Ir para o conteúdo Ir para rodapé

O VERBO DA VIDA

Autor:Jorge Barroso

27.00

Informação adicional

Peso510 g
ISBN

978-989-8994-55-4

Ano

2024

Edição

Idioma

Formato

145 x 210 mm

Encadernação

Cartonada

N. Pág.

418

Colecção

Categoria: ID do produto: 24402
Partilhe:

(Romance histórico)

“O VERBO DA VIDA”. Assim se chama a história da mais nobre das vidas, a qual tendo o seu princípio na eternidade, estende-se para além de todos os séculos: A vida de Jesus Cristo.

Jesus enquanto Deus e Homem ensinou a amar e mudou o rumo da história.

Uma descrição integral do ciclo e dos tempos de Jesus, aproximando a harmonia entre religiões e crenças com divindades de diferentes ordens na passagem da sua tentação no deserto e ainda após a sua morte na cruz.

Baal, a entidade que luta pela perdição da humanidade, acompanha o Messias em todo o seu ministério, dizendo-se seu legítimo irmão, e tal como Jesus, também ele se afirma filho de Deus.

Uma obra que inclui um mapa dos lugares onde viveu e ensinou, permitindo uma profunda reflexão acerca de Jesus de Nazaré, mostrando a necessidade do leitor se afeiçoar à influente autoridade que Ele é.

“– Soube, ó César, que desejavas ter conhecimento do que passo a narrar-te.

Há aqui um homem chamado Jesus, a quem o povo chama profeta e seus discípulos afirmam ser o Filho de Deus.

Realmente, todos os dias chegam notícias deste Jesus. Para dizer–te em poucas palavras, dá vista aos cegos, cura doentes e surpreende toda a Jerusalém.

Belo e de aspecto insinuante, é um homem de justa estatura, e sua figura é tão majestosa, que todos o amam irresistivelmente. A sua fisionomia, é de uma beleza incomparável, revela meiguice, e, ao mesmo tempo, tal dignidade, que ao olhar para ele cada qual se sente obrigado a amá-lo e temê-lo.

Os seus cabelos, até à altura das orelhas, são da cor das searas quando maduras emoldurando divinamente a sua fronte radiosa de jovem Mestre; caindo em anéis reluzentes, espalham-se por seus ombros com uma graça infinita, sendo então de uma cor indefinível, como o vinho claro e brilhante. Ele usa-o apertado ao meio por uma risca, à moda dos nazarenos. A barba é da cor dos cabelos e não muito larga, também dividida ao meio.

O olhar pacífico é profundo e grave, com reflexos nos olhos, de várias cores; e o mais surpreendente é que resplandecem! Suas pupilas parecem raios de sol.

Ninguém pode fitar-lhe o rosto deslumbrante.

De um porte muito distinto, possui encanto e atrai os olhares.

Ele é o mais nobre que imaginar se possa, e muito semelhante a sua mãe, a mais formosa figura de mulher que até hoje apareceu nesta terra.

Nunca foi visto sorrindo, mas já foi visto chorando várias vezes. As mãos e os braços são de uma grande beleza e é um prazer contemplá-los. Faz-se amigo de todos e mostra-se alegre com gravidade, e quando é visto em público, aparece sempre com grande simplicidade.

Quer fale, quer opere, fá-lo sempre com elegância e sobriedade. Toda a gente acha a sua conversação muito agradável e sedutora. Fala um idioma de misterioso encanto e as multidões, compostas de judeus e de naturais da Capadócia, Ponfilia, Cirene e de muitas outras regiões, ficam perplexos ao ouvi–lo, pois cada qual o entende como se fosse no próprio idioma pátrio.

Apesar de nunca ter estudado, é senhor de todas as ciências. As crianças disputam-lhe a presença encantadora; multidões seguem-lhe os passos, tocados de singular admiração. Quase to dos procuram tocar-lhe a veste, pois dele emanam irradiações virtuosas que curam moléstias pertinazes. …

Os hebreus dizem que nunca viram homem semelhante a ele, cuja sabedoria excede à dos génios. Nunca ouviram conselhos idênticos nem tão sublime doutrina de humildade e de amor, como a que ensina este Jesus.

Amável no conversar, torna-se temível quando repreende, mas, mesmo nesse caso revela, serenidade e segurança.

É sobremodo casto, modesto e sábio. Enfim, é um homem, que por suas diversas perfeições excede os outros filhos dos homens. Muitos o têm por divino e crêem nele.

Também há os que o acusam a mim, dizendo, ó César, que é contra a tua majestade…

Ando irritado com estes hebreus que pretendem convencer-me de que Ele nos é prejudicial. Mas os que o conhecem e a Ele têm recorrido afirmam que nunca fez mal a pessoa alguma e, antes, emprega todos os esforços para fazer toda a humanidade feliz.”

 

Curiosa carta escrita pelo senador romano Publios Lêntulos, predecessor de Pôncio Pilatos no governo da Judeia, ao Imperador Tibério César, que reinou depois de Cristo.

 

Nazaré é uma cidade modesta e insignificante.

Situada no meio das montanhas da baixa Galileia, a uma distância considerável de Jerusalém, a pequena cidade sobrevive do fraco comércio e do serviço aos peregrinos.

Com uma população mais ou menos de 5.000 habitantes, Nazaré resume-se a um aglomerado de casas de pedra de aspecto simples e popular.

Casas rústicas, mal ventiladas, escuras, porém frescas no verão e bem protegidas no inverno. Os tons da paisagem expressam uma subtileza gigante, oferecendo a sua virgindade aos rudes pastores apascentando carneiros e ovelhas.

Nazaré, singela cidade da gleba adornada de flores e amável da Galileia eleva-se como Caná, vizinha montanhosa e suas primas praia nas Betsaida e Cafarnaum com longos muros de pedras.

Os dias luminosos embebidos num sol ofegante, são tranquilos e preservados.

As noites resplandecem num grave silêncio cintilante. Os moradores de Nazaré são artesãos, pastores e agricultores. Levam uma vida simples. São ingénuos e cândidos. Os seus habitantes, sobretudo os mais pobres, usam uma túnica grosseira de lã amarrada à cintura por um cordão de linho. Andam descalços ou então com uma sola de madeira presa por correias de couro aos pés.

Segundo a Lei de Moisés, Jerusalém é visitado pelo menos uma vez por ano. Essa viagem torna-se obrigatória quando nasce um primogénito para o resgate de duas pombas junto ao altar.

A dedicação profunda à realização exterior, cinge-se à frequência da sinagoga aos sábados.

Nos lares ocultos aumentam os murmúrios das orações.

…………………………………………..

No alto de um pequeno vale recortado em socalcos situa-se uma casa com a cobertura revestida a tábuas de madeira.

Ao lado, existe um matagal de silvas e trepadeiras servindo de abri go às pequenas aves que parecem loucas e ofegantes pelo sol abrasador.

Ali, vive um homem de quarenta anos e uma mulher que presumivelmente não atingira ainda os seus dezoito anos.

O homem chama-se José; o carpinteiro. Durante toda a semana, de plaina e enxó, dedica-se profundamente aos serviços que vão aparecendo. Usa um avental de couro bastante velho e surrado. As suas mãos, enrugadas e cobertas de cicatrizes dão toques especiais na madeira, limpando constantemente as lascas que ficam retidas na bancada.

Maria, sua mulher, cuida dos encargos domésticos. Sentada junto à janela, passa horas fiando e tecendo, conjugando o seu olhar fixo e juvenil entre o trabalho e o esposo.

Quando José suspeita que está a ser fitado, ela baixa a cabeça ou volta o olhar para o grande vale ou para o imenso céu azul.

De vez em quando, José pára o serviço e faz os mesmos movimentos.

Chega até a fazer uma pequena pausa. Tira o avental e dirige-se até à janela. Contempla as feições sorridentes da sua jovem mulher e em seguida oferece-lhe um beijo puro com enorme respeito.

A decoração é modesta! Existe apenas uma mesa velha e enegrecida, quatro bancos toscos e algumas tigelas de barro expostas por cima de um armário grosseiro.

Perto da janela, há também uma estante de madeira maciça repleta de cântaros cheios de água e azeite.

Um forno de arquitectura imperfeita, eleva-se até ao telhado coberto de palmas secas. Toda a casa é apenas uma cozinha ampla, a qual serve de dois quartos e sala comum…………