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O AMOR MAIOR QUE A FÉ

Autor:Aïvanhov, Omraam Mikhaël

10.00

Informação adicional

Peso200 g
ISBN

978-989-8994-12-7

Ano

2022

Edição

1

Idioma

Formato

110X180

Encadernação

Cartonada

N. Pág.

218

Colecção

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«Quando decidis abraçar uma religião, uma filosofia espiritualista, e aplicar os seus princípios, encontrais dificuldades não só convosco próprios, por causa de todos os esforços que deveis fazer, mas também com aqueles que vos rodeiam e nem sempre compreendem as mudanças que ocorreram em vós. Pois bem, ficai a saber que essas dificuldades e a maneira como as resolvereis é que revelarão a qualidade, a autenticidade da vossa fé. Não deveis dizer: “Vou mudar completamente a minha vida e não me importarei com o que pensarem os que me são próximos, isso não é problema meu.” É problema vosso, sim, e a vossa vida espiritual dependerá do modo como tiverdes resolvido este problema. Até onde for possível, não façais os outros sofrer nem os abandoneis. Lembrai-vos de que o amor é sempre maior que a fé.»

Omraam Mikhael Aivanhov

VI
SÓ AS NOSSAS AÇÕES DÃO TESTEMUNHO DA NOSSA FÉ (parte)

A questão da fé é tão complexa, que nem sequer podemos ter como certo o que as pessoas dizem quando referem que são crentes ou que não são crentes. Algumas afirmam que têm fé, mas, quando se vê como elas agem, fica-se estupefacto: perturbam-se, desanimam ou irritam-se por uma
coisa de nada; são egoístas, interesseiras, mesquinhas, vingativas, etc. Enquanto outras, que se dizem descrentes, expressam pensamentos e sentimentos de grande nobreza e comportam-se com controlo, bondade, indulgência e abnegação. Ao fim e ao cabo, já não se sabe o que significa ter fé.
A verdade é que as primeiras aderem às crenças religiosas, mas não têm realmente fé, enquanto as últimas podem não aderir a nenhuma dessas crenças, mas têm a lei divina inscrita nelas próprias e é essa lei que inspira todo o seu comportamento.
Na realidade, todos os seres humanos trazem a lei divina inscrita em si. A diferença é que alguns, que trabalharam sobre si próprios, conseguiram
dissipar o que havia de obscuro na sua vida psíquica e leem essa lei no seu coração em cada dia, enquanto outros, ainda prisioneiros dos seus instintos, obedecem apenas às leis da sua natureza inferior. Mas então, de que lhes serve acreditarem em Deus, se a fé não os transforma? Muitos dizem:
«Eu creio em Deus», mas não se vê neles qualquer efeito benéfico dessa crença. Como é possível o Senhor manifestar-se em tais seres de uma maneira
tão fraca, inútil e ineficaz? Se Ele lhes traz tão pouca coisa, nem vale a pena acreditarem n’Ele!
Compreende-se os ateus quando, ao verem os escassos resultados que a fé produz em tantos cristãos, concluem que é melhor viver sem Deus. Com
efeito, de que serve celebrar um Deus de justiça e de amor e rezar pela vinda do seu Reino à terra, se se acha normal viver com egoísmo, com ódio e
mergulhado em confrontos?
Portanto, existem seres que não têm qualquer crença religiosa e que agem bem, e outros que têm fé e que agem mal; e é pena que seja assim, tanto
para uns como para outros. Porquê? Aqueles que agem naturalmente de acordo com as regras da justiça, da honestidade e da bondade, sem basear
conscientemente os seus atos num princípio espiritual, ficam privados de algo essencial que os fortaleceria nas suas convicções e os apoiaria nas dificuldades e nas provações. Como podem os humanos imaginar que a fonte das suas qualidades mais preciosas está em si próprios? Como é que
não sentem que acima deles existe uma Entidade que possui essas qualidades em plenitude, pois é de Si que elas emanam?
Quanto aos que afirmam acreditar em Deus e pouco ou nada fazem para manifestar as virtudes divinas, pior ainda. Na verdadeira fé não há separação, não há bifurcação, entre aquilo em que se crê e o que se vive. O ser humano é uma unidade e não deve aceitar qualquer contradição na sua existência. Não se lhe pode exigir a perfeição, é certo, mas não há desculpa alguma para não se trabalhar no seu aperfeiçoamento, vivificando em si a imagem de Deus segundo a qual foi criado.
Alguns dirão: «Ah!, mas na igreja, no templo, os padres e os pastores sempre nos disseram que, aos olhos de Deus, o essencial é ter fé.» Sim, e
nisso inspiraram-se em São Paulo, que, nas suas epístolas, nunca deixou de insistir na fé, pois escreve, por exemplo na epístola aos Romanos:
«Pois consideramos ser pela fé que o homem é tornado justo, independentemente de obras de lei.» Na verdade, não se é salvo unicamente pela
fé, nem unicamente pelas obras, pois não se pode separá-las. Ter fé de nada serve se não se agir em harmonia com essa fé. E como se pode agir se não
se tem primeiro um credo, um ideal? Fé e credo  estão ligados. A Igreja serviu-se de São Paulo para insistir tanto na fé, durante séculos, porque isso servia o interesse que tinha em manter o seu poder. Sim, em qualquer domínio – religioso, filosófico ou político –, aqueles que querem dominar os outros compreenderam que o melhor caminho não era a coação física, mas a influência psíquica: impor ideias, crenças.
Num primeiro momento, está certo pôr a tónica na fé, pois aquilo de que os humanos mais precisam é de acreditar num Princípio criador, num Poder que os ultrapassa infinitamente – quer se lhe chame Deus ou algum outro nome. Ao pedir-lhes que acreditem, dá-se-lhes uma orientação, são convidados a olhar para um mundo superior. Mesmo que não consigam ajustar imediatamente os seus atos à fé em Deus, a consciência que aos poucos adquirem da existência de um Ser Supremo irá, pelo menos, incitá-los a fazer esforços para se elevarem até Ele.
Há dias, ao passear na floresta, observei uma pequena lagarta que subia por um fio de teia de aranha, e esse fio era tão fino que nem se conseguia ver. A lagarta torcia-se e retorcia-se para escalar, todo o seu corpo participava no esforço, içava-se com uma energia incansável. Chegada a uma folha, instalou-se e começou a comer. Tinha conseguido, não teve medo de que o fio se partisse.
Porque vos falo desta pequena lagarta que subiu ao longo de um fio? Para vos fazer compreender que o Céu também nos estende fios invisíveis.
A fé consiste em agarrarmos todos esses fios que o Céu nos estende e em fazer os esforços necessários para nos elevarmos, sem medo de que eles se partam. Sim, como a lagarta no fio, temos de fazer os esforços necessários para chegar ao topo. Enquanto não entendermos isto, não temos fé, permanecemos na crença. Como já vos expliquei, a fé é uma coisa e a crença é outra.
A crença é imaginar que se pode ser salvo sem fazer esforços. Há tantos cristãos que se contentam em aceitar a ideia de que, para se ser salvo,
basta crer! E crer em quê? Que foi Jesus quem os salvou ao sacrificar a sua vida na cruz. Que aberração! Se trabalhardes, se vos preparardes, sim,
Jesus será poderoso através da vossa boa vontade e salvar-vos-á. Caso contrário, não espereis nada. Não sereis salvos, se não fizerdes nada. Está
claro, agora? A fé trabalha, enquanto a crença espera. A crença declara: «Está escrito que Cristo virá sobre nuvens, que o anjo fará soar a trombeta e, então, todos ressuscitarão.» Ora bem, pode-se esperar muito tempo por esse anjo da trombeta. Ele já veio, e muitos ressuscitaram porque tinham a verdadeira fé: trabalhavam, não se contentavam em esperar passivamente. Portanto, nós também só temos de fazer uma coisa: trabalhar, preparar-nos. É inútil e acreditamos em Deus, se não estivermos decididos a fazer esforços.

ÍNDICE
I As incertezas do homem moderno….  …. …………. 7
II A dúvida destrutiva:
Unificação e bifurcação .  ………………….   ………… 21
III A dúvida salutar ……………………………. …………. 33
IV «A tua fé te salvou» ………………………………….. 53
V Que te seja concedido
Segundo a tua consideração!………   ………………. 69
VI Só as nossas ações dão testemunho
da nossa fé……………………………..   ………………… 93
VII Manter a fé no bem ………………………………… 111
VIII «Se não vos tornardes como as crianças…» 137
IX O amor está acima da fé ………………………….. 155
X Como alicerçar a nossa confiança nos seres .. 181
XI «Amai-vos uns aos outros
como eu vos amei» ……………………………………… 197