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No livro Que Futuro Hoje?- Economia, violência e sagrado na perspetiva de Jean-Pierre Dupuy, partimos da teoria da auto-organização (Dupuy) e teoria mimética (Girard) para compreender como do caos nasce a ordem e da ordem, o caos. Do choque aleatório dos elementos entre si, pode surgir, por efeito de composição, uma ordem que ninguém quis, mas que se impõe a todos como uma exterioridade, que escapa às vontades individuais e, todavia, esta ordem não é nada que lhes tenha sido imposto de fora, mas foi produzida pela conjugação das suas acções. Na Época Moderna, o elo social é interpretado como emergência das acções livres e individuais dos homens entre si ou do concurso das suas vontades individuais num acordo colectivo. A sociedade moderna, industrial e comercial, que abandonou e desacreditou o sagrado e os velhos mitos, não deixou de sentir a necessidade de criar um novo sagrado – o Estado totalitário e/ou o Dinheiro que reúne e faz girar os fiéis em unanimidade e o qual, ou os produtos que fazem sinal de riqueza, exibimos como vitória sobre os outros – e novos mitos com novas roupagens “científicas”, para dar a credibilidade que os velhos mitos entretanto perderam, mas que desempenhem a mesma função: assegurar o elo social através de uma forte ilusão. Perante os problemas da contra-produtividade e da destruição da natureza, se a estratégia dominante consequencialista não é a solução, só nos resta a estratégia da colaboração – que pressupõe uma nova metafísica do tempo, a do tempo do projecto cuja causalidade não é linear, mas circular, em que o futuro age sobre o presente, modificando-o – através da coordenação numa auto-organização mundial que assegure a confiança e esperança no futuro.    

Zeferino Lopes 

 Abstract 

Theories of self-organization (Dupuy) and mimesis (Girard) were used as reference to understand how chaos is born from order and from order is born chaos. An order can appear from the random shock of elements between themselves as an effect of composition; this wasn’t desired but was imposed exteriorly on individuals and eludes their individual wills. This order was not forced from the outside but was produced by the conjugation of their actions. The social link in the Modern Age is understood as an emergence of human free interrelated individual actions or from the consecration of their individual wills in a collective arrangement. The Modern, industrial, commercial society, which has abandoned and disbelieved the Sacred and the old myths, didn’t discontinue feeling the need to create a new Sacred – the totalitarian State and / or the need for Money that gathers believers and makes them unanimous, or products that are a sign of wealth that are exhibited as a triumph or a sign of victory against competitors – and new myths appear as new and more sophisticated, “scientific” garments to give credibility to the old myths that in the meantime have lost it, but that still have the same purpose: to secure a social link through the power of a strong illusion. If the dominant consequential strategy used towards problems of counter-productivity and the destruction of nature is not a solution, we only have left the cooperation strategy that argues for a new time metaphysics, the time of a project that has a non linear causality, but circular, in which the future can act on the present time, modifying it – through coordination and a worldwide self-organization so that it can be established confidence and hope in the future.

Zeferino Lopes 

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