que regem o Universo. Este “lugar” de inúmeros mundos físicos e mundos subtis, e onde para além da linha evolutiva humana muitas outras nele evoluem. Temos, como exemplo, a evolução dos devas ou anjos, da qual muito pouco se sabe ainda.
Porém, nós homens não nos devemos sentir insignificantes ou perdidos na grandiosidade deste Universo; porque, apesar da sua enormidade, o Universo “cabe”, em certa medida, na nossa consciência – dependendo da nossa evolução. E, interiorizamos mais dele conforme este se nos for revelando através do Conhecimento; pois a aprendizagem é o processo de expansão da nossa consciência.
Compreendemos que se não existisse o Homem, deixaria de existir a Consciência Humana do Universo. Neste caso, “quem seria” que pensaria nele para lhe dar esta sua existência particular? Assim, sem o Homem não pode existir o Universo, tal como o conhecemos, porque este Universo só pode existir na consciência do Homem.
Claramente, esta é uma questão metafísica e multidimensional, e a sua completa interiorização não é possível apenas pelo uso da razão. A melhor maneira de definir a intrínseca relação que existe entre o Homem e o Universo, é dizer que: a consciência do Homem é tanto uma parte do Universo quanto o Universo existe na consciência do Homem.
Consequência da evolução, o Homem desenvolverá uma consciência cada vez mais completa de si próprio e da Natureza. Deste modo, o Universo está em constante evolução, porque o processo de desenvolvimento da consciência humana é parte integral da evolução da Consciência Universal. E é assim que compreendemos o modo como se processa a expansão da Consciência de Deus num Universo.
O desenvolvimento da consciência no Homem é o resultado da aprendizagem do seu Ego (ou da sua alma) na vida, vida após vida – ou seja, através de suas inúmeras encarnações.
Em cada vida, o indivíduo começa por desenvolver as consciências dos planos materiais – dos planos físico, emocional e mental inferior. Depois de acordados os seus corpos inferiores a sua consciência começa a despertar, progressivamente, nos planos espirituais – nos planos mental superior, intuitivo e espiritual; e no plano divino. Assim, a consciência que um indivíduo com maturidade tem da Realidade, é bem maior que a consciência de uma criança.
E, porque assim funciona o Plano de Evolução, na vida seguinte, esse Ego, ou essa alma, alcançará um nível de consciência superior ao que atingiu em sua vida anterior. Apesar de, inicialmente, ter que despender de alguns anos para se “adaptar” aos seus novos corpos (corpo físico, emocional e mental inferior). Isto acontece porque a alma traz em si armazenadas todas as virtudes e todos os talentos, que adquiriu em encarnações anteriores, o que lhe permitirá um progresso mais rápido na vida presente. Demais, a sua missão para a nova vida é procurar preencher as lacunas existentes nestas suas qualidades.
Quando após inúmeras vidas o homem tiver completado a sua aprendizagem terrena – quando se graduar como Mestre Adepto – a alma não necessitará de voltar a encarnar, e a sua evolução continuará nos planos superiores da Matéria.
É possível conhecermos a Realidade Absoluta? Pode a “coisa feita” conhecer a Mente do seu Criador e compreender o Plano para a sua existência?
Evolução para o homem consiste em descobrir a divindade em si e na Natureza ao seu redor – chegando um dia a ser um deus, e poder também criar. Seguindo o percurso evolutivo até ao Adeptado, e também depois, ele terá uma consciência cada vez mais completa do Universo em que tem o seu ser, e uma relação progressivamente mais consciente com o Divino.
A Evolução é o Plano de Deus para a Humanidade, e este Plano é imutável; é o verdadeiro propósito da nossa vida na Terra. Assim nos ensinam os Mestres.
A ciência e a religião são os campos onde o homem normalmente colhe os conhecimentos que alimentam a sua vontade e a sua necessidade de saber – “os nutrientes” para a sua evolução. São os centros tradicionais do conhecimento. A ciência dá-nos o conhecimento do mundo material; enquanto a religião procura ensinar-nos o Saber do mundo espiritual.
As diversas disciplinas da ciência convencional, tais como a física, a química, a genética, a psicologia, a arqueologia e a astronomia, entre muitas outras, são meios para a aquisição de conhecimentos, que fazem parte da “lista de materiais” com os quais a fantástica “obra” de construção da Sabedoria é feita.
Existem, porém, “outros materiais” também necessários, os quais a ciência ainda não é capaz de fornecer. E o “construtor” – o homem comum – recorre então à religião para a sua aquisição. Estes “outros materiais” são as respostas às questões metafísicas da nossa existência; as quais o cientista não possui os meios capazes para analisar.
Infelizmente, acontece que a doutrina religiosa – e a religião judaico-cristã é considerada no âmbito deste livro – hoje ensinada numa forma desactualizada, não pode ser eficazmente utilizada pelo homem do século XXI na construção do seu Saber.
Qual a razão para que assim seja?
Resposta: Os ensinamentos religiosos, sobretudo aqueles sobre as questões mais elevadas do ser, são dispensados numa linguagem velada e ilustrativa, o que potencia que a verdade oculta possa ser distorcida em interpretações erróneas. Daqui podem resultar inverdades, criadas por motivo de interesses particulares e, noutros casos, consequência da ausência de Sofia. Assim sendo, o homem é exposto a uma diversidade de informação que é no mínimo confusa e muitas vezes contraditória. Uma confusão que, ao que parece, as Igrejas preferem ignorar.
Há, no entanto, uma outra fonte do Saber, ainda pouco divulgada, a teosofia moderna, que ensina de forma sistemática e numa linguagem objectiva, a Sabedoria Antiga dos Mestres. Esta Sabedoria (ou Sofia), preservada durante muitos milénios, continua em expansão nos nossos dias, pelo trabalho de pesquisa dos teósofos modernos e pela bondosa ajuda dos Mestres.
A teosofia é o grande “reservatório” de Ciência, e, nela encontramos o Conhecimento que fundamenta as escrituras sagradas das grandes religiões dos nossos dias – o hinduísmo, o budismo, a religião judaico-cristã e o islamismo.
Esta Sabedoria Antiga contém a Verdade subjacente ás doutrinas destas conhecidas religiões. Ou, em outros termos, todas estas religiões são apresentações da mesma Eterna Verdade. E, o erro de muitos está em dar demasiada importância à forma como é feita a apresentação, em vez de buscar a base comum e tentar harmonizar os pontos menos importantes em que diferem.
Esta Ciência Oculta é universalmente abrangente; não só traz-nos o conhecimento da estrutura sub-atómica da Natureza, como também nos explica fenómenos de dimensão cósmica.
Neste trabalho, o autor utiliza a informação divulgada pela teosofia moderna para “cimentar” – ou integrar e estruturar – o “material” científico e o “material” bíblico, e, ao mesmo tempo, preencher as lacunas, ou as falhas, que neles se encontram. Isto é possível porque a Teosofia é a Ciência que pesquisa e traz-nos informação de todos os planos que constituem o Universo objectivo. Esta Ciência é o que chamamos Sofia.
A ciência constrói, progressivamente, a partir do estudo de fenómenos observáveis, o “edifício” da sua realidade universal. Porém, esta “obra” não tem as dimensões necessárias para poder conter, dentro de seu “espaço”, toda a Realidade de um Universo; que é também o “lugar” de mundos que não são feitos de matéria física. Isto é assim, porque os métodos científicos e a actual tecnologia, permitem, apenas, o estudo dos fenómenos que têm manifestações de qualidade física – e nem de todos porém.
Quando o cientista estuda os níveis sub-atómicos da matéria, ou quando pesquisa as fronteiras deste universo, tem que se limitar à formulação de teorias, para as quais não existem provas palpáveis.
Ao nível sub-atómico, por exemplo, pouco se sabe ainda sobre a natureza de certas partículas, cuja existência é somente detectável por meio de equipamentos muito sofisticados. Este é o caso, por exemplo, dos mesões e dos neutrinos.
À escala cósmica temos como exemplo a teoria do Big-Bang, que a ciência escolheu para explicar a origem e a expansão do universo. Pode esta teoria ser rigorosamente comprovada? Resposta: Não
O cientista, apesar de saber que a ciência é a acumulação progressiva do conhecimento, não tem muitas vezes a humildade para reconhecer que aquilo que hoje é considerado “tabu”, amanhã poderá vir a ser realidade. A ciência tem naturalmente as suas limitações, e, esta é razão suficiente para que não se desacredite naquilo que ainda não pode ser verificado pelos actuais métodos científicos.
A vontade de aprender faz parte da natureza do homem e é fundamental para a sua evolução. A pressão que o homem sente para encontrar respostas é a própria Vontade do Universo a impulsioná-lo na direcção ascendente da Escada da Vida. É o Plano de Evolução em acção.
O homem experimenta em si a existência de realidades que escapam aos seus sentidos físicos, mas que no entanto o afectam profundamente. É o caso dos seus sentimentos, dos seus desejos, dos seus pensamentos, dos seus conceitos e ideais, e da sua moralidade (os princípios do Bem e do Mal).
Ele experimenta tudo isto, mas é incapaz de verdadeiramente definir estas “consciências”. Afinal, consegue o homem definir o que é “consciência” sem entrar no domínio da metafísica? No entanto existe algo que designamos consciência. Demais, existem diferentes planos (ou níveis, ou tipos) de consciência – uma utopia para o cientista que vê tudo confinado ao cérebro físico.
A psicologia e a biologia conseguem apenas explicar certas manifestações físicas da actividade emocional e mental do ser humano. A completa compreensão destes fenómenos só pode ser alcançada quando o investigador os estuda em seus respectivos planos, e analisa a íntima relação que entre eles existe. Trataremos deste assunto num capítulo subsequente.
A religião, como um bastião de conhecimento metafísico, deveria ser um centro de “iluminação” para o homem, facultando-lhe a Sabedoria que o ajudaria a compreender o verdadeiro sentido da sua vida. Infelizmente tal não acontece, porque as Igrejas modernas desvalorizaram-se em consequência das doutrinas dogmáticas que promovem, deixando por explicar importantes questões. O motivo para que as verdades que estes dogmas representam não sejam reveladas é, muitas vezes, o interesse particular de indivíduos ligados a estas organizações religiosas; ou a ignorância de um clero que mal entendeu o sentido das suas Escrituras Sagradas.
Mas, afinal, o que é mito e o que é verdade? É verdadeira, literalmente, a narrativa bíblica da Criação, ou estão correctas as teorias do Big-Bang e a teoria da evolução de Darwin?
O cientista dirá que as suas teorias podem ser comprovadas cientificamente; e que o resto são mitos – o que não é verdade. Por sua vez, o teólogo dirá que a única verdade está na Bíblia, porque esta é a pura revelação de Deus; dirá que a explicação científica é apenas uma teoria – o que não é verdade também.
A teosofia moderna surge como uma luz – como a única solução neste caso de dois sistemas que se opõem – iluminando o que há de verdade em ambos os “campos”.
Neste contexto de contraditório, o seu papel é o de um juiz num tribunal, em que cada uma das partes contesta a superioridade do seu argumento, e acusa a outra de fazer afirmações infundadas.
A Teosofia é a Sabedoria que resulta do estudo da Matéria, da Vida e da Consciência. Esta Sabedoria é fruto da pesquisa dos mistérios da Natureza, e tem estado em evolução desde idades imemoriais, por investigadores credenciados – os Mestres da Sabedoria. Estes Mestres são almas humanas que no decorrer do processo evolutivo passaram do estágio humano para o nível sobre-humano – atingiram a graduação de Adepto; assim designado na ciência esotérica este patamar evolutivo na Escada da Vida.
Alcançando o Adeptado, o homem adquire o conhecimento por suas investigações e experiências. Os conhecimentos adquiridos até ao presente, por uma série ininterrupta de Mestres – Adeptos – constituem a Teosofia, a Sabedoria Antiga.
Esta Ciência Oculta dá-nos a conhecer a natureza do Universo e o seu Plano de Evolução; explica-nos o mistério da Criação: a formação dos sistemas solares e a evolução dos reinos de vida no nosso mundo – incluindo a evolução do reino humano. Dá-nos também a conhecer a história das várias Raças-Raíz e das várias Sub-Raças de homens que habitaram a Terra em eras passadas, bem como a da nossa Raça actual – a Raça Ariana.
A entidade humana tem vindo a evoluir no planeta Terra desde há muitos milhões de anos. Quando se fala no ser humano, a maioria das pessoas pensa de imediato num ser antropomórfico, que ao longo da sua história evolutiva tenha sempre tido características físicas, em certa medida semelhantes às do homem moderno; mas este não é verdadeiramente o caso.
Existe, também, grande confusão quanto à origem do homem, devido à sua semelhança anatómica com os símios. Porém, ao contrário do que diz a ciência profana, o homem nunca foi um macaco. O que aconteceu foi que alguns antropóides, por cruzamento sexual com homens gigantes e animalescos, ainda sem desenvolvimento mental, originaram os chimpanzés, os gorilas e os orangotangos – o pecado dos néscios – um dos vários pecados humanos, como é ensinado pelos Mestres. Estes antropóides não originaram o homem – como pensam os darwinistas – mas são homens degradados em animal. E, porque a Ciência dos Mestres é rigorosa, a ciência é hoje capaz de verificar que os genes destes grandes antropóides são idênticos aos do homem, mas totalmente diferentes dos genes dos outros macacos.
Nos tempos do antigo continente da Lemúria, a entidade humana possuiu corpos físicos diferentes dos actuais na sua estrutura e no seu tamanho. A separação dos sexos não havia ocorrido e o “homem” era ainda um ser bisexuado.
Em tempos ainda mais remotos a Terra não havia solidificado completamente; encontrava-se num estado de enorme turbulência, e o seres humanos tinham corpos feitos de matéria etérica. Estes corpos eram adequados às condições que então prevaleciam no planeta – de temperaturas elevadíssimas e de constantes convulsões geológicas – porque neste ambiente tão adverso qualquer corpo físico denso teria sido prontamente destruído. Todos estes “homens” que existiram até à separação dos sexos e que se preparavam para produzir a actual humanidade são chamados os “Pré-Homens” na teosofia moderna.
A Doutrina Teosófica ensina, também, que a entidade humana antes de ter iniciado a sua evolução na Terra, existiu noutros globos do sistema solar – uns físicos e outros invisíveis – por onde a Onda de Vida passou antes de ter chegado ao nosso mundo.
A entidade humana tem vindo a evoluir no nosso sistema solar, desde há muitos éons. Tendo no decorrer destes extraordinariamente longos períodos de tempo utilizado corpos muito diversos, feitos de diferentes tipos de matéria. De matéria física densa e de outras matérias mais subtis – de matéria etérica, astral, mental (inferior e superior), búdica e átmica.
(Para uma explicação detalhada sobre este assunto, consulte O Sistema Solar de Arthur E. Powell)
Quem criou o Universo?
A teosofia diz-nos que o Universo foi criado “instantaneamente” na Mente de Deus – num plano infinitamente superior aos nossos planos de existência. Esta criação instantânea num plano cósmico foi-se executando progressivamente nos planos da Matéria – e, verdadeiramente, ainda continua, pois o que é evolução, senão, um processo de criação em progresso?
A questão que se coloca agora é como foi levada a cabo – e como continua a processar-se – o trabalho de Criação: a formação e a evolução dos inúmeros mundos existentes no Universo.
Como pode o Incognoscível Deus Absoluto executar esta complexíssima “Obra” nos planos materiais mais baixos, a partir de um plano tão supremo? Ou será que existe uma hierarquia de co-criadores?
O Universo, para além do cosmos físico que a ciência convencional estuda, é também o lugar de globos invisíveis, feitos de matérias mais subtis – de matéria astral, matéria mental, matéria búdica e matéria átmica. E, é a estes mundos invisíveis que pertencem as Entidades que fazem parte das grandes Hierarquias Criadoras.
Sabe-se que existem legiões de co-criadores – ou deuses – colaborando na construção, sustentação e direcção de todo o Universo. Eles formam uma espécie de departamento executivo, e trabalham na execução do Plano concebido na Mente Divina.
Deste modo, só por uma grosseira simplificação se pode falar de um Deus Criador – um dos dogmas da religião judaico cristã – quando na verdade há inúmeros criadores, ou deuses, hierarquizados, a desempenhar trabalhos diversos mas complementares para o cumprimento do Plano de Evolução.
Este lado oculto da Natureza é reconhecido, originalmente, pelas actuais religiões – o judaísmo, o cristianismo e o islamismo – mas é um clero destituído de Sofia que insiste em ignorar e deturpar esta verdade.
As religiões, embora não falem de uma pluralidade de deuses, a que é que se referem quando falam dos seus Elohins, Anjos, Arcanjos, Serafins, Querubins, Tronos, Poderes, Dominações, Virtudes e Principados (na tradição judaico-cristã), ou em Adityas, Vasus, Dhyâni, Budhas, Dhyan Choans, etc. (nas religiões orientais)?
A própria palavra “anjo” é empregada para designar uma diversidade de Grandes Seres engajados em diferentes actividades. Os anjos têm uma vida esplêndida própria que é repleta de actividades variadas. Eles fazem parte, tal como nós, de uma estupenda evolução que até agora não compreendemos. Certamente, ela envolve um progresso constante, aproximando-se cada vez mais do Centro Divino, que é o mesmo para os homens e para os anjos.
O bispo e teósofo clarividente, C. W. Leadbeater, afirma que uma das maneiras pelas quais os anjos mais entram em contacto com a humanidade é nas cerimónias religiosas, tais como as celebradas na Igreja Cristã. Muitos anjos vêm ajudar nessas ocasiões. Eles actuam como intermediários ou sacerdotes invisíveis nestes serviços; tal como por exemplo na celebração da Sagrada Eucaristia.
Existem, nos mundos invisíveis, numerosas categorias de inteligências em relações com o homem. Muitas destas inteligências são Poderes Espirituais imensos; outras são seres pouco desenvolvidos, dotados de uma consciência inferior à do homem.
A palavra “deus” com um “d” minúsculo significa uma entidade que está num elevado estágio evolutivo, e que agora colabora de forma especial na evolução do Universo. É importante notar que os deuses não fazem parte de uma classe homogénea de entidades, mas têm diferentes graus de desenvolvimento espiritual, consoante o seu percurso e o seu estágio evolutivo.
Certas destas entidades estiveram em relação com as antigas civilizações humanas – e por elas foram veneradas como deuses por motivo da sua incomparável superioridade; ou foram os seus governantes e os seus sacerdotes. Assim surgiram os deuses referidos nas tradições dos sumérios, dos egípcios, e das primeiras civilizações na mesoamérica e na América do Sul; e temos o bem conhecido deus nas culturas do ocidente, o Cristo, na pessoa de Jesus de Nazaré.
Enquanto alguns destes Seres encarnaram de forma comum entre a nossa humanidade para levar a cabo a sua missão; outros fizeram o seu trabalho a partir dos planos invisíveis. Outros, ainda, chegaram à Terra fisicamente, vindos de Vénus – desde há milhões de anos no passado. E, mais tarde, provavelmente vindos de mundos fora do nosso sistema solar, para os quais a humanidade venusiana terá partido quando deixou o seu planeta. Sim, falamos de Vénus. Porque o esquema evolutivo de Vénus está uma “Cadeia” mais adiantado que o esquema evolutivo terrestre – e, portanto, muitos milhões de anos mais avançado em evolução.
É por o esquema de Vénus se encontrar mais adiantado uma “Cadeia” em relação ao da Terra, e estar a humanidade de Vénus próxima do grau de Adepto, que os Adeptos vindos de Vénus foram capazes de ajudar o trabalho da “Cadeia Terrestre” em seus primórdios. Eles foram os deuses e os governantes divinos da humanidade primitiva.
Da mesma maneira, os indivíduos pertencentes à nossa humanidade que alcançarem o Adeptado no final da “Cadeia Terrestre” – tornando-se Mestres da Sabedoria – poderão, se o desejarem, colaborar no trabalho de evolução dos esquemas de Vulcano, Saturno, Júpiter e Urano, que se encontram mais atrasados. (Para uma explicação detalhada sobre este tópico, consulte O Sistema Solar de Arthur E. Powell)
O trabalho do Universo, visível e invisível, executa-se sob a direcção dos Adeptos – encarnando-se entre os homens, ou actuando dos mundos superiores. Religião e ciência são inspiradas por Eles.
Os “Eternos Braços” dos Grandes Irmãos cingem a humanidade, e enquanto trabalharem para a execução do Plano, é impossível o fracasso final para a humanidade. Como Eles, outrora fracos e pecadores, tal qual o somos hoje, já atingiram a Perfeição, não é um sonho mas uma realidade a visão de nossa Perfeição um dia. Servi-Los é obter a certeza de que todas as coisas se movem em direcção ao Bom, ao Verdadeiro e ao Belo; ser aceite por Eles como Seus auxiliares e assistentes, é entrar na Senda que conduz à Deificação.
– C. Jinarajadasa, Fundamentos da Teosofia –
Os assuntos que irá encontrar nas páginas que se seguem têm como objectivo proporcionar uma medida generosa de reflexão sobre a Vida neste Universo, que vamos descobrindo no percurso lento da Evolução.
Os conhecimentos científicos e metafísicos apresentados, imensamente diversos em sua natureza, serão a “matéria-prima” para tal reflexão, que pressiona a consciência do homem para os planos mais elevados da Realidade – e aproxima-o do Divino.
Quem é Deus? De onde e como viemos e para onde vamos? Qual o verdadeiro propósito da nossa vida na Terra?
Partamos agora em viajem na Vida, no percurso do Conhecimento da Natureza. Nesta busca pelas verdades ocultas, aquilo que até então era considerado mito passará a fazer parte da nossa verdade.
A Consciência é o aspecto de “Ser”,
pelo qual o homem reconhece a sua existência,
e os valores que a condicionam.