Parte do Cap. 4 – “Experienciar a vida humana”
ENCARNAÇÕES SUCESSIVAS
A jornada do Espírito através de muitas vidas em corpos e em circunstâncias diferentes, visa o desenvolvimento do Ser em interacção com o ambiente circundante. Os desafios que enfrentamos
consciência, que é um processo exigente e moroso, até que um dia o nosso Espírito alcance a perfeição, o retorno à Unidade original.
Como acima foi dito, no âmago de cada indivíduo pulsa a aspiração de retornar à perfeição – Lei do Dharma. <Leis do Dharma e do Karma nosso Dharma, também entendido como missão.num ano e o processo de aprendizagem envolve muitas tarefas e actividades diferentes: temos aulas teóricas, aulas de laboratório, fazemos visitas de estudo, temos orientação dos professores, mas também trabalhamos sozinhos e em grupo.
Há momentos para parar de aprender coisas novas, enquanto fazemos o balanço do que
aprendemos e, também, avaliamos e reflectimos sobre o processo de aprendizagem.
Há, ainda, momentos para descansar e para fazer outras actividades que também enriquecem o nosso Espírito, pois não podemos apenas estudar. Assim, fazemos actividades físicas como caminhar ou praticar desporto, sociais como brincar e festejar, de relaxamento, reflexão e reconexão.
Todas estas actividades fazem parte da Vida e por meio delas vivenciamos, aprendemos e desenvolvemo-nos. Paralelamente, completamos os níveis de escolaridade ou educação formal.
O mesmo acontece com a jornada do Espírito. Há momentos para estar em corpo físico, agir, testar e aprender coisas novas.
Há momentos para deixar o corpo, fazer um balanço da vida anterior, limpar e realinhar entre as vidas, porque na verdade o Espírito não morre entre vidas, é infinito. <Transformação e morte
E um dia, tal como fazemos na preparação para um novo ano escolar, o Espírito reinicia o processo de planeamento de uma nova vida ou manifestação na matéria.
Podemos imaginar a sucessão de vidas e de mortes se pensarmos num fio puxado por uma agulha que perfura um pedaço de pano. A agulha sobe e a linha fica visível, depois a agulha passa para o outro lado, deixamos de vê-la, mas a linha não cessou de existir nem foi cortada. A uma certa distância, a linha reaparece e continua a seguir a agulha. Podes perguntar-te se é realmente o mesmo Espírito que volta num novo corpo ou não.
Em meu entender, podemos encontrar evidências empíricas através de experiências próprias, relatos de outros, que foram estudados, e também através do raciocínio lógico.
Um indivíduo pode revelar conhecimentos ou dons desenvolvidos sem ter aprendido, sem ter sido ensinado e sem que os seus ancestrais tenham revelado dons semelhantes. A reencarnação
explica estas diferenças, pois, como se disse acima, ao longo de cada vida evoluímos.
Existem livros que relatam como certos indivíduos despertaram memórias de vidas passadas e foram capazes de falar sobre eventos e de descrever pessoas que nunca conheceram e lugares onde nunca haviam estado antes, sendo que esses factos puderam ser comprovados como verdadeiros. Por vezes, foram estudados por profissionais da ciência, nomeadamente os relatos de experiências pós-morte de pessoas que passaram por situações de coma e de morte aparente. Muitas pessoas têm experiências de dejá vu , que vão desde ter um vislumbre de já terem estado numa situação em que se encontram no presente, até à visão pormenorizada de vivências de outras épocas. Pode já ter acontecido contigo ou com pessoas que conheças.
Sabemos que o cérebro humano tem muito potencial, mas que usamos apenas uma pequena parte, cerca de 10% no máximo, e sabemos também que a Natureza não faz nada ao acaso. Podemos concluir que os seres humanos têm mesmo muito potencial e que é obviamente impossível desenvolvê-lo numa só vida, dadas as dificuldades que experimentamos no nosso quotidiano.
E podemos ainda questionar: se depois de uma vida, todo o desenvolvimento fosse perdido, como poderíamos progredir?
Como poderia a humanidade ter chegado tão longe?
Convido-te a considerar a possibilidade da reencarnação, uma vez que há bons sinais de que tal possa ser o caso, e posto que nada está provado em contrário.
A FAMÍLIA
De acordo com o processo natural, a mãe e o pai concebem a semente de um corpo humano e criam a oportunidade para um Espírito encarnar.
O espermatozoide proveniente do pai – o princípio masculino e emissivo – é a base para a construção do novo corpo. A sua genética, os pensamentos, os sentimentos, os desejos e as acções passadas estão todos presentes na semente que vai desenvolver-se no útero materno – o princípio feminino e receptivo. A genética e as características da mãe estão presentes no óvulo fertilizado.
O projecto de uma nova vida é selado e a mãe inicia os seus papéis de tutora e de fomentadora. Ela tem capacidade de aperfeiçoar o projecto, e tudo o que acontecer com ela durante a gestação afectará o feto em crescimento.
No exercício da sua vontade, a mãe tem o poder de moldar o filho em desenvolvimento de acordo com a sua compreensão das necessidades e dos desejos do bebé. Acontece uma comunhão íntima durante a gravidez em que a mãe é guiada por uma intuição particularmente apurada.
No útero da mãe, o feto está imerso e em comunhão constante com o mundo da mãe, não apenas com o seu corpo físico, mas também com os seus pensamentos, as suas emoções e os seus sentimentos.
No ovo original, além da genética e das características dos pais, reside a memória de toda a ancestralidade que vai para além da genética e abrange tudo o que fez parte da vida dos
antecessores: os pensamentos, os sentimentos, as acções e as aspirações. Portanto, aquilo a que chamamos “eu”, na realidade, está interligado com um vasto número de Espíritos.
Pela via da hereditariedade, que não se esgota no aspecto físico, o ser humano permanece ligado aos ancestrais e aos descendentes.
Na medida em que as pessoas de cada família continuam a ligar-se a outras famílias, acabamos por pertencer todos à família global da Humanidade.
Na verdade, a nossa família original é apenas um ponto de partida. Se não nos abrirmos aos outros e ao mundo cairemos no separatismo que gera desentendimento e conflito.
<Interdependência
Vamos, então, adicionar a Lei do Karma a esta nova compreensão dos laços entre os seres humanos. Se as consequências das acções de alguém se encontram registadas na semente que um dos pais forneceu para criar o novo ser, significa que o novo indivíduo potencialmente terá
de lidar com situações que estão gravadas no ovo, que podem ser qualquer coisa, dons ou traumas, actos de bondade ou crimes. Digo potencialmente, dado que estes registos podem ser
activados ou não na vida do novo indivíduo, de acordo com seu karma pessoal e as suas livres escolhas. Do mesmo modo que dispomos da herança material recebida dos ancestrais, no embrião humano encontra-se a memória do património existencial de toda a sua ancestralidade.
Na Natureza, as sementes assemelham-se a chips digitais, guardam a informação anterior que permite desenvolver seres muito complexos, cada vez mais adaptados ao ambiente.
De acordo com a Lei do Karma, as circunstâncias em que nascemos são perfeitas para cumprirmos a nossa missão individual.
Porque é que nascemos da combinação de duas famílias específicas?
• A alma do novo ser tem um karma semelhante aos das
famílias escolhidas (ver Leis de Ressonância e Atracção);
• A alma do novo ser aceita um desafio pessoal maior em
termos de transmutação kármica;
• As almas dos pais escolhem um desafio pessoal maior e
recebem como filho uma alma com karmas difíceis que,
por sua vez, beneficia da oportunidade de ser melhor
compreendida e apoiada.
Vou usar de novo a metáfora a fim de lançar luz sobre este complexo assunto.
O membro de uma família de fracos rendimentos decide ir para a grande cidade fazer fortuna. Mercê de trabalho aplicado, concretiza o seu objectivo e decide partilhar a riqueza com a família que, assim, muda de condição financeira. Ainda que não tivesse partilhado o seu pecúlio, este indivíduo já teria melhorado o karma da família em relação à abundância.
Outro exemplo, uma família abastada não revela solidariedade para com pessoas que passam necessidades. Um dia, um membro desta família funda uma instituição de caridade e investe
parte do dinheiro da família neste novo projecto. Deste modo, altera o karma familiar de egocentrismo e de falta de solidariedade e os novos valores ficam gravados na memória familiar.
De modo semelhante ao descrito, qualquer membro da família pode gerar positividade para a sua família. Se os membros de muitas famílias fizerem isso, o mundo progredirá rapidamente
em termos de humanismo.
A escolha da família é nossa. Não faria sentido que a Inteligência Criadora que concedeu livre arbítrio aos seres humanos, nos forçasse a encarnar por meio de determinados pais. A nossa escolha está limitada pelo karma, mas é uma escolha.
Conforme abordado em capítulo anterior, os nossos ancestrais representam as nossas raízes e jamais se aconselha o corte com as raízes. Mesmo que não possamos manter um contacto
familiar regular, devemos permanecer gratos por tudo o que recebemos dos nossos ancestrais, ou seja, pela oportunidade de ter a experiência como ser humano.<Honrar os ancestrais
Na verdade, ignorar os membros da família e afastá-los permanente traz karma negativo para toda a família. Quando um membro da família é muito diferente dos outros ou não consegue integrar-se adequadamente, marginalizá-lo não é a solução desejável. Provavelmente a família precisa de tornar-se mais tolerante e aberta e é importante que disponibilize apoio a esse indivíduo. Se ele não aceitar e quiser afastar-se, o seu lugar na família não deve ser “apagado”, pois isso equivale a cortar as suas raízes.
Tendo em mente o princípio da Hierarquia e a Lei do Karma, concluímos que os laços familiares devem ser respeitados e mantidos da melhor maneira possível. <Karma, livre arbítrio e Justiça e <Princípio da hierarquia
É destituído de sentido recriminar os nossos pais ou outros membros da família, independentemente do que tenham feito ou estejam a fazer. Por algum motivo, aceitámos fazer parte das nossas famílias e devemos estar à altura do desafio que abraçámos. Consequentemente, é benéfico para nós aceitar todos os membros da família, embora não tenhamos de aceitar as suas atitudes e os seus comportamentos injustos ou incorrectos.
ENERGIA CRIATIVA
Os seres humanos são curiosos e criativos. Somos criadores na nossa essência, não fomos concebidos como personagens mecânicos de uma novela enfadonha e repetitiva.
Como seres humanos, mantemos a capacidade de ser criadores por toda a vida. Não devemos considerar que apenas as crianças e os jovens são criativos. Todos os seres humanos
são potencialmente criadores poderosos em qualquer fase das suas vidas, embora na infância a criatividade se expresse muito espontaneamente.
Pergunta a uma criança: “O que queres ser quando fores grande?” Sabes o tipo de resposta que receberás. Eu quero ser piloto! Eu quero ser dançarina! Eu quero curar todas as pessoas!
Eu quero ser um mágico! Eu quero ser jogador de futebol!
Eu quero ser professora como mamã! Eu quero ser padeiro como o papá! Eu quero ter um jardim zoológico e salvar animais!
Eu quero ser astronauta e aterrar em Marte!
As crianças acreditam que conseguem fazer os sonhos tornar-se realidade. Estão conectadas com o seu poder criativo e sentem-no em acção. Isto dá asas às suas mentes e elas criam de forma arrojada. Podemos observar como constroem uma casa com mantas ou cozinham uma refeição com
água e terra.
Estas brincadeiras são muito importantes, pois através delas as crianças aperfeiçoam as suas h E às vezes os pais precisam de encorajá-las a ser pacientes, a tentar novamente ou a desistir pacificamente. A sua energia é impulsiva e ainda não está sob controlo.
Naturalmente, com a entrada na adolescência, o ser humano desenvolve as suas habilidades construtivas e aprende a usar ferramentas e materiais para executar as suas criações.
Estamos constantemente a criar através do pensamento e a dar alento a essas criações pelo sentimento, porém, a criação física exige esforços maiores. A matéria física é muito mais densa
do que os pensamentos, e a densidade traz resistência. É mais difícil mover-se num pântano do que dentro de água.
O outro aspecto a considerar, é a necessidade de canalizar a energia criativa, de modo a que flua para a realização de um propósito e evitemos a sua dispersão. <Gestão eficaz da energia
Durante a nossa vida, teremos muitos objectivos diferentes, alguns serão alcançados e outros não, uns permanecem e outros perdem a importância ou o sentido. No entanto, cada um de nós tem um objectivo imutável, diferente de todos os outros indivíduos, que é o nosso propósito de vida. Se não estivermos cientes dele, corremos o risco de sermos pouco produtivos, de não concretizarmos o que é prioritário e, assim, não nos sentirmos realizados. <Espírito e Eu Superior e <Propósito de vida
Ninguém deseja chegar ao fim da vida terrena e perceber que desperdiçou a sua energia em coisas irrelevantes, que não deixou uma marca positiva na Terra e que não tem nada de valioso para levar em Espírito.
Concluindo, a energia de que somos dotados é uma verdadeira bênção e somos responsáveis pelo modo como a utilizamos. A maneira como aplicamos a nossa energia é muito influenciada pela educação que recebermos.
EDUCAÇÃO
Quase todos concordam que a educação é necessária, mas poucos consideram-na crucial. Talvez porque a educação aconteça principalmente no dia-a-dia, de forma algo despercebida.
Em geral, a educação não é um processo formal – planeado e consciente – mas sim informal. Os pais-educadores não se sentam com os filhos para uma aula, eles coabitam. Ouso dizer que, depois de nascermos, nada é mais importante do que os laços afectivos e a educação. Devido à sua complexidade, a educação resulta num longo processo que, nas sociedades ocidentais, leva cerca de duas décadas para ser concluído.
Neste capítulo, examinaremos os aspectos que idealmente devem ser considerados na criação dos filhos e vamos focar-nos no processo educacional que começa com o nascimento e é liderado pelos adultos que cuidam da criança.
O nosso objectivo é trazer consciência sobre o impacto das falhas no processo educativo e não abordaremos a escolaridade ou instrução formal.
No capítulo anterior, concluímos ser de grande importância aprender a canalizar a energia, a fim de potenciar as aplicações benéficas e evitar a sua dispersão. Na verdade, a raiz etimológica da palavra educação vem do latim “educare”, que significa guiar ou conduzir. As crianças aprendem através do brincar. Assim, expressam o seu mundo de fantasia, mimetizam os adultos nas suas rotinas diárias e aventuram-se na socialização com os seus pares. É preciso assegurar que as crianças disponham de muito tempo para brincar livremente. Ao invés de sobrecarregá-las com actividades guiadas por adultos, devemos disponibilizar-lhes espaço, tempo, objectos não perigosos e brinquedos adequados à idade, e elas ficarão tranquilas e satisfeitas. Em termos de atitude, as crianças aprendem principalmente com os exemplos dados e com as emoções manifestadas pelas
pessoas ao seu redor, e não tanto através da palavra. A atitude e o comportamento das pessoas às quais a criança está exposta contribuem largamente para a sua educação. Podemos dizer
que a criança copiará o comportamento e aprenderá a atitude mental e os padrões emocionais das pessoas que a rodeiam.
A qualidade do afecto que a criança recebe também potencia ou prejudica a sua capacidade de aprendizagem e o desenvolvimento da sua personalidade. Na adolescência, as actividades lúdicas são gradualmente substituídas por experiências que produzem resultados de maior complexidade.
É importante que os pais evitem um foco excessivo na vertente funcional da parentalidade, se recordem que os filhos esperam poder desenvolver bons laços afectivos com eles, e saibam que esses laços são tão ou mais importantes que o pão para a boca e que o ensino. Então, os pais devem reservar um tempo para brincar com os seus filhos, para fazer actividades conjuntas que sejam do agrado de todos e para conversar com eles sobre temas importantes e sobre temas íntimos.
Como preparação para a Vida, as crianças precisam de desenvolver diversas habilidades, não só psicomotoras e cognitivas, nas quais a escola se foca, mas também socioemocionais, tais como: organizar e preparar a sua acção; ser paciente e persistir; lidar com o insucesso; ser autoconfiante e muitas outras.
O desenvolvimento equilibrado de competências nos três domínios de aprendizagem é estratégico para um bom desempenho do ser humano durante o seu crescimento e na idade adulta: psicomotor (desempenho corporal harmonioso), socio-afectivo (lidar com as emoções e habilidades sociais) e cognitivo (conhecimento, memória, linguística e pensamento lógico).
Não obstante, isto não é suficiente para garantir a autorrealização.
Também devem incentivar as crianças a serem autênticas.
A aprendizagem dos códigos de comportamento necessários para viver em sociedade nunca deve anular a autenticidade do indivíduo. A conformidade com os padrões sociais e culturais,
quando forçada, é perniciosa, posto que afasta os indivíduos do seu caminho natural, ou seja, desconecta-os de si mesmos. Já contamos com uma longa lista de competências de desenvolvimento nas quais os educadores devem focar-se.
Consequentemente, a tarefa de educar afigura-se demasiado exigente para recair apenas sobre os pais. Na verdade, toda a família, toda a comunidade e o mundo inteiro devem estar envolvidos na educação de cada criança, pois este ser sensível e em rápido desenvolvimento tem necessidades que uma ou duas pessoas jamais podem satisfazer. Sabemos que a educação molda a natureza do indivíduo, cria padrões, ou seja, canais específicos através dos quais a energia do indivíduo fluirá. Dependendo de quão harmoniosos esses
padrões sejam, a atitude e o comportamento do indivíduo trarão resultados mais ou menos harmoniosos e ele estará melhor ou pior preparado para enfrentar a vida.
FELICIDADE
Encontrar a felicidade pode tornar-se um mito, algo que se procura sem saber-se ao certo o que é. Assim sendo, encontrar a felicidade seria um mero acaso. Talvez por isso, alguns afirmem que a felicidade é algo que se encontra quando não se procura.
Importa saber que, a felicidade consiste num estado mental. Assim sendo, depende mais do estado de espírito do que da realidade objectiva.
Observe-se que há pessoas que revelam bem-estar, contentamento, satisfação, aquilo que comummente se entende por felicidade, sem que para isso tenham de ter todas as condições
que outras consideram fundamentais. Daqui também se deduz que, aquilo que traz satisfação e
contentamento a cada pessoa é muito variável e que as pessoas que mais exigências colocam, mais dificuldade têm em experimentar o estado de felicidade.
Outra ideia relevante é que, a felicidade como estado de espírito jamais pode ser estática, ou seja, atingimos a felicidade e aí permanecemos para sempre. Os nossos estados mentais alteram-se e, assim, as condições que hoje nos fazem felizes amanhã podem já não nos satisfazer.
Não confundamos felicidade com alegria. Enquanto a felicidade é fria e cerebral, a alegria é e é sentida no coração e não se pode forjar. Se tivermos um novo entendimento da nossa situação podemos passar de feliz a infeliz ou vice-versa, enquanto que a alegria é o resultado de múltiplos factores que podemos atrair, mas cujo efeito em nós não controlamos inteiramente. Por exemplo, posso pensar que se for à praia isso me trará alegria e chegar à praia e não sentir alegria. Ficamos sempre na expectativa em relação ao resultado. Ao passo que o indivíduo mais mental pensa,
por exemplo, que ir a muitas festas o faz feliz e, efectivamente, se for a muitas festas fica feliz, porque corresponde à sua ideia de felicidade.
Quando as coisas que antes nos faziam felizes já não têm
esse efeito, é porque o nosso sentir mudou, mas a nossa mente não acompanhou. O coração sinaliza a total falta de alegria para que a mente perceba que o caminho não é por aí. A mente
egóica tem a capacidade de nos iludir sobre coisas fundamentais para nós. Ela pode produzir estados de felicidade artificiais em função de falsas crenças e manter-nos iludidos por muito
tempo, até ao dia que, por assim dizer, “caímos do cavalo” e saímos da ilusão. <O ego e o seu funcionamento
Se a tua ideia de felicidade é um estado um tanto ou quanto eufórico, tem atenção às narrativas que a tua mente faz sobre a felicidade. A alegria, embora seja expansiva, é serena e profunda,
porque vem do coração. Na procura do bem-estar, que é algo intrínseco ao ser humano e nossa legítima pretensão, vale mais estar atento à alegria que se manifesta em nós e àquilo que a produz, do que nos impormos ideias fixas sobre o que é a felicidade, até porque essa ideias frequentemente incluem aquilo de que não dispomos.
A MORTE
A Vida é uma longa preparação para a morte. Pode parecer lúgubre, sobretudo se a ideia da morte ainda nos assombra. É exactamente por isso que este capítulo foi introduzido. Aí está uma questão que talvez seja urgente resolver, ou pelo menos, encaminhar a resolução.
Nascemos, o que vai passar-se a seguir é sempre uma incógnita, pois temos livre arbítrio e não controlamos o modo como a Vida acontece. <Lei da Providência Divina e <Karma, livre arbítrio e Justiça A única certeza que temos depois de nascer, é que tal como chegámos, um dia teremos de partir. Essa partida não será um fim absoluto, posto que não estamos certos do que acontece
a seguir. A Vida pode continuar, ainda que de outra forma.
O corpo perde a vida, isso nós vemos. Aquilo que animava o corpo, nós nunca vimos, logo, como podemos saber se morre também? <Encarnações sucessivas
Aquilo que sabemos, é que a Vida é uma sucessão de ciclos naturais em que nunca existe um fim absoluto, mas apenas uma transformação e um reinício noutra forma. Posto que a vida do ser humano manifesta todas as fases dos ciclos cósmicos naturais (início-desenvolvimento-maturidade-declíneo-desagregação-reinício), é de estimar que aquilo a que chamamos “eu”, que não consiste apenas num corpo físico, também “reiniciará”. <Ritmo e ciclos e <Transformação e morte
É por tudo isto, que proponho que consideremos a morte, não como um fim absoluto, mas como o
merece. Acaso não é o desfecho que marca a memória com que ficamos de uma peça de teatro?
Por consequência, o fim da vida, e particularmente o momento da morte, também irá marcar de forma indelével o novo início, ou a vida seguinte, pelo que deve ser vivido da forma
menos traumática possível.
O episódio bíblico do arrependimento do ladrão na hora da morte, dá testemunho desta realidade e confirma a importância decisiva que o momento da morte tem, relativamente ao que tenha
sido o balanço da vida. Jesus garantiu o perdão, a entrada no paraíso, visto que o ladrão revelava consciência em relação aos seus actos passados e também sincero arrependimento e vontade
de ser levado ao paraíso, nem que fosse na memória de Jesus. “Somos punidos com justiça, pois estamos a receber o que as nossas acções merecem. Mas este homem não fez nada de
errado.” «Então ele disse: “Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu reino!” E Jesus disse-lhe: “Em verdade te digo, hoje estarás comigo no paraíso.”» (Lucas 23:41-43)
A sabedoria popular reteve, então, que até ao fim estamos sempre a tempo.
Pelo que ficou dito, recomenda-se que ao longo da vida reflictamos nos nossos actos, no nosso propósito de vida. <Propósito de vida
Acredito que apenas uma vida conscientemente vivida, que inclui reflectir sobre a morte e lidar serenamente com as mortes com que nos confrontamos, nos liberta do apego à Vida que é a causa do medo da morte. Recomendo, também, que invistamos na despedida, nossa e dos outros – recordar o que foi vivido, com ênfase no positivo, com compaixão pelos erros e pelas falhas e com capacidade de perdoar e de transmutar toda a negatividade. <Transmutação e perdão
Seria bom que as pessoas morressem em casa, onde se sentem mais confortáveis e acarinhadas. Também seria importante que o corpo fosse velado por 72 horas após a morte, que é o tempo
que o cordão de prata, que liga o corpo físico aos corpos subtis, leva a desligar-se, inviabilizando a possibilidade de ressuscitação do corpo. Durante as 72 horas, o ser que partiu ainda sente o que
se passa com o corpo e à sua volta, pelo que o ambiente deve ser sereno e positivo e, se possível, com notas de alegria.
O entendimento do fluxo da Vida e dos ciclos naturais, da mudança contínua, nomeadamente da morte é essencial para podermos viver bem, no sentido teleológico da Vida, do seu fim último.
O fim do sofrimento encontra-se na aceitação daquilo que é.
ÍNDICE
1 – Rumo à Paz…………………………………………………………………………………………..……13
Objectivo – Equanimidade…………………………………………………………13
A arte de viver………………………………………………………………………….14
Sobre o livro e o caminho…………………………………………………………..15
2 – Compreender a Vida…………………………………………………………………………………19
Aquele que questiona………………………………………………………………..19
Primeiro conhece-te a ti…………………………………………………..……………………………20
O objecto do conhecimento………………………………………………………..21
Nota introdutória………………………………………………………………..….………………………21
Abaixo como Acima ……………………………………….……………………………………………22
Metáfora para o processo criativo……………………………….……………………………23
3 – Leis e Princípios Naturais ……………………………………..………………………………25
O que são Leis Naturais…………………………………………………………….25
Conformidade e disrupção………………………………………………………….………………26
Existe um plano divino fixo?………………………………………………..……………………28
Lei da Providência Divina…………………………………………………………..29
A ordem do ser……………………………………………………………………..………………………31
Leis do Dharma e do Karma……………………………………………………….31
Leis da ressonância e da atracção……………………………………………….33
Karma, livre arbítrio e Justiça……………………………………………………..34
O fluxo da Vida…………………………………………………………………………38
Mudança contínua…………………………………………………………………………………………38
Equilibrar os opostos …………………………………………….……………………………………39
Ritmo e ciclos……………………………………………………………..…………………………………40
Transformação e morte………………………………………………………………………………41
A Natureza abomina o vácuo……………………………………………………..43
Lei da abundância…………………………………………………………………….45
Interdependência da criação……………………………………………………..48
Receptividade dos seres……………………………………………………………………………49
Princípio da Hierarquia………………………………………………………………52
O princípio………………………………………………………………………………………………………52
Sobrevivência e sucesso……………………………………………………………………………52
O mito do adulto………………………………………………………………..…………………………55
Honrar os ancestrais……………………………………………………………………………………56
Respeito pelos professores………………………………………………………………………59
Aceitação da liderança………………………………………………………………………………60
4 – Experienciar a vida humana………………………………………….………………………63
Quem sou eu?………………………………………………………………………….63
Espírito e Eu Superior………………………………………………………………..66
Origem universal………………………………………………………………………69
Encarnação no mundo tridimensional…………………………………………70
Processo de encarnação e o eu inferior…………………………………………………70
Encarnações sucessivas………………………………………………………….…………………74
A família………………………………………………………………………………….76
Energia criativa………………………………………………………………………..81
Educação…………………………………………………………………………………83
Felicidade……………………………………………………………………………….86
A morte………………………………………………………………………………….88
Como preparar-se?…………………………………………………………………..90
5 – Doze grandes temas na vida…………………………………………………………………93
Energia vital…………………………………………………………………………….93
O que afecta a nossa energia directamente………………..…………………………93
Ambiente físico e psíquico ……………………………………………………..…………………95
Gestão eficaz da energia……………………………………………………………………………98
Objectivos……………………………………………………………………………….99
Expectativas…………………………………………………………………………………….……………101
Propósito de vida…………………………………………………………………….102
Alto ideal………………………………………………………………………………………………………105
Livre arbítrio…………………………………………………………………………..106
Visão…………………………………………………………………………………….109
Ponto de vista………………………………………………………………………………………………110
Visão do espírito…………………………………………………………………………..………………111
Perturbação emocional …………………………………………………………….………………112
Discernimento………………………………………………………………………..……………………113
Desenvolvimento da intuição……………………………………………..……………………115
Esperança e fé…………………………………………………………………………..…………………117
Relacionamentos ……………………………………………………………………118
Introdução………………………………………………………………………………..……………………118
Manter abertura…………………………………………………………..………………………………119
O papel das relações íntimas……………………………………………………………………121
Condições limitadoras……………………………………………………………..…………………123
Comunicação e confiança…………………………………………………………………………125
Paixão…………………………………………………………………………………….………………………126
Envolvimento sexual……………………………………………………….…………………………128
Separação……………………………………………………………………………..………………………129
Gerir as transições…………………………………………………………………..133
Princípios e fins……………………………………………………………………………………………133
Lidar com a mudança…………………………………………………..……………………………134
Adolescência………………………………………………………………………..………………………136
Meia-idade……………………………………………………………………….……………………………139
Medo……………………………………………………………………………………..141
O que é e a sua origem………………………………………………………………………………141
Crenças limitadoras……………………………………………………………………………………142
Medo de saber……………………………………………………………………..………………………143
Medo paralisador ………………………………………………………………………………………144
Sofrimento…………………………………………………………………………….146
Causas insuspeitadas………………………………………………………………………………146
Aceitação……………………………………………………………………………….……………………149
Cura pela aceitação………………………………………………………..…………………………151
Transmutação e perdão……………………………………………………………………………154
Doença………………………………………………………………………………….157
Causas e cura………………………………………………………………………………………………157
A doença como oportunidade…………………………………….……………………………159
Julgamento…………………………………………………………………………….160
Aviso sobre o julgamento…………………………………………………………………………160
Ultrapassar o julgamento…………………………………………………………..………………161
Reacção à diferença……………………………………………………………………………………163
Desenvolver a empatia……………………………………….……………………………………164
Ética……………………………………………………………………………………..165
Ética natural……………………………………………………….…………………………………………165
Valores pessoais…………………………………………………..……………………………………166
Ética na socialização………………………………………..………………………………………168
6 – Sete factores de conexão………………………………………………..……………………171
Introdução……………………………………………………………………………..171
Escutar o corpo………………………………………………………………………..171
Conexão com o coração e o Espírito…………………………………………..174
Subordinar a mente………………………………………………………………..175
A actividade da mente……………………………………………………………….………………175
Silenciar e ir além da mente……………………………………………………..………………177
A armadilha da ansiedade……………………………………………………….………………178
Dominar o ego………………………………………………………………………..180
O ego e o seu funcionamento………………………………………….………………………180
Condicionamento egóico…………………………………………………….……………………182
Superar a separatividade …………………………………………………………………………183
Superar a reactividade…………………………………………………………………….…………184
Superar o orgulho egóico…………………………………………………….……………………185
Apelo………………………………………………………………………………………………………………186
Racionalidade activa……………………………………………………………….186
Faróis de orientação………………………………………………………………..187
Mestre de vida……………………………………………………………………………..…………………187
Meditação……………………………………………………………………………………..………………189
Comunicação com os planos subtis…………………………………….…………………193
Canalização e mensagens por inspiracão………………………………………………195
Amor e compaixão………………………………………………………………….197
Continuar a amar……………………………… ………………………………197
Compaixão……………………………………………… ………………………198
Conclusão………………………………………………………………………………199
7 – Sete factores de desconexão………………………………………… ……………………201
O perigo da anarquia……………………………………………………………….201
Desequilíbrio emocional…………………………………………………………..203
Toxicidade e vício……………………………………………………………………206
Falta de introspecção………………………………………………………………210
Racionalismo………………………………………………………………………….211
Ciência como credo materialista …………………… ………………….……………………212
Submissão…………………………………………………………………………….214
Desempoderados……………………………………………………………………………..…………214
Submissão aos tecnocratas………………………………………………………………………215
8 – Autorrealização………………………………………………………………..………………………221
Da personalidade à individualidade…………………………………………..221
Tríade do poder……………………………………………………………………….223
Concentração…………………………………………………………………………225
presença………………………………………………………………………………..227
Equanimidade………………………………………………………………………..227
9 – Nova Humanidade……………………………………………………………………….…………231
Caminho evolutivo………………………………………………………………….231
Paradigmas evolutivos…………………………………………………………….233
Era de Aquário………………………………………………………………………..235
Paradigmas……………………………………………………………………………………….…………235
Gerir a mudança de ciclo……………………………………………………..……………………236
Vencer a resistência à mudança…………………………………………..…………………238
Vencer a globalização hegemónica…………………………………..……………………240
Momento presente – trigo ou joio……………………………………….……………………244
Preparar o futuro…………………………………………………………………….248
O percurso……………………………………………………………………………………………………248
Aspiração, Visão e Valores……………………………………………….………………………251
Estou preparad@ para as mudanças?……………………………….…………………253
10 – Valores Éticos para a Nova Humanidade……………….………………………255
Introdução………………………………………………………………………………255
O ensinamento de base…………………………………………………………..264
Comentários explicativos…………………………………………………………267
Interdependência……………………………………………………………………………….………267
Amor ……………………………………………………………………………………………………..………270
Harmonia………………………………………………………………………………………………….……271
Elevação………………………………………………………………………………..………………………274
Fluidez………………………………………………………………………………………….…………………276
Acção Consciente…………………………………………………………..……………………………278
Atrevimento……………………………………………………………………………………………………282
Poder……………………………………………………………………………………………………….………285
Respeito……………………………………………………………………………….…………………………288
Até à vista…………………………………………………………………………………..……………………295
Fontes…………